Segundo diretor, Conrad não cancelará títulos
Há alguns meses, em virtude da falta de periodicidade de determinados
títulos, muitos leitores têm manifestado, na internet, uma preocupação
com o futuro da Conrad.
Por isso, o Universo HQ entrou em contato com Rogério de Campos,
diretor da editora, para esclarecer o assunto.
A respeito de One Piece, mangá mais longevo da editora atualmente
(com 66 edições publicadas até agora), Campos diz que não haverá cancelamento.
O que aconteceu, segundo ele, é que os prazos de negociação com a Shueisha
- editora japonesa detentora dos direitos da série - foram diminuindo
com o passar dos anos e, por isso, a renovação do contrato está demorando
mais do que o previsto. No entanto, o mangá deve retornar às bancas nos
próximos meses.
Rogério de Campos ressalta que o Brasil é um dos únicos países do mundo
com um ritmo de publicação mensal das séries. "Geralmente, há um intervalo
de três, quatro meses entre as edições. Por isso, o futuro é seguir o
que acontece no resto do planeta.", explicou. Isso não se aplicaria a
One Piece, mas a séries como Sanctuary, Monster e
Battle Royale, que não serão interrompidas, mas estão sendo "repensadas"
para serem tratadas como livros no que tange à periodicidade.
"Muito desse quadro é culpa minha, que criei esse modelo de publicação
na época de Dragon Ball e Os Cavaleiros do Zodíaco, mas
o mercado muda constantemente e com o atual excesso de títulos, ficou
claro que não é todo mangá que pode ser lançado com periodicidade mensal",
declarou. "Acho difícil termos outra 'febre' como aquelas, com tiragens
- e vendas - tão grandes."
Em virtude disso, a Conrad deve centrar suas ações mais em séries
de "tiro curto", para as bancas; e em outras no formato livro, que trazem
uma rentabilidade maior, casos, por exemplo, de Buda e Adolf.
Sobre Sandman, cujo nono e penúltimo volume da série estava previsto
para o final do ano passado, Campos disse que "segurou" o lançamento pelo
fato de a editora estar com muitos materiais de Neil Gaiman no mercado,
que necessitam de mais tempo para serem comercializados.
"Sandman é uma fonte de receita certa. Em caso de problemas financeiros,
ele e Calvin seriam materiais que eu não seguraria jamais. O problema
é que, ao mesmo tempo em que há fãs que pedem para lançarmos logo os álbuns
restantes, existem outros que pedem para diminuirmos o ritmo, pois não
conseguem comprar tudo", ressaltou. O próximo volume da série, Entes
Queridos, está previsto para março.
Quanto aos álbuns que possuem continuação, o diretor da Conrad
contou que o segundo volume de O Fotógrafo, de Didier Lefèvre,
Emmanuel Guibert e Frédéric Lemercier, sai nos próximos meses. Já Isaac
o Pirata, de Christophe Blain, cujo primeiro tomo saiu em 2005, está
em compasso de espera, pois a editora pretende esperar que ele conclua
a série, para fechar o contrato para os demais livros.
Rogério de Campos também falou da Coleção Eros. "As vendas variam
bastante de título para título, mas a grande surpresa foi Giovanna
Casotto, que foi muito bem. Apesar dessa irregularidade, vamos
continuar publicando álbuns eróticos de diversos autores", afirmou.
Finalizando, Campos disse acreditar que o mercado sofrerá uma grande "mexida"
com a descoberta dos quadrinhos pelo público consumidor de livros e que
isso norteará não só os passos da Conrad, mas também os de outras
editoras nos próximos anos.