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3ª Geração, uma nova mutação de Kripta

A saudosa revista que durou pouco, mas marcou uma geração de leitores.

22 dezembro 2020

Uma revista em quadrinhos no formato magazine, 64 páginas, com HQs em preto e branco e temática adulta, publicada nos anos 1980. Para muitos leitores, a primeira lembrança que vem à tona diante dessa descrição é Aventura e Ficção, saudosa publicação da Editora Abril, lançada em setembro de 1986, que marcou época e deixou saudades.

Mas outra revista, nos mesmos moldes daquela mais famosa, veio antes e, sem alarde e com poucas edições, cravou seu nome no panteão dos melhores gibis que já circularam pelas bancas do Brasil. E tudo começou após o cancelamento da icônica Kripta, da RGE, em junho de 1981.

No mês seguinte, chegava às bancas, pela mesma editora, a revista 3ª Geração. A publicação trazia o subtítulo Uma nova mutação de Kripta e, assim como esta, apresentava quadrinhos de terror, suspense, crime e ficção científica. Com uma diferença: enquanto a outra desfilava HQ das clássicas revistas Creepy e Eerie, o novo lançamento era composto por material de títulos como Tower of ShadowsSupernatural ThrillersMarvel Preview e Unknown Worlds of Science Fiction, todos da Marvel, e Witzend, da Wonderful Publishing Company, de Wally Wood.

Não houve tempo para os leitores de Kripta se sentirem órfãos. O lançamento começou a ser divulgado no mês anterior – com direito a notas no suplemento Jornal do Batalhão, do gibi Recruta Zero, e uma edição # 0 (com as primeiras páginas de cada HQ que seria publicada no # 1) encartada no último número de Kripta – e até as mensagens endereçadas à seção de cartas da outra revista foram publicadas já na primeira edição de 3ª Geração.

Outro diferencial, além do tamanho do gibi, era a inclusão de entrevistas e artigos sobre Ufologia, Ficção Científica, Astronomia, Cinema e até Astrologia, além de resenhas de livros e de filmes. A edição de estreia trouxe ainda uma matéria de três páginas sobre um óvni avistado pelo ex-Beatle John Lennon, evento que havia ganhado notoriedade em vários jornais no mundo, na época.

Nas cinco edições que durou a revista, os leitores puderam conferir obras de alta qualidade, escritas e desenhadas por nomes como Marv Wolfman, Roger Stern, Jim Steranko, Richard Corben, George Pérez, Stephen Bissette, Rick Veitch, Alfredo Alcala, Frank Frazetta e muitos outros, incluindo o então iniciante Frank Miller em plena forma.

Algumas preciosidades marcaram o título. Uma delas foi Shandra, estrelada pela rainha dos monstros de gelo, em uma HQ que misturava aventura de capa e espada, fantasia e ficção científica, com roteiro de Lynn Graeme, desenhos de John Buscema e arte-final de Joe Jusko, destaque da edição # 2 e que poucos anos depois foi republicada em Aventura e Ficção # 1.

Vale destacar a curiosa Mundo Selvagem, de Wally Wood (roteiro) e Al Williamson (desenhos), em 3ª Geração # 5. Os personagens principais, embora batizados com outros nomes, eram na verdade Flash Gordon, Dale Arden e Dr. Hans Zarkov. A aventura havia sido originalmente produzida para uma revista da Lev Gleason Publications, entre os anos 1940 e 1950, mas a editora faliu antes de a HQ ser publicada. Em 1966, Wood a reaproveitou, alterando os nomes dos personagens.

Emoldurando essa galeria extensa de arte, as exuberantes ilustrações das capas de 3ª Geração eram assinadas por Carlos Chagas (PancadaMad), mestre brasileiro dos desenhos realistas, e pelo não menos talentoso Farias.

3ª Geração merece ser conhecida por todas as gerações seguintes.

Marcus Ramone gostaria de ver uma nova mutação de gibis como esse nas bancas.

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