Via Lettera lança O Tico-Tico: Cem anos de revista
Lançada em 11 de outubro de 1905, com o preço de duzentos réis (valor
que se manteve até 1920), O Tico-Tico (confira aqui
matéria completa) foi a primeira revista brasileira voltada aos quadrinhos.
Suas páginas traziam um pouco de tudo: contos, concursos, jogos para montar,
adivinhações e, principalmente, HQs.
A revista era inspirada na francesa La Semaine de Suzette, personagem
que foi editada com o nome de Felismina, no Brasil. Contudo, a
estrela principal do título era Chiquinho, cópia de Buster Brown,
personagem de Richard F. Outcault (também criador de Yellow Kid,
uma das primeiras HQs da história).
O Tico-Tico contou, ao longo dos anos, com um quadro invejável
de artistas: A. Rocha, Alfredo e Osvaldo Storni, Miguel Hochman, Luís
Sá, Cícero, Loureiro e os lendários J. Carlos e Angelo Agostini (o "pai"
dos quadrinhos brasileiros).
Como bem definiu um de seus mais fiéis leitores, Carlos Drummond de Andrade,
"O Tico-Tico era de fato a segunda vida dos meninos do começo do século,
o cenário maior em que nos inseríamos para fugir à condição escrava de
falsos marinheiros, trajados dominicalmente com o uniforme, porém sem
navio que os subtraísse ao poderio dos pais, dos tios e da escola. E era
também muito de escola disfarçada em brincadeira".
Além do poeta, figuras como Lêdo Ivo, Lygia Fagundes Telles, Ana Maria
Machado, Érico Veríssimo e Rui Barbosa deliciavam-se com as aventuras
de O Tico-Tico.
No ano de seu cinqüentenário, a publicação foi homenageada em assembléias
legislativas de todo o País, nos jornais, escolas e universidades. Agora,
comemorando esta nova data, a Via
Lettera lança O Tico-Tico: Cem anos de revista (formato
16 x 23cm, 64 páginas, R$ 30,00) de Ezequiel de Azevedo.
O autor é mineiro de Juiz de Fora, paulistano de coração, formado em Física
pela Universidade de São Paulo e um aficcionado e grande colecionador
de gibis.