Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Festival de Angoulême, uma ode à Bande Dessinée

9 fevereiro 2002

Por Marcelo Naranjo e Sidney Gusman

Festival Internacional de AngoulêmeFoi realizado, na cidade de Angoulême, na França, entre 24 e 27 de janeiro de 2002, a 29ª edição do Festival Internacional de Bande Dessinée (ou simplesmente BD, como os quadrinhos são conhecidos na França). O evento, que acontece anualmente, recebe mais de 200 mil visitantes por edição e é uma verdadeira ode à nona arte, tanto que é considerado o principal do mundo.

Todo ano é apresentado um destaque em especial. Em 2001, foram os mangás. Desta vez, os homenageados foram os quadrinhos americanos, com três exposições. Will Eisner esteve por lá, representando seu país. A exposição Mestres da BD Americana apresentou originais, entre outros, de Hal Foster, Jack Kirby, George Herriman, Robert Crumb, Charles Schulz, Steve Ditko, Alex Raymond, do próprio Eisner e outros.

Will Eisner e François SchuitenJá a Comics: Génération Indépendants destacou criações de artistas como Mike Mignola, Jill Thompson, Alan Moore, Neil Gaiman, e Jeff Smith, entre outros. A terceira exposição trouxe originais de Área de Segurança Gorazde, de Joe Sacco, lançada recentemente no Brasil pela Conrad Editora, sobre a guerra na Bósnia.

Entre os premiados, o destaque foi o desenhista belga François Schuiten, o maior vencedor do festival, levando o Grande Prêmio 2002, pelo conjunto de sua obra. Ele é o responsável pelos desenhos de Cidades Obscuras, um coleção que conta com 10 álbuns apresentando cidades sombrias, vivas, devoradoras de homens. Dois deles foram laçados no Brasil, pela Meribérica: A Menina Inclinada e A Sombra de um Homem.

Isaac Le PirateSchuiten tem um traço arquitetônico (fruto de sua inacabada faculdade), em branco e preto e de estilo art nouveau. Ele é um artista extremamente versátil, que atua também como escultor, ilustrador e desenhando cenários de filmes e peças de teatros. Além disso, já decorou vários pavilhões nas Exposições Universais de Sevilha e Hannover, e as estações de metrô Porte de Hal, em Bruxelas; e Arts-et-metiers, em Paris.

No entanto, o prêmio de melhor álbum de 2001 foi para Isaac, o Pirata, de Christophe Blain, de 32 anos. A HQ conta os tormentos de Isaac, um pintor de insígnias da Paris do século XVIII, que se torna pintor da marinha, num estranho navio pirata, que viaja para o "sul do sul".

Outro destaque foi o artista norte-americano Howard Cruse, fundador do chamado Gay comic, que recebeu o Prêmio de Crítica pela obra Un Monde de Différence (Um Mundo de Diferenças, em português), no qual adverte sobre os fanatismos que prevalecem apesar do progresso aparente. A trama gira em torno de um homossexual, narrando sua trajetória, durante o período da escravidão, pelo sul do Mississipi.

Un Monde de DiffèrenceOutros prêmios foram:

  • Prêmio Tournesol (defesa dos valores ecológicos): Rural, de Etienne Davodeau;
  • Prêmio Ecuménico: Amour Fragile, de Beuriot e Richelle;
  • Prêmio René Goscinny: Les Aventures de Jules, de Émile Bravo;

Por ter um festival da magnitude de Angoulême, pelo número de visitantes do evento e pelas suas expressivas vendas de quadrinhos (em 2001 foram mais de 30 milhões de álbuns!), não é à toa que a França é um dos principais expoentes da nona arte no mundo.

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