Por José Sobral, de Lisboa, especial para o Universo HQ

Para o leitor amante de quadrinhos franco-belgas, o fim da Editora Meribérica do Brasiljá é um fato do passado, e que não tem mais retorno. A estrutura da filial da editora portuguesa desapareceu por completo.

Mas em Portugal é diferente. Após um período de grandes confusões - inclusive a saída de vários colaboradores e o silêncio dos responsáveis pela editora, bem como a ausência de novas edições - de repente, a Meribérica voltou às livrarias.

No meio do ano houve vários lançamentos, dentre os quais se destaca a obra de Hugo Pratt Anna da Selva. Agora, no final de 2002, mais seis álbuns, incluindo a mais recente aventura da série Blake e Mortimer, de Ted Benoit e Van Hamme. Curiosamente, este livro estava impresso desde outubro do ano passado...

Segundo informações colhidas com o responsável pela editora, a Meribérica não abandonou a publicação de quadrinhos, apenas passou por um período de reformulação. Uma das principais mudanças foi o cancelamento da revista Seleções BD (que já tinha outros três números fechados), tendo em vista o lançamento, posteriormente, de encadernações, seguindo o exemplo da série anterior desta coleção.

A Meribérica era muito importante para o mercado de quadrinhos portugueses, pois detinha os direitos de publicação de quase todo o universo dos quadrinhos europeus. Isso justifica plenamente esta introdução, para que o leitor brasileiro de quadrinhos conheça melhor o que de novo existe em Portugal, e o bom momento que vivem as bandas desenhadas.

Não é de se estranhar, portanto, que ex-colaboradores da Meribérica se encontrem à frente da mais nova editora portuguesa de quadrinhos, a Booktree, que já conta no seu catálogo com cerca de 30 títulos das mais variadas editoras franco-belgas.

Também a editora Asa, que há alguns anos havia suspendido seu departamento de quadrinhos, regressou ao mercado (pela mão da ex-diretora editorial da Meribérica), com um catálogo contendo ótimos trabalhos, num total de 35 títulos.

Entre os autores publicados pela Asa, se encontram nomes como Jacques Martin, Muñoz e Sampayo, Enrico Marini, Hugo Pratt, Milo Manara, Moebius, Comés, Tabary, Rosinsky, François Boucq e Juan Gimenez.

Também merecem citação as publicações das editoras Witloof, Polvo e Devir. As duas primeiras se dedicam aos quadrinhos franco-belgas, enquanto a última continua publicando suas revistas de comics americanos. Contudo, um de seus mais recentes lançamentos é a versão portuguesa da nova versão da revista francesa Metal Hurlant, que está voltando 15 anos após seu cancelamento.

O primeiro número da edição francesa foi lançado simultaneamente com os Estados Unidos, em junho de 2002. E agora os leitores portugueses já podem acompanhar esta revista pela Devir.

Por fim, uma agradável surpresa que veio confirmar as expectativas criadas ao longo de 2002 foi a editora Vitamina BD, cujo catálogo, mesmo que pequeno, já apresenta boas obras, dentre as quais se destacam a série Os Guardiães, de Maser e Frezatto; várias séries de Hermann e os títulos de Eduardo Risso (desenhista de 100 Balas), Vídeo Inferno e Caim.

Para o próximo ano, a profusão da edição de quadrinhos promete ser ainda maior com a notícia, já confirmada, de que a editora Asa publicará cerca de uma centena de novos títulos.

Agora, aguarda-se com extremo interesse a divulgação da programação das outras editoras citadas acima.