Yuri Ochakovsky afirma que não vive de seus cartuns
Nos
últimos dois anos, o russo radicado em Israel Yuri
Ochakovsky faturou 20 mil dólares só no Festival
Internacional de Humor Gráfico das Cataratas do Iguaçu. Além disso,
traz no currículo prêmios em salões de humor no Canadá, Turquia, Itália,
Bélgica, Croácia, Eslováquia, Coréia do Sul, Ucrânia, China e outros países.
E, por mais incrível que possa parecer, ele garante não viver de seus
cartuns.
"O custo de vida em Israel é muito alto. Por isso, tenho outro emprego",
revelou com espantosa simplicidade Ochakovsky, que trabalha fazendo monitoração
de segurança em um grande depósito de metais.
Apesar da aparência quase sempre séria, o cartunista enfatizou sua alegria
por visitar o Brasil. Ele contou que começou a desenhar como toda criança,
aos cinco anos. A partir de 1973, passou a fazer cartuns inspirados no
que lia em jornais e via na televisão. Ochakovsky é autodidata.
"Eu passei a participar dos salões de humor por satisfação pessoal, fazia
os desenhos para mim mesmo. Então, começaram a surgir o reconhecimento
dos amigos, que achavam os trabalhos engraçados, e depois os prêmios",
explicou.
Antes A primeira conquista veio em 1975, na Bulgária. Desde então, passou
a colecioná-las. Com o fim da União Soviética, o autor deixou Chisinau,
a capital da Moldávia, em 1995 e foi morar em Israel, onde já tinha parentes.
Aos 53 anos, Ochakovsky se diz admirado por ser premiado em tantos países
e garante não saber a razão para tamanho êxito (na verdade, o autor é
um bocado humilde, pois sua técnica é excelente e seu diferencial são
suas sacadas preciosas). Apesar disso, sempre que vai participar de um
salão ou festival, analisa a forma como o país-sede entende o humor e
procura fazer o trabalho nesses moldes. "Penso muito antes de começar.
O mais importante é que a obra seja universal. Quando uma idéia é boa,
ela é compreendida em qualquer lugar do mundo", ensina.
Ochakovsky admite que suas principais influências são artistas do leste
europeu, como russos, poloneses e romenos. Ele prefere não citar nomes
para não cometer nenhuma injustiça. "Gosto de muitos e tenho respeito
demais por todos", declarou.
Sobre o futuro, o cartunista disse não saber o que o espera.
Ele só tem certeza de que seus belos cartuns continuarão participando
de salões de humor no mundo inteiro. Mas Ochakovsky só pensaria nisso
depois, pois suas curtíssimas férias de seis dias para vir ao Brasil estavam
chegando ao fim e era hora de voltar ao trabalho em Israel.