Colossus merecia um destino melhor
Esse importante personagem, que marcou uma das melhores fases dos X-Men, morre vítima da cura; e não da doença
Scott Lobdell escreve as 22 páginas da história intitulada “A Cura” (Uncanny X-Men #390, US$ 2.25, janeiro de 2001). Se por um lado a história descreve a cura do vírus legado, que há quase dez anos atormenta o universo mutante (e os seus leitores!), por outro, é mais uma das “pragas”, que se abate sobre os pupilos de Xavier.
O vírus legado foi introduzido por Conflyto (o clone futurista de Cable), como um sombrio testamento de seu ódio aos mutantes. O conceito era interessante, e poderia ter gerado boas histórias, o que, infelizmente, não ocorreu.
Serviu apenas para eliminar diversos personagens, em histórias, na maioria das vezes, pífias, como é o caso desta. Para se entender melhor está história, vamos voltar um pouco no tempo e na cronologia mutante.
O russo Piotr Rasputin foi recrutado pelo professor Xavier, em Giant Size X-Men #1 (1975), com o propósito de combater Krakoa, a ilha viva, que havia aprisionado os X-Men originais. Era o início de uma das melhores fases de todos os tempos para os personagens.
Dividido entre seu dever com a pátria comunista e sua responsabilidade pa com um mundo melhor, Colossus abandona os pais, sua irmã Illyana e a Rússia, para perseguir o sonho de Xavier.
Illyana, que mais tarde faria parte dos Novos Mutantes, passa de criança a adolescente, graças ao demônio Belasco, e volta a ser criança novamente, apenas para morrer vítima do vírus legado. O drama é comum na família Rasputin. Mikhail Rasputin, irmão de Colossus, era um astronauta russo que, aparentemente, morreu num acidente do programa espacial.
A falta de bons roteiros trouxe o morto de volta! Ele esteve perdido numa outra dimensão por muitos anos. Essa foi a simplória explicação dada pelos roteiristas. Sempre meio louco e mais vilão do que mocinho, Mikhail também já teve outras mortes.
Voltando ao presente, encontramos Colossus nesta situação, amargurado pela morte da irmã, quando Fera anuncia a descoberta da cura do vírus legado, que recentemente havia sido modificado por Mística, para matar humanos também.
Essa descoberta, algumas edições atrás, custou a vida de Moira MacTaggert, outra heresia cometida, desta vez, por Chris Claremont, em nome de uma pretensa boa história.
Somos obrigados a agüentar, por páginas a fio, um longo discurso pseudo-científico, onde fica claro que se a vítima inicial contaminada pelo vírus legado morreu propagando o vírus; a cura teria o mesmo efeito e mataria o primeiro a ser inoculado (que bobagem!). Os X-Men, resignados, celebram esse avanço e prometem uma pensar numa solução. Colossus, incapaz de imaginar uma outra pessoa perdendo um parente para o vírus, não espera uma decisão e injeta a vacina em si mesmo.
O resultado é a sua morte.
O melhor momento está na última página, onde todo o texto é extraído diretamente do Giant Size X-Men #1, da conversa de Xavier com Colossus e seu pai.
Imagino o que seus criadores, Len Wein e Dave Cockrum, e todos os fãs estejam pensando. Tantos personagens medíocres no universo mutante e foram matar justo o Colossus.
Nessa história, de salvador, nem mesmo o Larocca, cuja arte está apenas regular neste número.
Agora, é esperar pela (evidente) ressurreição do herói, daqui a alguns meses! Enquanto isso, fica a homenagem a esse herói, que, já que foi escolhido para morrer, pelo menos, merecia um final melhor elaborado.
Piotr Nikolaievitch Rasputin (* 1975 – † 2001)
Sérgio Codespoti não gostou da morte do Colossus. Nem da do Ciclope e, muito menos, quando eliminaram o Professor X. Afinal, todos eles acabam voltando, mais hora, menos hora. Ele queria, mesmo, é ver a morte desses roteiristas “meia-bocas”, que fazem coisas pavorosas com seus mutantes favoritos!