Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Ziraldo estréia linha de HQs pela Editora Globo, e promete mais

7 dezembro 2004

O
mineiro Ziraldo, mestre do quadrinho nacional, esteve ontem na sede da
Editora Globo,
em São Paulo, para o lançamento oficial de sua linha de quadrinhos, que
começa com O Menino Maluquinho e Julieta, ambas com 32 páginas,
formato 23,5 x 15 cm, custando R$ 2,50 e com a expressiva tiragem de 80
mil exemplares. Também integra esse primeiro pacote a revista de atividades
Férias Maluquinhas.

A intenção do autor e da editora é atingir o público pré-adolescente -
o tamanho maior das revistas (em relação ao tradicional formatinho) é
para determinar essa diferenciação e garantir mais visibilidade nas bancas.

Ziraldo garante que as revistas retratarão aventuras da garotada do século
21. "A intenção é fazer um Comédias da Vida Privada, do (Luis Fernando)
Veríssimo, para crianças. Em Julieta, falaremos da primeira menstruação
de uma garota, do dilema de colocar um piercing na língua; o Maluquinho
descobrirá o primeiro pêlo no saco; o Junim tentará descobrir por que
sempre está com o 'pinto' duro e por aí vai", brincou o autor. "Essas
primeiras edições foram feitas a toque de caixa, porém com muito carinho.
Ainda não chegamos no ponto que desejamos, mas isso deve ocorrer pelo
número três."

Auto-retrato de ZiraldoIndagado
pelo Universo HQ sobre a ausência dos nomes dos roteiristas e desenhistas
nas histórias das primeiras edições (o crédito está apenas no expediente,
sem especificar quem fez qual aventura), Ziraldo prometeu rever isso.

E esses dois títulos parecem ser apenas o "cartão de visitas" dessa nova
linha de HQs da Globo. "Nosso carro-chefe deverá ser o gibi A
Professora Maluquinha
. Como ela trabalha no interior, vou mostrar
os dramas que os educadores enfrentam para ensinar, mas tudo numa linguagem
bastante simples", conta Ziraldo. "Acho que vou deitar e rolar nessa revista!"

"Nas bancas há revistas para professores, mas nenhuma que os toque, que
ajude a estabelecer uma comunicação direta com as crianças, que ensine
a usar os quadrinhos como ferramenta para alfabetização. E Ziraldo domina
essa linguagem como poucos", enaltece Lucia Machado, diretora da Unidade
de Negócios Infantis
da editora. Sem dúvida, uma iniciativa muito
louvável.

O Menino MaluquinhoEm
2005, haverá ainda uma coleção chamada Assuntos difíceis de se falar,
para abordar, com uma linguagem simples e direta, temas como drogas, sexualidade
e outros; um almanaque; uma linha de livros; o retorno do gibi do Pererê,
em novíssimas aventuras (ele agora falará ao celular, garantiu Ziraldo);
e até uma revista em quadrinhos para quem ainda não lê - O Bebê Maluquinho
-, cujo formato está sendo estudado.

Os livros infantis do autor continuam a sair pela Melhoramentos.
No entanto, a série Todo Pererê, que já teve três álbuns (de um
total de 20) lançados pela Salamandra, está "em estudo". "A proposta
inicial deles era publicar dois por ano, mas isso não aconteceu. Então,
estamos reavaliando a situação", declarou Ziraldo. Caso a outra editora
desista do título, Lucia Machado garantiu o interesse no material, mas
em outro formato.

Acerca da equipe para produzir tantos títulos (Ziraldo admite que nunca
uma HQ de um personagem dele volta do processo de aprovação sem observações),
o autor revelou que já conta com três roteiristas e o desenhista Miguel
Mendes, mas que passará os dias 7 e 8 de dezembro ministrando um workshop
para novos autores que deverão trabalhar nas revistas.

JulietaCom
a chegada de Ziraldo, a Globo passa a ter três linhas de quadrinhos
nacionais - as outras são os produtos Mauricio de Sousa e do Sítio
do Picapau Amarelo
. "Agora, completamos nosso time em grande estilo",
enfatizou Lucia Machado.

Ao final da coletiva, depois de contar muitas passagens de sua carreira,
Ziraldo enalteceu que esse projeto significa uma volta às origens. "Meu
sonho sempre foi ser autor de quadrinhos. Mas quando saí de Caratinga
para o Rio de Janeiro, vi que era uma profissão difícil. Então, fui trabalhar
em publicidade, e descobri que sabia fazer cartuns, ilustrações, storyboards
etc. Só de 1960 a 1964, quando publiquei A Turma do Pererê na editora
O Cruzeiro, é que fiz HQs pra valer", relembra. "Agora, aos 72
anos, na década final do homem, que vai dos 70 aos 80, volto a ser roteirista
de gibis. Acho que esse trabalho vai coroar a minha vida. Estou encantado
por voltar aos quadrinhos!"

Para os fãs da Mata do Fundão, a boa notícia é que Ziraldo disse que topa
tudo que a Globo lhe propuser, desde que lhe deixem fazer a revista
do Pererê. Fica, desde já, a expectativa.

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