Alan Moore e a Marvel sempre tiveram uma relação complicada. Apesar disso, os dois lados estavam se reaproximando com a ida de Joe Quesada (editor-chefe da "Casa das Idéias") até a Inglaterra para, entre outros assuntos, conversar com o roteirista e resolver problemas dele com a editora.

Nesse encontro, os dois acertaram alguns detalhes, como a republicação da encadernação Captain Britain (Capitão Bretanha, em português, publicado atualmente no Brasil pela Pandora Books).

A edição foi lançada este mês. Alan Moore não gostou do que viu, e disse que foi a gota d'água para impossibilitar de vez qualquer trabalho para a editora. "Não estou interessado em trabalhar para a Marvel", afirma Moore. "Eles não me ligam já faz algum tempo. Eu vi a encadernação de Capitão Bretanha que foi publicada. Bem, quando digo que vi, não quer dizer que eles me mandaram um exemplar; e sim que eu tive que ir até uma comic shop e comprar uma cópia".

"A pequena e não-humilhante nota de copyright que eu pedi para eles incluírem, a qual me asseguraram que estaria na edição, não foi incluída. Até onde eu sei, não existe qualquer possibilidade de eu trabalhar para a Marvel no futuro ou de ter qualquer tipo de relação com eles. E não quero ninguém de lá me ligando. Eles provavelmente não têm me telefonado porque sabem isso... Bem, vamos colocar uma pedra sobre isso. Eles sabem que foram muito descuidados e esqueceram de colocar algo que sabiam que eu queria, e que esta não é a maneira como gosto de ser tratado", desabafou.

"Eles tiveram sua chance, mas, evidentemente, a empresa não é tão diferente quanto antigamente, como fui induzido a acreditar", disparou.

E Moore não parou por aí. "Essa é uma das razões pelas quais gostaria de me manter afastado dos quadrinhos americanos mais populares por alguns anos. Não é um meio pelo qual sou um apaixonado, para dizer a verdade. E gostaria que meu nome fosse retirado da encadernação do Capitão Bretanha. Por mim, passo a ignorar o título. Imagino que, se a Marvel não quer meu nome perto do copyright, então não estão fazendo dinheiro com ele. Assim, prefiro ver a edição sendo chamada de Capitão Bretanha do Alan Davis, ou talvez Stan Lee Apresenta Capitão Bretanha", ironizou.

"Certamente, não quero a minha amigável e alegre introdução feita para esta edição sendo usada em futuras reimpressões. Não quero meu nome ligado a ela. A partir desse momento, não tenho nada a ver com o Capitão Bretanha, e nunca terei nada com a Marvel. Quero apagar o que é, para mim, uma parte irritante da minha carreira", enfatizou.

Sobre a possibilidade de um erro, o escritor foi enfático: "São todos bem crescidinhos, e tenho certeza de que sabiam o que estavam fazendo."

Joe Quesada comentou rapidamente o acontecido. "Estou na costa oeste, e só ouvir falar sobre isso por alto. Estou tentando descobrir o que diabos aconteceu. Como todos sabem, acabamos de arrumar o departamento de encadernações, e isso pode ser um sintoma dos problemas que estamos tendo por lá", esquivou-se.

Além desse assunto, Alan Moore comentou ainda a possibilidade de lançar Watchmen 2. "Não seria nem um pouco interessante. Seriam extremamente entediante. Não tenho interesse em recriar a década de 1980. Sem ofensas ao que Frank Miller está fazendo, ainda não li Cavaleiro das Trevas 2, então não posso falar nada. Mas Watchmen, como disse na época, é algo feito para durar 12 edições. Já foi completado, foi uma história. Não terá mais nada de Watchmen", esclareceu.

"Essa pode ser a maneira que a indústria trabalha, mas realmente não estou interessado em revisitar coisas de 15 anos atrás. É como eu me sinto quando o assunto é a seqüência de Watchmen. Dave Gibbons (Nota do UHQ: desenhista da série) e eu devemos fazer algo juntos, mas temos certeza que não é nada ligado a Watchmen", finalizou.