Uma estranha máquina de contar histórias de super-heróis
Existem
várias maneiras de contar uma história de super-heróis. Mas nenhuma tão
esquisita e, por que não dizer, divertida quanto a que foi realizada por
grupos de estudantes secundaristas nos Estados Unidos.
Anualmente, alunos das escolas de Bonita, na Califórnia, participam de
um programa de integração que utiliza a famosa (pelo menos nos EUA) Máquina
de Rube Goldberg numa competição para transformar tarefas simples
em algo complexo.
Em 2006, o desafio foi diferente. Durante várias semanas, dezoito grupos
de estudantes trabalharam sob o desafio de criar uma história de super-heróis.
Assim, Homem Aranha, Batman, X-Men, Super-Homem e outros personagens foram
estrelas de aventuras narradas por algumas inusitadas máquinas contadoras
de histórias.
Mas
o que é essa estranha Máquina de Rube Goldberg, tão conhecida e
cultuada nos Estados Unidos, que já foi imortalizada em selos, virou título
de livros, tem centenas de páginas temáticas na internet, é tema de competições
de grande porte com direito a transmissão pela TV em cadeia nacional,
e ainda vai ganhar um longa-metragem e um documentário sobre seu criador?
Na verdade, o nome é apenas um conceito (pois qualquer um pode criar a
sua própria e singular máquina) inspirado numa hilária série do cartunista
Reuben Lucius Goldberg (1883-1970), que mostrava as mais estapafúrdias
e trabalhosas maneiras de realizar tarefas básicas como descascar uma
maçã, apontar um lápis ou colocar pasta numa escova de dente.
As ilustrações mostravam a utilização de vários objetos secundários unidos
pelas mais complexas maquinações, num resultado para lá de engraçado e,
de certa forma, bastante engenhoso.
Baseado nisso, um impressionante número de escolas e universidades dos
Estados Unidos vem realizando competições regionais em que os estudantes
têm que alterar a normalidade das coisas e transformar uma ação fácil
em algo o mais complicado possível. Aos vencedores desses desafios locais,
uma vaga garantida em campeonatos nacionais, como o realizado na Purdue
University, em Indiana.
O que impressionava nas excêntricas "invenções" de Goldberg (um diplomado
em Engenharia), era a progressão lógica dos mecanismos, por mais engraçados
e malucos que pudessem ser.
Por isso, esses "aparelhos" que satirizam as novas tecnologias são considerados
pelos educadores norte-americanos como um meio nada convencional, mas
muito eficiente, de levar os estudantes aos infinitos caminhos da imaginação
e do pensamento intuitivo.
E nesse que é um dos mais significativos casos de manifestação de educação
e cultura a mobilizar um país, o fato de a nona arte ter o seu lugar de
destaque não é mero detalhe, mas o começo de tudo. Que outros bons exemplos
continuem a aflorar.