Smurfs são chacinados em desenho animado polêmico
A
aldeia Smurf está feliz. Todos cantam e dançam alegremente em volta de
uma fogueira. Mas, de repente, ouve-se um sibilar característico e bombas
começam a cair do céu como chuva, lançadas por aviões de guerra. Explosões
destroem as casas de cogumelos dos pequenos seres azuis. Ondas de fogo
e de choque trucidam cada criatura que tenta fugir em vão.
Cenas dantescas de sangue e horror tomam conta da antes paradisíaca morada
dos duendes. No final de tudo, o inocente Bebê Smurf, único sobrevivente
da tragédia, chora a morte de seus entes queridos, enquanto uma mensagem
em caracteres alerta: "Não deixe a guerra afetar a vida das crianças".
Esse é o roteiro de um desenho animado em curta-metragem produzido a pedido
do Unicef belga. A animação faz parte de uma campanha para arrecadar
fundos em prol da reabilitação de soldados crianças da guerra civil no
Burundi, país africano que já viveu sob a tutela da Bélgica.
O problema é que o desenho está causando polêmica na Bélgica. Apesar de
aprovado pela família de Peyo, criador dos Smurfs, a produção gerou mal-estar
quando um preview de 25 segundos foi veiculado no horário nobre
em algumas redes de TV daquele país. As reações foram rápidas e negativas.
Há registros de crianças pequenas que ficaram aterrorizadas ao verem,
acidentalmente, as cenas chocantes do desenho animado.
Philippe Henon, porta-voz do Unicef belga, disse que a intenção
é realmente chocar, pois é a única forma de fazer as pessoas pensarem
a respeito do problema em Burundi. E poderia ser pior. A agência Publicis,
que desenvolveu o roteiro, queria até colocar algumas cabeças decepadas,
mas a idéia foi vetada.
Na próxima semana, a animação começará a ser exibida na íntegra. A novela
pode não acabar por aí.