Para
muitos, Sin City é a obra máxima de Frank Miller, desenhista
e escritor, que já encantou os fãs com trabalhos como 300 de Esparta,
O Cavaleiro das Trevas, Batman - Ano Um, A Queda de Murdock, Elektra Assassina,
Hard Boiled e muitos outros.

Ela foi transposta para o cinema pelas mãos de Robert Rodriguez (Era
Uma Vez No México, Spy Kids), Quentin Tarantino e do próprio criador
do material.

O grau de fidelidade e respeito do filme em relação aos quadrinhos é impressionante.
Dos diálogos aos enquadramentos, tudo foi feito para que o resultado fosse
o mais próximo possível do original.

Sin City imita inclusive os grafismos de Miller, num filme que
parece preto-e-branco, com a cor surgindo raras vezes apenas e, como nos
quadrinhos, para destacar uma pessoa (o assassino amarelo) ou um detalhe
(um vestido).

São quatro histórias costuradas em 124 minutos de projeção.

O
filme abre com O cliente sempre tem razão (um pequeno conto publicado
em A
Dama de Vermelho), que serviu de teste para provar a Miller que
era possível adaptar seu trabalho com fidelidade.

Josh Harnett e Marley Shelton interpretam respectivamente o assassino
e sua cliente, e esta seqüência serve para introduzir o espectador não
só ao universo sombrio da série, mas também aos efeitos visuais e grafismos
utilizados.

Assim como nas HQs, o longa entrelaça (de forma mais linear) as histórias
e mostra o começo do Assassino
Amarelo, que cronologicamente é uma das primeiras aventuras.

Bruce Willis interpreta Hartigan, um velho policial cansado da corrupção
de Sin City (a cidade, na verdade, se chama Basin City), que está tentando
salvar a garotinha de onze anos, Nancy Calahan (Makenzie Vega). Para isso,
terá que passar por cima de seu colega (Michael Madsen) Bob e dos capangas
de Roarke Jr. (Nick Stahl), o filho do Senador Roarke (Powers Boothe).

Depois de mostrar as desventuras do velho Hartigan, a ação
vai para A
Cidade do Pecado propriamente dita. A primeira história publicada
por MIller, que nos Estados Unidos recebeu posteriormente o nome de Sin
City - The Hard Goodbye, é o melhor momento do filme, com Mickey
Rourke transformado em Marv, numa caracterização impecável.

Marv
é um psicopata, um verdadeiro homem das cavernas, truculento, mas com
um ponto fraco por Goldie (Jaime King, que faz um papel duplo e também
interpreta Wendy), a deusa loira que por uma noite lhe amou e foi assassinada.
E Marv fará qualquer coisa para descobrir o responsável.

Em seu caminho estão Frank Miller (como um padre); diversos policiais
de Sin City; as prostitutas da Cidade Velha, entre elas Wendy (Jaime King),
a ninja Miho (Devon Aoki) e Gail (Rosario Dawson); Kevin (Elijah Wood)
e o cardeal Rourke (Rutger Hauer).

Depois desse episódio, o espectador entra no clima e está pronto para
assistir às aventuras de Dwight e as prostitutas da Cidade Velha, em A
Grande Matança, que tem direção de Tarantino.

Aqui, os protagonistas são Dwight McCarthy (Clive Owen),
a garçonete Shelley (Brittany Murphy), Gail e sua trupe de prostitutas
e o corrupto Jackie Boy (Benício del Toro). A história acaba fazendo,
em seu final, um pequeno paralelo com Os 300 de Esparta.

Para encerrar, Hartigan volta à cena e completa sua tragédia
junto com Nancy (agora interpretada por Jessica Alba), que cresceu e se
tornou a bela e fogosa dançarina do bar Kadie's.

Como epílogo, Josh Harnett resolve uma ponta solta com Becky (Alexis Bledel).

Além do elenco estelar mencionado acima, estão no filme: Michael Clarke
Duncan, como Manute; e Carla Gugino, como a lésbica Lucille.

Como nos quadrinhos, Sin City é a cidade de todos os pecados, da
corrupção moral e política de seus habitantes ao canibalismo.

O único pecado do filme é que, no zelo de ser o mais fiel possível aos
quadrinhos, acaba criando um ritmo que não parece ser cinematográfico.
É mais rápido, ágil e entrecortado do que a maioria dos gibis, mas sem
as pausas e respiros criadas por Miller nas páginas mágicas de sua obra.

Independente disso, Sin
City é uma experiência maravilhosa e imperdível. O filme estréia
dia 29 de julho no Brasil.