Com a estréia do aguardado remake de Planeta dos Macacos, dirigido por Tim Burton (de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça) e produzido por Richard Zanuck (de Tubarão e Golpe de Mestre), a "macacomania" promete dominar o mundo mais uma vez. Para satisfazer o apetite dos fãs da famosa saga símia, uma excelente pedida é o livro Quando os Macacos Dominavam a Terra (210 páginas, formato 21 x 28 cm, R$ 35,00) , do jornalista Eduardo Torelli (colaborador das revistas Comix, Set, Herói, Sci-Fi News e Sci-Fi Cinema), lançado pela Editora Opera Graphica.

Você sabia que, por trás da premissa "futurista" do filme Planeta Dos Macacos (Planet of The Apes, 1968) - estrelado por Charlton Heston (de Ben-Hur e Os Dez Mandamentos) e ambientado em 3978 - havia uma visceral crítica ao racismo? E que De Volta Ao Planeta Dos Macacos (Beneath The Planet of The Apes, 1970) era uma alegoria sobre a intervenção norte-americana no Vietnã?

Estas e outras histórias são contadas no livro, que traz sinopses, análises críticas e curiosidades sobre os bastidores dos cinco filmes da antológica saga cinematográfica e dos seriados de TV Planeta dos Macacos e De Volta ao Planeta dos Macacos (este, em desenho animado).

Além disso, há entrevistas exclusivas com a atriz Kim Hunter (intérprete da personagem Dra. Zira, do clássico O Planeta dos Macacos), Ron Harper (o astronauta Alan Virdon, da telessérie Planeta dos Macacos) e Orival Pessini (criador dos macacos Charles e Sócrates, astros do saudoso programa Planeta dos Homens, realizado pela TV Globo, na década de 1970). Quando os Macacos Dominavam a Terra contém ainda uma sinopse do romance La Planète Des Singes (O Planeta dos Macacos), do escritor francês Pierre Boulle, ilustrada pelo desenhista brasileiro Mozart Couto.

Segundo Torelli, a idéia de escrever o livro surgiu a partir da consolidação do atual cinema de entretenimento, representado por cinesséries milionárias como Alien, Robocop, Batman e Jurassic Park. "Hoje, este conceito é comum, ao contrário do que ocorria nos anos 60 e início dos 70", explica o autor. "Muitas pessoas não atentam para o fato, mas a verdade é que a saga símia foi uma espécie de embrião deste tipo de cinema infanto-juvenil que, além de filmes lucrativos, costuma gerar montanhas de merchandising (HQs, action-figures, cards e álbuns de figurinhas). Epopéias como Star Wars devem a sua 'vida' ao êxito de O Planeta Dos Macacos e de suas continuações."

Produzido por Arthur P. Jacobs e pela 20th Century Fox, o filme O Planeta dos Macacos foi inspirado em um livro homônimo do escritor Pierre Boulle (autor de A Ponte do Rio Kwai). Na novela (publicada em 1963), um grupo de astronautas franceses viaja à constelação de Órion e aterrissa em um planeta semelhante à Terra, mas dominado por macacos evoluídos que utilizam os humanos como "cobaias" de experiências científicas.

O pano de fundo fantástico era apenas um "pretexto" para que Boulle desenvolvesse, na narrativa, uma crítica à sociedade européia do início dos anos 60. Dirigida por Franklin J. Shaffner e roteirizada por Rod Serling (o criador da telessérie Além Da Imaginação) e Michael Wilson, a versão cinematográfica manteve o espírito contestador da obra literária: Serling já havia discutido a questão do preconceito em episódios de Além Da Imaginação, e Wilson foi uma das celebridades hollywoodianas perseguidas pelo macartismo. Assim, ambos utilizaram o filme para denunciarem as incongruências do sistema sócio-político dos Estados Unidos na década de 1960.

Respeitando a tradição instituída pelo filme original, as continuações também se aventuraram no campo da sátira social: A Fuga do Planeta dos Macacos (Escape from the Planet of the Apes, 1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (Conquest of the Planet of the Apes, 1972) e A Batalha do Planeta dos Macacos (Battle for the Planet of the Apes, 1973) foram manifestos de apoio "velados" à causa dos ativistas afro-americanos (representados por grupos como os Panteras Negras), em sua luta contra o sistema repressor dos EUA. A guerrilha comandada pelo líder símio Caesar (Roddy McDowall) em A Conquista Do Planeta Dos Macacos, por exemplo, foi inspirada nos tumultos de Watts (ocorridos em Los Angeles, alguns anos antes da realização do filme).

Os filmes e seriados representaram um inegável avanço no amadurecimento da engenharia de efeitos especiais de Hollywood. A maquiagem dos macacos (concebida por John Chambers) foi o passo mais significativo neste campo desde que Jack Pierce concebera as "máscaras" dos monstros da Universal (LINK) (Frankenstein, Drácula, Lobisomem etc). Durante as filmagens, os atores precisavam se submeter a sessões de maquiagem que, às vezes, consumiam um período de 6 horas.

Muito além do cinema e da TV

Além de analisar os filmes e seriados de TV, Quando os Macacos Dominavam a Terra também promove um estudo sobre as "seqüelas" da "macacomania", na década de 1970. Ou seja: gibis, brinquedos, álbuns de figurinhas, cards e novelizações sobre o tema, surgidas no mesmo período. "Talvez pela força de sua alegoria, o fenômeno Planeta Dos Macacos enraizou-se na cultura popular de muitos países - inclusive, no Brasil", afirma Torelli.

Em nosso País, o mais memorável reflexo do êxito da saga foi o programa Planeta dos Homens, protagonizado pelo humorista Orival Pessini (que também criou os personagens Fofão e Patropi). Neste impagável "momento" da TV brasileira, ele interpretou os macacos falantes Charles, Sócrates e Dionísio.

"Fiz questão de incluir Orival Pessini entre os entrevistados do livro", explica o autor. "Não só pelo fato de seus personagens terem marcado a minha infância - mas, também, como um reconhecimento ao maravilhoso trabalho que este humorista vem realizando em nossa telinha, há tantos anos."

O livro traz ainda mais de 200 fotos , sinopses e análises críticas dos filmes, making of dos filmes e seriados de TV, imagens de bastidores, notas de produção, e guias de episódios. Quando os Macacos Dominavam a Terra pode ser comprado em bancas e comic shops de São Paulo e do Rio de Janeiro, ou diretamente na Comix Book Shop (Alameda Jaú nº 1998 - próximo ao Metrô Consolação - São Paulo - tels.: 0XX-11-3088-9116 e 3061-3893), que aceita encomendas de todo o Brasil.