Foi
no filme Alô, amigos!, lançado em fevereiro de 1943 e posteriormente
em Você já foi à Bahia? (1945), que ele se tornou internacionalmente
conhecido. Mas o papagaio malandro, preguiçoso e caloteiro, do qual os
brasileiros aprenderam a gostar, fez sua estréia no mundo do entretenimento
em 11 de outubro de 1942, nas tiras de jornais dos Estados Unidos.

Durante alguns poucos anos, Zé Carioca gozou de popularidade naquele país,
protagonizando tiras e histórias completas exclusivas para os gibis, produzidas
por grandes nomes dos quadrinhos da turma de Patópolis, como Paul Murry,
Carl Buettner e outros.

Entretanto, o sucesso definhou para o papagaio nos Estados Unidos e, por
lá, atualmente ele não passa de mais um nome perdido em uma imensa galeria
de personagens, o que não o impediu de fazer uma aparição relâmpago no
premiado filme Uma cilada para Roger Rabbit (1988) e, há poucos
meses, estrelar alguns curtas-metragens ao lado de Donald e Panchito -
os Três Cavaleiros - na nova atração do pavilhão mexicano da Disneylândia.

Criado no Brasil durante a passagem de Walt Disney por países da América
Latina - em missão política de arregimentar apoio aos Estados Unidos na
Segunda Guerra Mundial -, Zé Carioca também possui um pai brasileiro,
pois ao cartunista J. Carlos é atribuída a co-criação do personagem.

Assim, tão brasileiro quanto qualquer outro nascido neste país sul-americano
de dimensões continentais, por aqui ele sempre esteve na lista de preferências
dos fãs da Disney.

No Brasil, Zé Carioca estampou a capa da primeira publicação da Editora
Abril (Pato Donald #1), ganhou uma extensa lista de coadjuvantes
- os amigos Pedrão, Afonsinho e Nestor e o eterno adversário Zé Galo,
entre vários outros -, transformou-se em super-herói (quem não conhece
o Morcego Verde?), virou "astro" do Vila Xurupita Futebol Clube e divertiu
muitas gerações de leitores com suas idéias mirabolantes para fugir dos
credores que compunham a Anacozeca (Associação Nacional dos Cobradores
do Zé Carioca).

Tudo
graças aos artistas nacionais, que souberam como ninguém criar histórias
recheadas de humor nonsense, comédia de situação e o "jeitinho brasileiro"
que nunca deixou o papagaio caloteiro na mão e que faz falta nas aventuras
produzidas na Holanda, país onde o personagem também faz sucesso.

Até hoje publicada pela Abril, a revista Zé Carioca sobrevive de
reedições de aventuras de várias épocas. Como o Estúdio Disney
da editora foi desativado em 2001, só restam aos fãs a esperança de que,
algum dia, novas histórias genuinamente brasileiras sejam produzidas para
o Zé Carioca.

Afinal, se a despeito de seus 65 anos ele ainda tem pernas para correr
dos "anacozecas", então ainda lhe resta bastante força para estrelar aventuras
inéditas por muito mais anos.

Saiba mais sobre o Zé Carioca nesta matéria
especial publicada pelo Universo HQ em 2003.