"Ainda acho que temos que organizar as publicações dos X-Men", disse Quesada. "É estranho, porque cortamos algumas coisas, e então começa a crescer tudo de novo. Corta-se algo aqui e ali, e aí aparece Muties, Morlocks e todas aquelas minisséries. Antes de perceber, voltamos ao mesmo número de revistas de quando começamos."

"Acho que precisamos olhar novamente para os X-Men. Não temos muito tempo, o filme X-Men 2 está chegando. Por isso, precisamos analisar tudo e ver o que precisamos fazer para limpar as coisas e tocar tudo de maneira correta."

"Já fizemos uma boa limpeza, tanto que agora as revistas possuem uma definição, mas precisamos ajustar tudo novamente."

"O que acontece é que os editores procuram ter projetos suficientes para se manterem ocupados, e lançamos certas coisas com a melhor das intenções. É um processo de crescimento e aprendizado. The Icons, por exemplo, falhou no nível criativo? Não, mas falhou no nível editorial. Não vou sentar aqui e culpar os escritores e artistas, porque acho que fizeram o melhor que podiam, só não o guiamos na direção correta. Assumo a culpa."

A editora está planejando diminuir as minisséries, fazendo que essas histórias que seriam feitas separadamente façam parte do título mensal. O objetivo é fortalecer as revistas e aumentar suas procuras. "No momento, fazer isso é a decisão mais prudente e benéfica para os negócios que fizemos em muito tempo".

Mas uma minissérie foi sucesso, e pode ganhar continuação: Origem. "Eventualmente, acontecerá o lançamento de Origem 2. Eu voto por manter o projeto na gaveta por enquanto. Vamos deixar a série original viver um pouco mais".

Sobre a série The Icons, a Panini começou a publicar a minissérie da Vampira em X-Men Extra #8, e, em breve, lançará também a do Ciclope.

Homem-Aranha

"Acho que fomos muito, muito felizes com o Homem-Aranha", comemora. E disse como tentaram aproveitar o lançamento do filme. "Até a pior revista do dele foi melhor do que qualquer coisa feita nos últimos anos. Foram títulos com qualidade bem sólida. Vamos tentar fazer o mesmo com X-Men 2".

"Ainda é difícil ver o resultado dos nossos esforços em termos de venda dos quadrinhos, mas elas estão aumentando. Temos vendido muitos produtos relacionados ao Aranha todos os meses".

Demolidor

Os planos de capitalizar com o lançamento do filme não deverão ser tão fortes como aconteceu com Homem-Aranha e X-Men.

"Demolidor é um personagem secundário. Não no sentido criativo, mas quando se fala no personagem, as pessoas em todo o país dizem 'Quem?'. Ele não possui o mesmo reconhecimento do Aranha, X-Men ou Hulk. Então, não vamos investir tão pesado. As pessoas que forem assistir ao filme e que não são fãs de quadrinhos talvez nem saibam de primeira que o herói vem das revistas. Quem é Elektra? Ninguém nas ruas sabe".

"Entretanto, o que temos dele sendo publicado atualmente é da mais alta qualidade, não precisamos fazer arrumações como foram feitas com o Homem-Aranha".

Hulk

Se com o Demolidor os projetos são poucos, o mesmo não pode ser dito do Gigante Esmerada.

"Temos muitas coisas do Hulk para serem lançadas. A maioria terá a mesma sensibilidade das histórias de Bruce Jones, que é basicamente explorar o suspense e terror do personagem. E tem funcionado melhor do que em qualquer outra época".

O brasileiro Mike Deodato Jr. estreará como novo desenhista regular do Hulk a partir do número 50.

Repercussões de 11 de setembro

O editor-chefe também analisou a repercussão que os atentados terroristas de 11 de setembro tiveram sobre a editora.

"Até hoje, nada me deixou mais orgulhoso na minha carreira nos quadrinhos do que o que nós fizemos na Marvel. Quando digo 'nós', quero dizer todos. Ficamos de pé e fizemos algo realmente muito especial quando as pessoas precisavam".

"Não fizemos nada diferente do que foi feito na Segunda Guerra Mundial ou em crises do passado. Temos uma história em fazer coisas assim."

Sobre o fato de a editora estar explorando o acontecimento para vender revistas, Quesada tem uma resposta. "Eu não entendo esse argumento. Primeiro, arrecadamos mais de um milhão de dólares para o Twin Towers Fund (fundo de ajuda às vítimas). Segundo, toda vez que fazem uma reportagem sobre 11 de setembro ou algum programa de TV sobre o assunto, estão ganhando dinheiro com isso."

"Todos nós vimos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. Steven Spielberg estava explorando a Segunda Guerra com O Resgate do Soldado Ryan? Ele contou uma historia que achou ser preciso contar".

Universo Marvel

O principal objetivo desse terceiro ano de Quesada será olhar para os demais títulos da editora, dando a cada um deles sua própria identidade, assim como foi feito com X-Men, Homem-Aranha e Capitão América. "Acho que temos uma boa idéia do motivo de as coisas funcionaram ou não, e o quanto tem a ver com o talento dos profissionais envolvidos ou do personagem", explica Quesada.

"Há títulos que são emocionalmente os favoritos do pessoal aqui da Marvel. Isso é um negócio, e às vezes torna as nossas decisões um pouco difíceis. Em última instância, não só para o bem da editora, mas também para o bem da indústria e dos vendedores, temos que olhar para esses títulos e ver se o esforço está sendo recompensado."

Sobre os próximos projetos, Quesada sugere ficarem de olho em The Truth, que mostrará o primeiro Capitão América.

Outro assunto polêmico é transformar o Universo Marvel na versão Ultimate (essas histórias são publicadas no Brasil na revista Marvel Millennium). Isso sempre vem à tona, e é pouco comentado pela editora. Algumas vezes é desmentido; em outras, deixam o suspense no ar. E dessa vez? A resposta foi simplesmente "Sem comentários".

Já sobre quadrinhos infantis, parece não haver mais projetos. "Toda vez que falo com as pessoas sobre crianças de seis ou sete anos lendo revistas da Marvel, as coisas se tornam mais claras. Muitos fãs começam a ler nossas revistas a partir dos 12 anos."

Finalizando, o editor-chefe voltou a afirmar que Ash, personagem criado por ele na década de 1990, não será publicado pela Marvel.