Secretária de Cultura de São Paulo fecha Museu de Artes Gráficas
Por Sidney Gusman
A vida dos artistas que vivem de seus traços neste país, definitivamente, não é fácil. Parece inacreditável, noticiar isso, mas, pouco mais de três meses após sua badalada inauguração (no dia 16 de dezembro de 2002), o Museu de Artes Gráficas de São Paulo foi desativado, por determinação da atual secretária da Cultura do Estado de São Paulo, Claudia Costin.
Claudia Costin, que foi ministra da administração do governo Fernando Henrique Cardoso e é ex-gerente setorial do Banco Mundial (BIRD), assumiu o cargo que antes era de Marcos Mendonça, 16 dias após a inauguração do museu, e não se mostrou simpatizante de vários projetos realizados pelo seu antecessor.
Segundo sua secretária adjunta, Evelyn Levy, os motivos que levaram ao fim do museu são:
1) O museu não tem interesse para o público, só para um grupo pequeno de desenhistas.
2) O museu não tem estofo artístico e cultural; e a secretaria só se interessa por grandes projetos
3) Que a secretária discorda da importância dos quadrinhos na educação e como objeto de leitura das crianças.
4) Por fim, aconselhou a direção do MAG a procurar a iniciativa privada, no caso a Escola Panamericana e a ABIGRAF - Associação Brasileira da Indústria Gráfica, e que fossem incorporadas ao instituto "pessoas do bem".
Incrível que pessoas ditas "cultas" emitam declarações tão estapafúrdias e mostrem-se completamente ignorantes (no sentido mais literal da palavra) sobre o poder que os quadrinhos e as artes gráficas exercem na formação educacional.
Se as senhoras Claudia Costin e Evelyn Levy fossem melhor informadas, certamente saberiam que no mundo inteiro, especialmente nos países de primeiro mundo, os quadrinhos e as artes gráficas têm, sim, status de arte, porque, além de entretenimento, são também excelentes instrumentos na formação da cultura desses povos.
No resto do mundo, a importância dada às artes gráficas é representada nos mais de 100 museus, dedicados exclusivamente a esta área, espalhados por 28 países tais como: Estados Unidos, Itália, Japão, Inglaterra, Alemanha, Suécia, Coréia, Portugal, Dinamarca, Cuba, França, Argentina, Espanha, México, Bélgica, Holanda, Bulgária, Polônia, Grécia, Nova Zelândia, Canadá, Austrália, Iugoslávia, Suíça, Uruguai, Turquia, Antibes e Áustria.
Quanto à menção ao termo "pessoas do bem", nem vale a pena retaliar. Basta salientar que fazem parte deste Instituto vários profissionais gabaritados, que há anos trabalham para que as artes gráficas e os quadrinhos tenham o espaço que merecem neste país tão pobre, culturalmente falando. São artistas, jornalistas, organizadores de salões e estudiosos. Gente como Camilo Riani, Gepp e Maia, Zete (diretora do Salão de Piracicaba há 22 anos), Newton Foot, Antônio Sartini, Dra. Sônia Luyten, Spacca, Victor Poyares, Dr. Valdomiro Vergueiro, Wagner Augusto, Zélio, Sandra Bini, Fernando Gonsales, Octavio Cariello, Klebs Júnior, Evaristo Azevedo, Marcos Guido, Giovanni Voltolini, Marcelo Alencar, Lúcia Mendonça, Douglas Quinta Reis, Daniela Rangel Baptista, Mariângela Bastos Buono, Dra. Renata Dorce Armonia, Gualberto Costa e este escriba.
Ainda há uma esperança - Apesar da intransigência da medida que cerrou as portas do MAG, ainda há uma esperança para que o quadro seja revertido.
Está sendo organizado um abaixo-assinado eletrônico, que pode ser acessado clicando aqui, para coletar assinaturas dos apaixonados pelas artes gráficas. Esse rol será entregue ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e, se o número de manifestantes for significativo, o museu pode "ressuscitar".
Por isso, o Universo HQ está encabeçando essa campanha. Você, que é nosso leitor, inclua o seu nome no abaixo-assinado! Peça para seus amigos fazerem o mesmo! Divulgue este endereço: http://www.vettor.org/mag! Só com milhares de assinaturas, o único Museu de Artes Gráficas do Brasil terá alguma chance.
Apesar da curta existência, o MAG conseguiu coletar, através de doações, um acervo com 9.756 originais de 241 artistas.
E esse trabalho precisa continuar! Por isso, independente do estado ou país onde você mora, faça a sua parte: inclua seu nome no abaixo-assinado e entre nessa "briga" pela manutenção do Museu de Artes Gráficas do Brasil. As histórias em quadrinhos, caricaturas, charges, cartuns e ilustrações agradecem!