Crise de Identidade: a história do assassino!
Conheça a pessoa responsável pelos crimes da minissérie que abalou o Universo DC
Por Marcelo Naranjo (29/03/06)
Prezado leitor, atenção! Se você ainda não leu ou não chegou ao
final da minissérie Crise de Identidade, pare por aqui, porque
nas próximas linhas comentaremos a respeito do misterioso assassino, que
foi revelado somente na última edição da trama.
Portanto, continue por sua conta e risco!
Esta minissérie, da DC
Comics, publicada no Brasil em sete edições pela Panini
Comics, tentou buscar um novo rumo para este famoso universo de
super-heróis. A idéia era tornar seus personagens mais humanos, atuando
entre erros e acertos e tendo que pagar por suas escolhas.
O assassino serial - inesperado e surpreendente para alguns, inconsistente
para outros - era ninguém menos que a ex-esposa dó herói Eléktron, a advogada
Jean Loring.
O curioso é que o escritor, Brad Meltzer colocou no papel de culpado alguém
que, além da motivação para suas ações (Batman procurava o assassino indagando
"Quem se beneficia?"), tinha um passado que possibilitaria tornar crível
seus atos.
Isso mesmo! Os leitores veteranos devem se lembrar que Jean Loring já
havia passado por situações limítrofes em sua jornada de vida. Para
os mais novos, fica a chance de conhecer esse passado.
Confira agora quatro edições da Editora Ebal com poucas e boas
pelas quais Jean Loring passou, em tramas com roteiro de Gerry Conway.
Em maio de 1979, a Ebal publicou a revista Edição Extra de Superman,
com Flash, Supermoça e Eléktron atuando juntos, na história O outro
lado do Juízo Final.
Na trama, os heróis vencem rapidamente uma gangue de vilões chamada Piratas
do Vento. Na seqüência, Íris Allen, Jean Loring (na época, noiva de Eléktron)
e Linda Danvers (Identidade secreta da Supermoça) são raptadas pelo vilão
T.O. Futuro (T.O. Morrow, no original) e transportadas para um planeta
que tem vida própria.
A idéia do bandido era detonar Flash e Eléktron, dos quais conhecia a
identidade secreta. Na contenda, o vilão acaba derrotado. No entanto,
Jean Loring sofre uma crise nervosa e o planeta vivo, não suportando suas
ondas mentais de angústia, expulsa a moça transportando-a para outras
dimensões.
A trama segue na Edição Extra de Quadrinhos, de novembro de 1979,
com Lanterna Verde, Gavião Negro e Eléktron na história Em Busca da
Eternidade.
O cientista Ray Palmer (identidade secreta do Eléktron) constrói um aparelho
capaz de localizar sua noiva. Com auxilio dos dois companheiros de Liga
da Justiça, chega até um planeta em que raças alienígenas travam um combate.
Jean passa por este lugar e ataca os habitantes locais, chamados
de aurianos, com perigosas ondas mentais, possibilitando a vitória dos
drunas, conquistadores estelares.
Enquanto Eléktron e o Gavião consertam o estrago e ajudam os aurianos,
o Lanterna Verde parte para a próxima parada de Jean, um mundo com habitantes
similares aos terráqueos, numa era medieval.
Lá, a noiva de Eléktron está para ser queimada como bruxa, pois desde
sua chegada o Sol local não para de aumentar em brilho e intensidade,
saindo de sua órbita e se aproximando do planeta.
Apesar de todos os problemas, os heróis consertam o que está errado, só
para descobrir que Jean fora novamente teleportada. Na verdade, a carga
de energia que a removera do planeta vivo na primeira contenda era o que
estava levando-a de um mundo para outro.
Chega-se então à Edição Extra de Cinemin, de dezembro de 1979,
quando Eléktron atua ao lado de Aquaman e Capitão Cometa, na trama A
Noite de Terror.
Diversos desastres ocorrem no planeta Terra, como inundações, terremotos
e erupções vulcânicas. A causa era Jean, que havia aparecido no reino
submarino de Lemúria. Quando Eléktron a encontra, ela está catatônica e em estado esquizofrênico.
Uma grande quantidade de energia está na mente de Jean, e se as pressões
lá retidas escaparem será o fim do planeta. Eléktron entra no cérebro
da amada e, em meio a pulsações nervosas e células elétricas, consegue
dispersar o excesso de radiação.
Em paralelo, Aquaman e Capitão Cometa tem de lidar com novos desastres
naturais, agora provocados pelos Piratas do Vento, chefiados por um ex-cientista
que inventou um maquinário capaz de causar alterações na natureza.
Os vilões são derrotados, mas Eléktron fica sabendo que Jean, está em
coma e assim deve permanecer, pois a radiação de energia em seu cérebro
só fora dissipada temporariamente.
A trama se conclui no Almanaque de Quadrinhos, de 1980, com Eléktron
lutando ao lado da Mulher-Maravilha na história O Fim da Busca.
A Sociedade Secreta dos Supervilões havia raptado Jean Loring (numa história
que ficou fora dessa seqüência), e agora ela estava nas mãos do Gorila
Grood, Safira Estrela e de Jason Woodrue, o Homem-Florônico.
Grodd utiliza de tecnologia para canalizar numa máquina a energia da mente
de Jean e provocar novos e terríveis desastres ao redor do mundo, a menos
que... adivinhe! Ele quer governar o mundo. Os heróis sofrem, mas conseguem
destruir a engenhoca e vencer os inimigos.
Com o choque da destruição do equipamento, Jean volta ao normal, e ela
e Ray Palmer decidem se casar. Posteriormente, como os leitores de Crise
de Identidade sabem, viriam a se divorciar.
Não que isso tudo seja o motivo da crueldade e da falta de sensibilidade
nos assassinatos que ocorrem em Crise de Identidade, mas
quem sabe tantos percalços tenham alterado sua personalidade?
Numa entrevista ao site Superman
Homepage, o escritor Brad Meltzer afirma saber desse passado de
Jean, que isso seria algo mais para quem também conhecesse, mas que não
faria diferença nenhuma para o leitor que não soubesse de nada sobre esses
acontecimentos anteriores.
E fez com maestria, para alegria de uns e tristeza de outros, já que as
alterações na mitologia desses personagens poderiam gerar consequências
desastrosas nas mãos de roteiristas menos habilidosos. Resta é aguardar
o que vem por ai, e torcer pelo melhor.
Marcelo Naranjo garante nunca ter tido uma Crise de Identidade, tampouco uma namorada que quisesse dar um fim na sua coleção de quadrinhos!