Um balanço do 16º Festival de Amadora, em Portugal
De
21 de outubro a 6 de novembro, Portugal foi a casa dos quadrinhos na Europa,
com o 16º Festival Internacional de Banda Desenhada de Amadora,
que chegou ao fim com os seus altos e baixos.
Este ano, o evento foi marcado pelo excelente tratamento dado às exposições
e pelas presenças do escritor norte-americano Ed Brubaker (Capitão
América, Sleeper, Gotham Central e Mulher-Gato) e do desenhista
canadense Cameron Stewart (Seaguy, Seven Soldiers: Guardian), as
grandes atrações do festival, que foram extremamente simpáticos.
As exposições chamavam a atenção dos presentes ao FIBDA, não só
pela qualidade das obras, mas pelo design dos painéis e a forma
como estavam dispostos. A organização esteve impecável nesse aspecto.
Além disso, a ampla entrada, o pátio decorado de forma original e as atividades
musicais incrementaram ainda mais o evento.
O
Sonho na Banda Desenhada: Little Nemo e Winsor McCay, O Sonho na
BD Portuguesa, O Sonho na BD (Sandman, Alice in Sunderland,
de Bryan Talbot, As Cidades Obscuras, de Schuiten e Peeters, Promethea,
de Alan Moore e J.H.Williams etc.), Homenagens e Paródias a Little
Nemo, Dream Comics (com autores de todo o mundo que registram
seus sonhos em forma de quadrinhos, como o francês David B., o norte-americano
Steve Bissette, o inglês Al Davison e outros); Ed Brubaker (com
vários originais das obras escritas pelo autor); e outras de autores portugueses,
como João Mascarenhas, Ricardo Ferrand e José Abrantes.
Nas conferências, Ed Brubaker mostrou-se um dos melhores autores para
esse tipo de eventos, por ser divertido, afável, com histórias divertidas
para contar e sempre pronto para elucidar todos os presentes. Realmente,
o roteirista foi um dos diferenciais em Amadora este ano.
Além do autor de Gotham Central, estiveram no evento Max (Espanha),
Claude Moliterni e J.P. Bramanti (França), Vittorio Giardino (Itália),
Marchand, Smolderen e Jo-El Azara (Bélgica), Al Davison (Inglaterra),
Rick Veith e Jim Woodring, Aleksandar Zograf (Sérvia), Liam Sharp e Sean
Phillips (Inglaterra), Cameron Stewart (Canadá), além dos vários portugueses,
como o ótimo José Carlos Fernandes.
Contudo, a falta de público foi um fator negativo, que
acarretou um menos volume de negócios. Mário Freitas, o responsável pela
Kingpin
of Comics, contou que os quadrinhos de autores presentes ao evento
foram os mais vendidos, mas salientou o fato de, em comparação com o ano
passado, os mangás terem sido menos procurados.
Já na estreante Casa
da BD, um dos representantes mostrava-se um pouco desapontado
com o movimento registrado, apesar de ter registrado boas vendas, especialmente
dos especiais da Panini brasileira, como a minissérie Loki,
da Marvel.
Aliás, pelo fato de a linha DC não ser publicada
em Portugal e por muitos especiais da Marvel não terem sido lançados
naquele país, as publicações da Panini estiveram entre as mais
vendidas do festival.
Premiação
Paralelamente ao evento, ocorreu a eleição dos Prêmios Nacionais de
Banda Desenhada, cujos vencedores estão relacionados abaixo.
Melhor
Álbum Português: Super-Heróis da História de Portugal, de Artur
Correia e António Gomes de Almeida, Bertrand Editora.
Melhor Argumento de Autor Português: A Última Obra-Prima de
Aaron Slobdj, de José Carlos Fernandes, Edições Devir.
Melhor Desenho de Autor Português: As Aventuras Formativas de
Fortunata, Maria e Garção, de Filipe Abranches, IEFP.
Melhor Álbum Estrangeiro: Sin City: Aquele Sacana Amarelo,
de Frank Miller, Edições Devir.
Melhor Álbum de Tiras Humorísticas: Quinoterapia, de Quino,
Teorema.
Melhor Ilustração para Literatura Infantil: O Pai Natal Preguiçoso
e a Rena Rodolfa, de Alain Corbel, Caminho.
Prêmio Clássicos da 9ª Arte: Príncipe Valente: 1943-44,
de Harold R. Foster, Livros de Papel.
Melhor Fanzine: Venham mais Cinco, Toupeira Atelier de BD.
Prémio Juventude: A Última Obra-Prima de Aaron Slobdj, de
José Carlos Fernandes, Edições Devir.
No geral, o festival correspondeu às expectativas da maioria dos fãs,
especialmente pelas exposições e pelo nível dos convidados (apesar de
ter faltado os chamados "comerciais", que atrairiam mais público). Merece
uma menção o belo cartaz deste ano.
No entanto, como tudo em Portugal, ainda falta muita coisa. Fica a torcida
para que o evento continue evoluindo mais e mais, a começar da próxima
edição.