O
22° Festival
de Quadrinhos de Helsinque (Helsingin 22. sarjakuvafestivaalit),
na Finlândia, ocorreu nos dias 15 e 16 de setembro e teve como destaque
a presença dos artistas internacionais Christophe Blain, Yvan Alagbé,
Florent Ruppert e Jérôme Mulot, da França; Keitaro Arima, do Japão; Olivier
Schrauwen da Bélgica; Gunnar Lundkvist, da Suécia; Helge Reumann, da Suíça;
Antal Bayer, Dávid Cserkuti e Bianka Zsigó, da Hungria, e os finlandeses
Jyrki Heikkinen, Pertti Jarla e Milla Paloniemi, entre outros.

Organizado pela Sociedade Finlandesa de Quadrinhos, entidade que
realiza eventos desde 1979, o festival aconteceu no Kulttuuriareena Gloria,
um antigo e charmoso teatro transformado numa grande feira de HQs. Graças
aos esforços desta sociedade, diversos artistas internacionais visitaram
Helsinque, entre eles Will Eisner, Enki Bilal, Neil Gaiman, Moebius e
Marjane Satrapi.

Enquanto
os visitantes trocavam revistas e os artistas autografavam seus álbuns,
uma série de palestras acontecia no palco, com temas como A recepção
dos quadrinhos como uma forma de arte em diferentes países e culturas
e Quais as diferenças da cena de quadrinhos da Finlândia, quando comparada
aos cenários de HQs de outros países?.

Além disso, os convidados especiais participaram de debates e entrevistas
em público, muitas delas apenas em finlandês, e posteriormente cada artista
fez uma demonstração de desenho.

Num
dos balcões do teatro estavam instalados os autores e editoras independentes,
o que forneceu uma ótima perspectiva do mercado local e da produção alternativa
de muitos países europeus. Destaque para a cooperativa de quadrinhos holandesa
Lamelos
(integrada por Jeroen Funke, Boris Peeters, Aleks Deurloo e Sam Peeters),
cujo personagem mais conhecido, Kaasheld (Cabeça-de-queijo), já participou
de inúmeras aventuras obscuras; para o pessoal da cooperativa de quadrinhos
da Stripburger,
da Eslovênia; e C´Est
Bon, uma antologia internacional de quadrinhos alternativos,
organizada na Suécia.

Mas
o Festival não se resumiu apenas aos eventos no teatro. Outras exposições
aconteceram paralelamente em diversos pontos de Helsinque. Um das mais
interessantes foi a do jovem artista belga Olivier Schrauwen, que publicou
seu primeiro trabalho, o álbum My
Boy, de 64 páginas.

A arte de Schrauwen lembra o desenho de Winsor McCay e outros clássicos
norte-americanos do período, até mesmo no tipo de humor, que parece antiquado
em alguns momentos.

Outras duas exposições que se destacaram foram: Honey Talks,
na qual diferentes artistas da Eslovênia criaram uma história inspirados
no formato de uma colméia; e Vertige, uma colaboração entre Helge
Reumann e Gunnar Lundquist.

Infelizmente, Florent
Ruppert e Jérôme Mulot, autores premiados em Angoulême, não tiveram
uma exposição dedicada a eles. Para compensar, fizeram uma performance
no Comics Bar. Sentados em frente a uma prancheta, ele
conversavam com os convidados e visitantes, criando uma história baseada
na discussão,
mas com uma "pegadinha", as pessoas eram obrigadas a tirar suas meias
e colocá-las nas mãos, que se transformavam numa espécie
de marionete que participava da conversa.

Uma experiência no mínimo cômica, uma vez que o tempo em Helsinque estava
chuvoso e as meias, molhadas.

Para completar o evento, foram organizadas diversas festas com música
e animação finlandesa, nas quais os visitantes puderam se misturar com
os artistas.

O resultado final foi um evento bastante agradável e interessante, ainda
que uma grande parte dele só estivesse acessível para aqueles que falavam
finlandês.