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As muitas mortes dos mutantes

1 dezembro 2001

Psylocke, a mais recente vítima dos escritoresAs mortes dos mutantes no Universo Marvel são tão freqüentes, que até já houve uma época onde o incomum era o personagem não voltar à vida após algumas edições. Nos últimos meses, faleceram tantos personagens importantes nas revistas mutantes que esta situação acabou por merecer uma análise.

Uncanny X-Men #42A primeira morte nos X-Men foi do Transformante (Changeling, em inglês) e ocorreu em Uncanny X-Men # 42, publicada em 1968. Ele era um criminoso reformado, que tinha o poder de se "transformar" em outras pessoas, e se associou aos heróis mutantes. A pedido do próprio Xavier ele se faz passar pelo Professor X e engana toda a equipe, exceto Jean Grey, que sabia do plano e acaba o ajudando.

Os X-Men enfrentam Grotesko (Uncanny X-Men # 42 e 43, e reimpressa em Uncanny X-Men # 89 e 90) e, durante a batalha, o falso Xavier morre. Na verdade, quem é enterrado no funeral do Professor (Uncanny X-Men # 44) é o Transformante. Os leitores e os heróis só descobrem o engodo em Uncanny X-Men # 65, quando a verdade é revelada.

Uncanny X-Men # 95Outra morte importante foi a do primeiro Pássaro Trovejante, que ocorreu em Uncanny X-Men # 95, de 1975, na segunda aventura dos Novos X-Men (publicada no Brasil pela RGE), onde eles enfrentam o Conde Nefária e seus Ani-Homens.

Pássaro Trovejante morre ao tentar impedir a fuga do vilão, quando o jato onde o mesmo estava explode. O curioso é que Nefária sobrevive ao desastre e posteriormente inferniza a vida de muitos heróis (principalmente os Vingadores) e chega até mesmo a ganhar superpoderes.

Tanto o Transformante, quanto o Pássaro Trovejante original (outras duas pessoas usaram seu nome, o atual se chama Neal Sharra) nunca foram "ressuscitados" pela Marvel.

A próxima vítima seria Jean Grey, a Garota Marvel. Aqui, a história fica bastante enrolada. Portanto, vamos explicar com calma.

Uncanny X-Men # 101Jean Grey se transforma na Fênix em Uncanny X-Men # 101, de 1976 (também publicado pela RGE). Ela praticamente morre devido a forte radiação, quando tenta reentrar na atmosfera terrestre (após a batalha contra Steven Lang e suas sentinelas, na estação espacial do Projeto Armageddon) pilotando um Space Shuttle. A heroína milagrosamente consegue fazer um pouso forçado no aeroporto internacional JFK, mas a nave cai na baía da Jamaica (nenhuma relação direta com a ilha da Jamaica).

O que ninguém sabia, e que foi (mal) explicado muuuuuito depois, no final da década de 1980 (em Avengers # 263, Fantastic Four # 286, X-Factor # 1 e Classic X-Men # 8), é que durante esses eventos ela é contatada pela Entidade Fênix, que coloca seu corpo num estado de animação suspensa, num casulo na baía da Jamaica, para que seja curada lentamente.

Sem que os X-Men saibam, quem ressurge das águas, como Fênix, é a Entidade Fênix, que assumiu a identidade de Jean Grey.

Uncanny X-Men # 137A Entidade Fênix acabaria por se transformar na Fênix Negra e, posteriormente, se suicidaria em Uncanny X-Men # 137 (saga publicada no Brasil, pela Editora Abril, em Superaventuras Marvel, na década de 1980).

Para todos os X-Men, e para os leitores, quem morreu nesse dia foi Jean Grey. Esta saga marcou o Universo Marvel por muito tempo e teve muitas seqüelas nas histórias seguintes dos mutantes.

A morte prematura de Jean Grey estraga os planos do Sr. Sinistro. Mas quando a Entidade Fênix/Jean Grey morre, a força Fênix acaba por se hospedar num clone de Jean Grey, criado pelo vilão. Isto permite que ele continue com seus ardis.

