Frank Miller fala sobre Cavaleiro das Trevas 2
Quando Cavaleiro das Trevas 2 foi anunciado, o sonho de muitos fãs se tornou realidade. Finalmente, Frank Miller estava disposto a escrever uma seqüência para uma das obras mais bem-sucedidas dos quadrinhos.
A minissérie, em três edições de 80 páginas, começou em dezembro, batendo recordes de vendas. E foi aí que começaram as críticas. O escritor fez uma história bem diferente da primeira, decepcionando vários leitores, e provocando uma onda de debates sobre a qualidade da trama.
Mesmo assim, as outras duas edições continuaram vendendo muito bem, com a conclusão chegando às comic shops americanas apenas no final de julho, quatro meses depois do previsto.
Em entrevista ao artista Jimmy Palmiotti, Frank Miller falou sobre a série e a reação que ela provocou. "Por que diabos não voltar ao Batman?", questionou o criador, quando perguntado sobre sua decisão de escrever novamente o Homem Morcego. "Porque eu posso, porque é divertido".
"Eu tinha o que pensava ser uma nova visão dos super-heróis, depois de estar fazendo meus próprios trabalhos durante 15 anos. Acredito que os quadrinhos estão no seu melhor quando são irreverentes. Há um grau de absurdos que é uma delícia nesses personagens. Assim, antes de tudo, queria reintroduzi-los como super-heróis, não como crianças com problemas, depressivos ou melancólicos", explicou. "Quem diabos ficaria melancólico quando pode voar, meu Deus? Queria heróis que pudessem fazer coisas legais. Aí comecei a brincar com isso".
Miller teve acesso às críticas que recebeu. "Bob Schreck (editor) me mandou algumas coisas que disseram sobre Cavaleiro das Trevas 2 na internet poucos dias depois de sair o número 1, e pedi para ele parar. Não podia agüentar. Positivo ou negativo, aquilo parecia um enxame de abelhas dentro da minha cabeça. Não escuto as reações das pessoas quando estou fazendo uma revista. Não porque não me importe com o que pensam, mas é justamente porque me importo. Não posso escutar por medo de perder o foco. Um navio só pode ter um capitão", comparou.
"Amigos me colocaram por dentro das reclamações mais comuns. Nenhuma terrivelmente surpreendente. Eu sabia que iria irritar muitas pessoas", admitiu. Ele também falou que está resistindo a uma tendência do mercado atual, tentando nadar contra a maré. "Além de contar uma história que estava morrendo de vontade de contar, foi um como um bofetão. Não esperava que as pessoas me agradecessem por isso".
"Os quadrinhos só podem sobreviver se for como parte de uma larga cultura popular. Não sou o único a perceber como o mercado está isolado, principalmente os materiais de super-heróis. Se continuarmos a agradar um público cada vez menor e mais velho, estamos fritos", filosofou. "Cavaleiro das Trevas 2 era uma oportunidade de chacoalhar um status quo lamentável. Eu peguei a chance".
O tipo de coloração adotado por Lynn Varley (pela primeira vez ela usou coloração por computador) também foi abordado. "Eu e Lynn trabalhamos como sempre quisemos. Conversamos muito, claro, mas não a induzi. Tentamos fazer a história parecer 'pop', isto é, abraçar o lugar que os quadrinhos de super-heróis tem - ou tiveram - na cultura pop", disse.
Outra curiosidade é que os desenhos originais da minissérie foram feitos duas vezes maiores que o convencional.
No Brasil, apenas os dois primeiros números foram publicados. A Editora Abril promete para breve a terceira edição de Cavaleiro das Trevas 2.