Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Valentina e seus fãs estão órfãos: Guido Crepax morreu

31 julho 2003

Guido Crepax e ValentinaAs
belas Valentina, Anita e Bianca estão vestindo preto! Morreu hoje, em
Milão, Itália, o desenhista Guido Crepax. Ele havia completado 70 anos
no último dia 15 de julho. O funeral será realizado sábado, no cemitério
Monumentale.

Crepax nasceu em Milão, em 1933. Ao vir ao mundo, seu sobrenome era Crepas,
mas depois de iniciar sua vida profissional decidiu trocar o "s" pelo
"x", por uma questão estética. Formou-se em arquitetura em 1958, mas começou
a viver de seus belos traços cinco anos antes, na área da publicidade
e fazendo capas de livros e discos. Chegou até a ganhar uma Palma de Ouro,
em 1957, com uma campanha para a Shell.

Louise Brooks é a inspiracao para o visual de ValentinaEm
1959, iniciou sua longa colaboração para a revista científica mensal Tempo
Medico
, para a qual fez mais de 200 capas. Em 1965, passou a ilustrar
um quiz médico chamado Clinicommedie (escrito por "Mister
Hyde" e Pino Donizetti), que foi sua primeira experiência utilizando a
linguagem dos quadrinhos.

Ainda em 1965, no mês de maio, ocorreu sua estréia efetiva nas HQs, nas
páginas da Linus, famosa revista de Giovanni Gandini e Ranieri
Carano (e depois de Oreste Del Buono e Fulvia Serra), para a qual criou
o crítico de arte e investigador Philip Rembrandt, também conhecido como
Neutron.

A coadjuvante de Neutron era sua namorada (com quem acabou casando), uma
belíssima e curvilínea fotógrafa chamada Valentina. E ela mudou o rumo
da série e da carreira de Crepax, tornando-se a protagonista das histórias
e a mais importante personagem dos quadrinhos eróticos em todos os tempos.

Valentina, da editora L&PMValentina
foi criada à imagem e semelhança da atriz Louise Brooks, de quem Crepax
era fã. Publicada em vários países do mundo, a personagem tem vários álbuns
compilando suas aventuras. Com uma mescla de erotismo e devaneios, ela
povoou o imaginário masculino por décadas, especialmente na Itália.

O sucesso de Valentina ainda hoje é tão grande, que suas histórias estão
sendo reelaboradas, roteirizadas e filmadas para uma série de 13 episódios
televisivos, que serão exibidos na Itália, Alemanha, Suíça e Estados Unidos.

Depois de Valentina, Guido Crepax deu vida a muitas outras "musas de papel",
como Anita, Bianca e Belinda, além de assinar sofisticadas versões em
quadrinhos de clássicos da literatura erótica, como A História de "O",
de Pauline Reage; Emmanuelle, de Arsan; e Justine, de Sade.
Também fez releituras de clássicos como Conde Drácula, Doutor
Jekyll e Mister Hide
e Frankenstein, seu último trabalho publicado,
em 2002.

Valentina é beijada pelo Fantasma num dos delirios da personagemMesmo
enquanto esteve envolvido com os quadrinhos, o autor não abandonou a atividade
de ilustrador publicitário, na qual atuou até 1991, fazendo campanhas
das mais variadas. Artista extremamente versátil, Crepax também assinou
centenas de litografias, serigrafias e aquarelas.

Sempre explorando requintes de sadomasoquismo, Crepax foi considerado,
durante muitos anos, o "papa" dos quadrinhos eróticos, posto que passou
ao também italiano Milo Manara. Com um traço extremamente delicado, um
incrível domínio de luz e sombras e diagramações pra lá de ousadas, suas
páginas eram autênticos delírios visuais.

Última mostra de Crepax, em MilãoNo
Brasil, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990, os leitores tiveram
a sorte de ver muitas de suas obras. A Martins
Fontes
publicou A Vênus das Peles, Emmanuelle, Justine,
Conde Drácula e Doutor Jekyll e Mister Hide.

Já a gaúcha L± lançou
A História de "O", Valentina, Valentina Assassina?,
Valentina de Botas, O Bebê de Valentina, Valentina no
Metrô
, Anita - Uma História Possível, Anita ao Vivo,
Bianca - Casa das Loucuras, Bianca - Pensionato de Moças,
além de participar da coletânea Casanova.

Última mostra de Crepax, em MilãoNo
entanto, uma de suas obras mais maduras, Lanterna Magica, de 1979,
que não tinha um balão de texto sequer, continua inédita por aqui, apesar
de ter sido publicada em quase toda a Europa.

Crepax chegou até a fazer duas edições para a Cepim, hoje mundialmente
conhecida como Sergio
Bonelli Editore
: L'uomo de Pskov (1977) e L'uomo di
Harlem
(1979), ambas na coleção Un Uomo Un'avventura.

O jornal italiano Corriere
della Sera
disponibilizou em seu site fotos
e vídeos
da última mostra do artista em Milão. Vale a visita! Afinal, cada vez
que se vir um desenho de Valentina, Anita, Bianca ou de qualquer outra
de suas sedutoras mulheres, Guido Crepax certamente sempre será lembrado.

Valentina Triste

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