Página de Avengers #263O clone recebe o nome de Madelyne Pryor (cuja primeira aparição ocorre em Uncanny X-Men # 168). Graças às maquinações infernais de Sinistro, ela se casa com Ciclope e chega a ter um filho (que teria um destino trágico e se transformaria no personagem Cable). O futuro de Madelyne ainda lhe reservava outras tristes surpresas.

Os editores dos X-Men, pressionados pelos leitores, e sempre interessados em criar mais um título, decidiram lançar uma revista com os X-Men originais. Mas restava um problema: Jean Grey estava morta! Nada que a Marvel não pudesse resolver.

Em Avengers # 263, os Vingadores encontram um casulo no fundo da baía da Jamaica e o levam para o Quarteto Fantástico, para ser analisado. Então, se descobre que Jean Grey estava viva em seu interior (Fantastic Four # 286). Estava pronto o cenário para X-Factor # 1 e o retorno dos X-Men originais.

X-Factor #38Demorou bastante para que os Novos X-Men encontrassem os originais (agora chamados de X-Factor), as primeiras pistas da reunião entre as duas equipes ocorreu durante a saga Massacre Mutante, onde os Morlocks foram chacinados pelos Marauders do Sr. Sinistro.

Os próprios X-Men morreram e foram ressuscitados por Roma, durante os eventos da Queda dos Mutantes (eles já haviam passado desta para melhor num universo alternativo em Dias do Passado Futuro).

Mas o encontro entre as equipes só viria a acontecer durante o evento conhecido como Inferno. Durante esta saga, Madelyne Pryor utiliza o poder da Entidade Fênix (com uma ajuda do demônio N'Astirh) e acaba sendo transformada na Rainha dos Duendes (Goblin Queen, no original). Jean Grey e Madelyne travam um combate em X-Factor # 38 que resulta na morte do clone criado por Sinistro.

X-Factor #1, primeira aparição de Rusty CollinsMadelyne Pryor, apesar de morta, volta como uma entidade psiônica criada por Nate Gray (a versão do Cable da Era de Apocalypse), em X-Man. Também aparece em Mutant X, título já extinto nos EUA e ainda inédito no Brasil, que se passa numa realidade onde Destrutor é o líder dos X-Men e casado com Madelyne Pryor, que é a Rainha dos Duendes.

Depois disso, algumas outras mortes perturbaram a família mutante, com menor impacto. Warlock e Doug Ramsey, ambos dos Novos Mutantes morrem e retornam em Excalibur, como a entidade Douglock. Rusty Collins, que apareceu pela primeira vez em X-Factor # 1, também faleceu, mas durante o confronto entre Holocausto e Exodus, em Avalon.

O vírus legado também mata uma série de mutantes, entre eles Illyana Rasputin, a irmã mais nova de Colossus.

Arte para capa de Uncanny X-Men #389, que faz parte da saga Dream's EndO que nos leva às razões originais deste artigo. Atenção, leitor: alguns dos fatos descritos abaixo, apesar de já serem bastante conhecidos de quem lê importados e utiliza a internet, ainda são inéditos no Brasil (ou seja, são spoilers!).

A saga Dream's End (série de quatro partes que cruzou os títulos mutantes) mostra a morte de dois personagens bastante conhecidos dos leitores de X-Men, Moira MacTaggert e o senador Robert Kelly.

Aqui, as mortes parecem ter um pequeno efeito e não resultaram nas mudanças que deveriam ter ocorrido. Ponto Negativo para Chris Claremont, que, aliás, não vem fazendo um bom trabalho desde que voltou aos títulos mutantes.

Uncanny X-Men #390Logo depois, acontece a morte de Colossus. Para salvar a humanidade e os mutantes do terrível vírus legado, o herói injeta em si mesmo a vacina, morrendo para liberar a cura do mal. Uma história absolutamente ridícula e um péssimo final para um personagem tão querido. "Cortesia" de Scott Lobdell.

