Por André Kenji de Sousa

A Kodansha, uma das maiores editoras japonesas de mangá, e a gigante canadense do entretenimento Corus Entertainement Nelvana (responsável pelas animações de Blake & Mortimer, Tintin e Babar) estabeleceram uma parceria de três anos.

Pelo acordo, a empresa canadense teria a preferência em todos os contratos de distribuição fora da Ásia e de co-produção de animações. No entanto, se ela recusar, os japoneses podem buscar contratos com outras empresas. Além disso, as duas firmas anunciaram uma co-produção ainda não revelada, e que a Nelvana adquiriu os direitos de distribuição de Naughty Monty.

Com isso, fica cada vez mais evidente a maior atenção dada ao mercado internacional pelas empresas japonesas, o que não ocorria até pouco tempo atrás. Mas a queda de vendas no mercado interno e o seu crescimento no exterior mudaram essa situação. Além de ter aberto um site para divulgar seus produtos em inglês, a Kodansha tentou, sem muito sucesso, mangás bilíngües (em inglês e japonês).

Os acordos de co-produção são uma solução para um grande problema: animês como Sailor Moon e Sakura Card Captors provaram ter um enorme potencial comercial nos Estados Unidos, América Latina e Europa, mas contam com o problema das diferenças culturais. Além disso, mostram costumes e idéias desconhecidas para as crianças ocidentais, e temas como o homossexualismo e a violência são lidados de forma mais direta.

Se, por um lado, isso pode dificultar a comercialização dos direitos (há uma pressão cada vez maior de deputados e de grupos independentes para um controle maior da violência e de temas sexuais na TV nos EUA, em especial no sul), por outro, cortar pedaços dos animês é uma medida extremamente impopular entre os fãs.

A própria Nelvana foi bastante criticada por causa dos cortes feitos na versão americana de Sakura Card Captors (inclusive com várias tentativas de alterar o sentido da história). Com a co-produção, seria possível agradar a gregos e troianos (ou melhor, japoneses e americanos), com animês produzidos tendo em vista o gosto e a cultura ocidentais. E, claro, com uma temática mais leve.

Desde Pokémon que as grandes empresas americanas estão de olho no mercado japonês, à procura de alguma nova franquia bilionária. E como boa parte dos mangás populares infantis e juvenis são publicados pela Kodansha, a Nelvana está pensando grande.

Pelo visto, teremos cada vez mais animês com campanhas gigantescas de divulgação aqui no Ocidente. Prepare-se!