Straczynski fala sobre repercussão envolvendo Before Watchmen
Não se fala em outra coisa e fãs e criadores repercutem o anúncio da DC Comics de publicar Before Watchmen. Alguns estão animados com o projeto, enquanto outros não acham uma boa ideia, mas todos só falam na volta dos personagens criados por Alan Moore e Dave Gibbons.
O escritor J. Michael Straczynski é um dos autores envolvidos nas novas minisséries. Ele vai cuidar dos títulos Before Watchmen: Dr. Manhattan e Before Watchmen: Coruja e falou mais sobre o evento.
"Muitas pessoas acham que esses personagens não deveriam ser tocados por mais ninguém, além de Alan Moore. Isso é perfeitamente compreensível em um nível emocional, mas falho em um nível lógico. Baseado em durabilidade e reconhecimento, podem argumentar que o Superman é o maior personagem já criado para os quadrinhos, mas nem o Alan Moore ou qualquer outra pessoa sugeriu que ninguém mais além de Jerry Siegel e Joe Shuster poderia escrever histórias dele. Alan não recusou escrever o Monstro do Pântano, criado por Len Wein, e acabou fazendo um trabalho maravilhoso", disse em entrevista ao site Comic Book Resources.
Straczynski continua sua linha de raciocínio. "O próprio Alan Moore passou a última década escrevendo ótimas histórias de personagens criados por outros escritores, incluindo Alice, Dorothy e Wendy (para a graphic novel Lost girls). Isso sem falar do Capitão Nemo, Homem Invisível, Jekyll e Hyde e Professor Moriarty (na série A Liga Extraordinária). Por que ele pode escrever personagens criados por outros, mas ninguém pode escrever os que ele criou?"
"No final, a aprovação ou não vinda dele não muda a linha narrativa da trama, pois a história precisa se manter por si própria. Se a história for ruim, não adianta ter a aprovação dele. E vice-versa. Seria bom se tivesse? Claro, eu adoraria. Sempre fui um grande fã do trabalho dele. Ele é o melhor de todos nós", admitiu.
O autor lembrou ainda que a decisão de fazer novas histórias com esses personagens não foi arbitrária e a DC Comics tentou de várias maneiras, nos últimos 25 anos, ter Alan Moore à frente do projeto. A última dessas tentativas aconteceu em 2010, quando a editora chegou a oferecer os direitos da graphic novel para ele trabalhar em uma nova série envolvendo Watchmen. Todas as tentativas foram infrutíferas.
Ele também assegurou que serão bastante fiéis à obra original. "Na primeira reunião que tivemos, todos levaram um encadernado de Watchmen nas mãos e, sempre que surgia uma dúvida sobre algum personagem ou acontecimento, abríamos o livro e começávamos a procurar alguma pista pelas páginas. Eu brincava dizendo que parecia um grupo de estudo da Bíblia", afirma.
Falando sobre as duas minisséries que escreverá, Straczynski revelou que acha a história do Dr. Manhattan a mais humana e trágica de toda a graphic novel. "Ele está ciente de tudo o que fez, certo ou errado, a cada instante de sua vida, simultaneamente. É um constante estado de autorreflexão, amaldiçoado para saber os limites do livre arbítrio em um universo baseado na física quântica. Isso é um contraste fascinante para alguém tão poderoso quanto ele. É possuidor de poder ilimitado, mas ao mesmo tempo é limitado pela sua habilidade de perceber o tempo, espaço e casualidade como realmente são. Ele não olha para um caminho e escolhe para onde quer ir porque pode ver o futuro para saber o que escolheu. A matemática envolvida nisso é suficiente para atordoar um físico", analisou.
Para o escritor, há ainda outro aspecto do personagem que é quase imperceptível, mas tem impacto tanto na obra original quanto na nova minissérie. "Se você vir a evolução de praticamente todos os outros personagens, é o caminho da luz para a escuridão, do otimismo para o cinismo. Mas veja como era Jon antes e depois de sua transformação. Acontece o inverso. Ele vivia envolvido com números e a precisão de um relógio, mas sai dessa visão micro do universo e passa para o aspecto macro. Isso o abre para ver as coisas de uma maneira que jamais imaginou ser possível, com compreensão quase divina. Ele pode ver tudo e isso é incrível".
Sobre o Coruja, Straczynski revelou que pretende mostrar o que levou Dan Dreiberg a assumir a identidade desse herói e em quais circunstâncias isso aconteceu. Ele também mostrará como a amizade de Dan com Rorschach começou, como os dois trabalhavam juntos e o que os levou a desmanchar a parceria. Ele garantiu que outros personagens aparecerão, como o primeiro Coruja.