Uma merecida homenagem ao talento de Benicio
Quem
cresceu nas décadas de 1970 e 1980, com certeza, viu várias vezes os trabalhos
do gaúcho José Luís Benicio da Fonseca, ou simplesmente Benicio. Talvez
poucos se lembrem do nome desta fera do traço nacional, mas ao mencionar
que ele era o responsável, entre outros trabalhos, pelos cartazes dos
filmes do Trapalhões e de clássicos do cinema nacional, como Dona Flor
e seus Dois Maridos, a coisa deve ficar mais fácil.
Agora, o talentoso artista recebe uma justa homenagem no livro Benicio - Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema (formato 16 x 23 cm, 240 páginas, sendo 16 coloridas, R$ R$ 49,90), do competente e prolífero jornalista Gonçalo Junior, publicado pelo CLUQ. É o segundo volume da Coleção Via Brasil, que estreou em 2004 com Alceu Penna e as Garotas do Brasil, do mesmo autor.
No livro, que nasceu de várias entrevistas com o desenhista, Gonçalo revela que Benicio chegou a fazer mais de 30 cartazes de cinema por ano. E a prova do ecletismo do desenhista é que seu traço realista retratou de filmes como A Madona de Cedro, Independência ou Morte, dezenas de pornochanchadas, como o impagável Histórias que nossas babás não contavam, e até o recente Pelé Eterno.
Mas não foi ao cinema que esse mestre das artes gráficas, emprestou seu talento. No ramo da publicidade, ele passou por algumas das mais importantes agências do Brasil, como McCann Erickson, Denison e Artplan, ilustrando campanhas de marcas como Coca-Cola, Esso, Banco do Brasil e Rock'n Rio.
Benicio também assinou mais de duas mil capas de livros de bolso, que eram vendidos em bancas de jornal, da Editora Monterrey. Grande parte com heroína Brigitte Montfort, a espiã norte-americana que teve cerca de 1,5 mil volumes publicados em quatro décadas e se tornou um fenômeno no mercado brasileiro.
O livro, que traz várias ilustrações, revela ainda que Benicio chegou a fazer quadrinhos - sua estréia foi em 1957, na história Foi o Destino, escrita por Edmundo Rodrigues para a revista Cinderela, da RGE. Foi na editora de Roberto Marinho, aliás, seu primeiro emprego.
Mas ele revela que nunca pensou em migrar para a arte seqüencial. "Por toda a vida, considerei os quadrinhos uma habilidade específica, é preciso ter talento para tal empreitada e esse não era o meu caso. Mas, sim, o de Flavio Colin, que considerei um desenhista que nasceu para isso", destaca.
Gonçalo revela nesse perfil biográfico, de leitura fluida e permeada de histórias interessantes, que o ilustrador, considerado por muitos como imbatível ao desenhar mulheres, foi um genial pianista cuja promissora carreira foi abortada na década de 1950 para que pudesse se dedicar ao desenho.
O livro está sendo vendido nas gibiterias atendidas pela Comix Book Shop e nas Livrarias Cultura. Vale a pena conferir.