E ele não parou por aí! Lobdell ainda escreveria a série Eve of Destruction, uma bobagem descabida, que apresenta diversos novos mutantes integrando os X-Men (entre eles, uma prima de desconhecida de Shiro Yoshida, que assume a identidade de Solaris) e resulta na morte de Magneto (pela enésima vez).

X-Men #87Magneto deveria ter morrido (de uma vez por todas) no último número de Claremont, em X-Men # 3 (logo que Jim Lee entrou no título), mas não só voltou (como sempre), como de quebra ainda veio com seu clone Joseph, criado por Astra, que fugiu. Joseph "bateu as botas" em X-Men # 87.

Como se não bastasse, Magneto morre (de novo!), nas mãos de Grant Morrisson e Frank Quitely, em New X-Men # 115. Será que foi a última vez? É pouquíssimo provável! Aliás, esta dupla causou um verdadeiro genocídio em Genosha.

Nem vale a pena entrar em detalhes sobre os diversos vilões "imortais", pois a lista é muito grande. Entre eles estão Sebastian Shaw, Conflyto, Apocalypse e até mesmo o Mestre Mental (Jason Wyngarde), que morreu em Uncanny X-Men Annual # 17, de 1993, e misteriosamente aparece vivo em X-Men # 93, numa história de 1999, prelúdio da Saga dos 12.

Captain Britain (volume 2) #13, publicada pela Marvel inglesaQuem se recorda que após a morte do Mestre Mental, sua filha (mais um parente saído da cartola), Martinique, assumiu a identidade do pai?

Voltando à queima de arquivo, por parte de Chris Claremont, a mais recente vítima foi Psylocke. Isso mesmo, Betsy Braddock, a irmã do Capitão Bretanha, que há anos vinha brilhando junto com os X-Men. Para quem não sabe, ela iniciou sua carreira como super-heroína, na série Capitão Bretanha, assumiu o manto que era do irmão e acabou ficando cega num combate terrível contra Slaymaster (uma seqüência de ação de verdade, daquelas que merecem esta classificação), numa história desenhada por Alan Davis.

New Mutants Annual #2, nesta edição, Betsy Braddock recebe olhos biônicos, uma cortesia do vilão MojoA série Capitão Bretanha, anunciada pela Pandora Books, traz eventos imediatamente anteriores a esta fase do heróis inglês. Aliás, todas as histórias do personagem estão ligadas à cronologia de Excalibur, e é pena que a maior parte deste material nunca foi publicada.

Psylocke passou por diversas transformações. A primeira veio com Mojo, que lhe deu novos olhos. Depois, "renasceu" para se transformar em Lady Mandarim, a assassina ninja que usava os anéis do Mandarim; teve uma espécie de clone; e até ganhou poderes místicos. Morreu de maneira besta, num confronto contra um vilão chamado Vargas (um "estreante", desconhecido, sem qualquer mérito) em X-Treme X-Men # 2 e 3, nas mãos de Salvador Larocca e Chris Claremont.

Arte de Salvador Larocca, para a capa de X-Treme X-Men #2Se era para morrer assim, seria melhor se o escritor que lhe deu grandes momentos (leia-se Claremont) e a introduziu no Universo dos X-Men, tivesse lhe tirado a vida num momento de maior impacto. Ou, como é bastante provável, será que se trata de um novo engodo?

A imensa maioria dos leitores dos mutantes não curte a eterna balela do "morre/revive". Mas, apesar de parecer contraditório, nos casos de Psylocke e Colossus, os fãs dos X-Men, com certeza, torcem para que ambos sejam ressuscitados. Afinal, depois de protagonizarem tantas aventuras inesquecíveis, os personagens mereceriam, ao menos, uma morte decente. Só assim poderiam "descansar em paz".

Sérgio Codespoti está tão possesso com o que estão fazendo com os X-Men, que prometeu: se um dia tiver a sorte de trombar com Scott Lobdell e Chris Claremont vai lhes mostrar o que é morte de verdade!

Crimson Dawn #1, mini-série que mudou a personagem Psylocke Uncanny X-Men #256, Psylocke é transformada em Lady Mandarin X-Men #31, Psylocke e sua cópia, Revanche

 

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