Teorias do Big Bang trazem para a realidade o universo dos quadrinhos
Nos
últimos anos, a imprensa tem divulgado descobertas e postulados científicos
que excitam a imaginação dos aficionados por quadrinhos de super-heróis.
Desde a "kryptonita"
sérvia à "Fortaleza
da Solidão", passando por dispositivos que podem gerar invisibilidade,
diversos e incríveis elementos vistos apenas nos gibis vêm ganhando similares
na vida real.
Talvez a mais fantástica das teorias transferidas para o campo da possibilidade
foi divulgada há alguns dias pelo físico teórico Martin Bojowald, da Universidade
Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. "É possível vislumbrar brevemente
o começo do tempo antes do Big Bang", afirmou o cientista ao jornal Nature
Physics, referindo-se à explosão primordial que teria gerado
o Universo.
Bojowald explica que tal vislumbre pode ser feito por intermédio de observações
astronômicas (certamente auxiliadas por telescópios exponencialmente mais
potentes que o Hubble) ou de supercomputadores programados para esse fim.
Para chegar a essa teoria, o cientista recorreu a cálculos baseados em
"laçadas gravitacionais quânticas".
Difícil de entender? Sem dúvida, mas basta tentar compreender a comparação
entre o que se acreditava até há pouco tempo e o que Bojowald reformulou:
o Big Bang, diz a teoria recorrente, foi precedido por infinitas energias
e deformidades espaço-temporais que impossibilitam observações de quaisquer
eventos anteriores a isso; entretanto, agora, o físico teórico da Pensilvânia
afirma que, apesar de muito poderosas, essas energias e deformidades eram
finitas, e que por isso mesmo é possível observar uma espécie de "pedaço
da realidade" pré-Grande Explosão.
Agora vem a parte mais prazerosa para os fãs de HQs de super-heróis: no
gibi Green Lantern #40 (volume 1), publicado nos Estados Unidos
em outubro de 1965, o imortal Krona constrói uma supermáquina que permite
perscrutar (e exibir em uma tela) imagens dos momentos que precederam
o Big Bang, da mesma forma que o cientista da vida real Martin Bojowald
parece crer possível existir.
Na trama da antiga HQ, quando Krona calibra o computador para seguir ainda
mais no passado da pré-existência, repentinamente um feixe de luz destrói
a máquina e transforma o personagem em um ser de energia que, a partir
dali, vagou por bilhões de anos até ser libertado, acidentalmente, durante
o "passeio" dos Lanternas Verdes Hal Jordan e Alan
Scott entre seus mundos, respectivamente a Terra-1 e a Terra-2.
Vale lembrar que Krona acabou sendo o responsável pela criação do universo
de anti-matéria, de onde o Anti-Monitor deflagraria a Crise nas Infinitas
Terras. O personagem voltaria a aparecer no crossover Liga
da Justiça e Vingadores.
Nesse ponto, não há como escapar de outro fato curioso sobre idéias há
muito tempo existentes nos gibis e que só agora são discutidas como possibilidades
do mundo real: as realidades paralelas, ou, como devem preferir dizer
os fãs das histórias em quadrinhos da DC Comics, infinitas Terras.
Isso porque o cosmólogo Paul Steinhardt e o físico Neil Turok, respectivamente
de Princeton e Cambridge, nos Estados Unidos, partilham a idéia de que
não aconteceu apenas um Big Bang, mas uma série infinita de grandes explosões
que deram origem a incontáveis realidades perpetuamente colidindo-se entre
si.
Aceitando tal hipótese, não haveria como descartar a existência de outras
Terras semelhantes a esta que todos neste planeta conhecem bem.
Ou seria melhor deixar essas cogitações para os roteiristas de histórias
em quadrinhos?