Conrad lança antologia de Fritz the Cat, de Robert Crumb
Por Sérgio Codespoti, sobre o press release
Fritz the Cat é o mais ácido e divertido comentário a respeito dos míticos anos 60. É um marco na história da contracultura. E é a história que transformou o desenhista Robert Crumb, muito a contragosto, em um dos mais respeitados, aclamados e polêmicos artistas da América.
Por causa de Fritz, Crumb passou a ser um herói da juventude rebelde da década de 1960, comparado a Bob Dylan e alvo do assédio da indústria cultural.
No final desses anos turbulentos, o sucesso do personagem saído do mundo underground era tamanho que já havia duas antologias com suas histórias; e ele ganhou uma versão cinematográfica, grande sucesso de bilheteria. Crumb, então, fez aquilo que tantos astros pop anunciam, mas nunca cumprem: voltou às costas para o sucesso e matou sua cria tão popular.
A história que descreve a sua morte (assassinado por uma avestruz enciumada) está no álbum Fritz the Cat (136 páginas, preto e branco, R$ 37,00), que a Conrad Editora lançou recentemente nas melhores livrarias e gibiterias do País. Assim como HQs amadoras que Crumb fazia ainda adolescente. É um material produzido entre 1961 e 1971.
A Conrad revirou coleções; vasculhou revistas alternativas e diversas outras compilações; localizou histórias perdidas e desenhos soltos. E o resultado é que esta edição brasileira é a mais completa antologia das HQs de Fritz já publicada em todo o mundo.
Com a intenção de manter as características originais das histórias, as letras deste álbum foram feitas à mão por Lilian Mitsunaga, imitando a grafia de Robert Crumb.
O autor - Por décadas, Robert Crumb vem sendo aclamado como gênio e revolucionário. O cartunista, criador de clássicos como Mr. Natural e Keep On Truckin', além, é claro, de Fritz the Cat, é um dos grandes heróis de contracultura.
Ele nasceu na Filadélfia, em 30 de agosto de 1943. Começou sua carreira profissional no início dos anos 60, na revista Help, dirigida por Harvey Kurtzman, o criador e editor do período mais anárquico e celebrado da revista Mad.
Na Help, Crumb trabalhava ao lado de Terry Gillian, que depois faria parte do grupo Monty Python e seria o diretor de filmes como Brasil e Fear and Loathing in Las Vegas.
Depois disso, o autor abandonou Nova York e foi para São Francisco, onde tornou-se o líder (ainda que a contragosto) do movimento das revistas underground norte-americanas. Seus ataques contra o moralismo e hipocrisias da sociedade norte-americana foram razões de muitos escândalos, polêmicas e problemas com a Justiça dos Estados Unidos.
Mas sua importância passou a ser reconhecida até mesmo pelo mundo da alta cultura. O crítico de arte do New Yorker, Adam Gopnik, o descreve como "um estilo realista que registra o banal, o comum, o humor inconsciente do dia-a-dia que preenche nossas vidas". E Robert Hughes, um dos principais nomes da crítica contemporânea, foi além, e declarou na Time que "Crumb é o Brueghel do século XX".
Em 1978, Crumb conheceu e casou-se com Aline Kominsky, também cartunista. Juntos, eles criaram Weirdo. Atualmente, eles vivem no sul da França, com sua filha Sophie.
Confira abaixo algumas frases sobre Robert Crumb (algumas constam da quarta capa do álbum da Conrad).
Uma das coisas mais legais do Crumb é que qualquer história dele parece pertencer a um universo amplo, de aventuras intermináveis, um épico à parte, mesmo que só estejamos vendo uma tirinha na nossa frente. Fritz tem muitas páginas, mas é como se não tivesse the end. - Laerte
O maior desafio em fazer quadrinhos adultos é desenvolver um tema denso e profundo através da fluidez e da dinâmina naturais das HQs. Com Fritz the Cat, Robert Crumb não apenas provou que isso é possível, como o fez com maestria. - Marcatti
Crumb, o grande gênio dos quadrinhos, em Fritz the Cat, sua obra-prima, toma como cenário os incríveis, loucos e revolucionários anos da década de 60, com a participação de coadjuvantes importantes como Beatniks, Hippies, Panteras Negras, Guerra Fria, Brigittes, Jamesbonds, Bobdylans, Movimento Estudantil, NASA, China Vermelha, sexo e drogas, e com direito a um Gran Finale nas mãos de uma avestruz e seu picador de gelo. Finalmente em cartaz. Uma obra fabulosamente genial. Veja o livro! Veja o filme (desenho animado), muito embora o autor não recomende... - Gualberto Costa
Stanislavsk me ensinou a construir personagens. Agora, a cortar a goela deles, o mestre foi Robert Crumb. - Angeli
Robert Crumb virtualmente inventou os quadrinhos underground. - The Rocket.