Grant Morrison fala sobre o mercado, Super-Homem e Authority
O escritor Grant Morrison foi o responsável pela volta da Liga da Justiça, levando a revista ao topo das mais vendidas ao colocar os principais heróis da DC Comics como membros. Pela primeira vez na Era Pós-Crise, Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Aquaman e Ajax integravam juntos o grupo.
Após sua bem-sucedida fase, Morrison apresentou para a editora um projeto para as revistas do Super-Homem. Ao lado de Mark Waid, Mark Millar e Tom Peyer (cada um assumindo um título), eles reformulariam o personagem. A DC negou a proposta, o que acabou levando o autor a escrever a nova fase dos X-Men.
No final do ano passado, rumores sobre a DC ter mudado de idéia e convidado-o para escrever o Homem de Aço rondaram a internet. O escritor falou um pouco mais sobre isso e o mercado de quadrinhos em geral.
"Não acho que os quadrinhos estão com problemas, mas estou convencido que podemos aumentar as vendas significativamente. Claramente, eles se tornaram um nicho, como a poesia", disse. "Os periódicos, muito caros, aos quais estamos acostumados agora, são de uma luxúria estética que me parece improvável vender em grandes quantidades. Se fossem mais baratos, ou reunidos em 200 páginas, poderia ajudar, mas comparados a videogames, CDs ou DVDs, uma simples revistas são caras demais para a maioria".
Certa vez, Morrison afirmou que o Super-Homem deveria vender milhões de exemplares. Ele ratificou isso. "Isso deveria acontecer, sim. Na verdade, os quadrinhos deveriam vender muito mais que um milhão. O símbolo do Super-Homem - como a cabeça do Mickey Mouse e o logo da Coca-Cola - é um dos mais familiares e reconhecíveis logotipos do planeta, mas parece haver alguma inexplicável repugnância em explorar seu óbvio potencial", analisou.
"Os quadrinhos ainda precisam encontrar uma maneira de comercializar seus produtos. Tenho que colocar um pouco dessa culpa nos cofres vazios dos departamentos promocionais das companhias. Infelizmente, só tenho tempo de escrever histórias, e não controle real sobre campanhas de marketing imaginativas. Se tivesse, Super-Homem venderia milhões", enfatizou Morrison.
O escritor revelou ainda que já tem roteiros prontos para a revista New X-Men até o número 152, que só será lançada em meados de 2004. Mas esse tempo livre não quer dizer que ele assumirá os argumentos do título do "Azulão".
"Adoro o Super-Homem e tenho várias idéias do que faria, mas minha prioridade no momento é criar novos materiais e continuar a explorar novas mídias", esclareceu.
Outro assunto polêmico é o roteiro de The Authority #28, no qual Mark Millar teria levado crédito sobre uma idéia de Morrison. O autor explicou melhor o que aconteceu. "Esta edição me causou alguns problemas, porque fui eu que a escrevi, como um favor. Então, surpreendentemente, não fui pago, nem tive reconhecimento até fazer uma ligação para a WildStorm, que resolveu a situação rapidamente", garantiu.
"Queria que a edição tivesse saído com um crédito como 'A Falsa Experiência de Millar', mas não tinha a intenção de ter meu nome creditado", finalizou.