A priminha do Hulk
No embalo do sucesso do Verdão, a Marvel acabou lançando
sua versão feminina: a Mulher-Hulk
Por Ricardo
Chacur
A
jovem Jennifer Walters sofre um acidente e quase perde a vida. Numa tentativa
desesperada de salvá-la, seu primo Bruce Banner realiza uma rápida e improvisada
transfusão, infestando o sangue da moça com radiação gama.
Com isso, ela sobrevive e ganha o poder de transformar-se na Mulher-Hulk,
com uma grande vantagem em relação ao seu primo: Jennifer consegue manter
sua personalidade intacta.
A revista contando esse episódio foi publicada nos Estados Unidos, no
mês de fevereiro de 1980 e vendeu numa velocidade espantosa. Mesmo assim,
o destino dessa personagem era desaparecer com a mesma rapidez que foi
criada.
No entanto, o talentoso John Byrne, que havia reformulado vários personagens
na década de 1980, como Capitão América, Quarteto Fantástico e Super-Homem,
resolveu investir na Mulher-Hulk, mesmo sabendo que a heroína havia tido
sua revista mensal cancelada alguns anos antes.
Com
apenas algumas participações nas revistas dos outros heróis da Marvel,
a Mulher-Hulk acabou ganhando um merecido espaço no mundo dos quadrinhos.
Uma nova revista da heroína esverdeada ressurgiu no mercado, pelas mãos
do artista e escritor Jonh Byrne.
A Mulher-Hulk continuava verde, no entanto, era bonita, forte, com senso
de humor e, principalmente, bem resolvida, sendo menos dramática e muito
menos selvagem que seu primo.
Nas suas aventuras, Jennifer tinha uma diferença fundamental para o Hulk:
enquanto Bruce Banner sofria a maldição do Gigante Esmeralda, ela achava
um privilégio transformar-se nessa heroína poderosa.
Isso fez com que a personagem ganhasse luz própria, e seguisse uma linha
diferente das histórias habituais do monstro verde que os leitores estavam
acostumados. Essa tática, no início, funcionou bem, mas não era garantia
de sucesso.
Apesar de a revista atingir vendas significativas, sua publicação foi
cancelada 20 números depois. Alguns críticos de quadrinhos opinaram que
o título da Mulher-Hulk de John Byrne tinha um excesso de piadas fracas,
com uma ação previsível.
No
entanto, isso não intimidou os estúdios de Hollywood, que logo disputaram
os direitos da personagem para uma série de televisão, que seria estrelada
por Brigitte Nielsen.
O "talento" dessa atriz pode ser avaliado pela sua participação em filmes
como Red Sonja, Tira da Pesada II e Cobra (no qual
atuou com o seu ex-marido e ator Silvestre Stallone). Não adiantou nada
o seu corpo definido e atlético, que não foi suficiente para segurar o
fraco roteiro e direção. A série foi um fracasso e prejudicou à carreira
da ex-senhora Stallone.
Hoje, as aparições da Mulher-Hulk se resumem a edições com participação
coadjuvante, por ser membro temporária do Quarteto Fantástico e de outros
grupos de heróis.
Embalada pelo novo milionário filme
do Hulk, da Universal Studios, a Marvel pretende divulgar
relançamentos e edições da personagem para os leitores novos e antigos,
que ficaram órfãos por falta da revista mensal dessa heroína esverdeada.
Ricardo Chacur é quadrinhista e um dos criadores da série Cabeças
Caninas, estrelada por um cachorro amarelo de duas cabeças. Apesar
de ser fã do Hulk, ele conseguiu resistir à tentação de fazer seu personagem
verde...