No Brasil, DC Comics segue o mesmo destino que em outros países
Por Fabio Marques
Apesar das críticas que a Editora Abril recebia nos últimos anos pelo trabalho realizado com os personagens da DC Comics, é uma pena presenciar o fim da segunda maior editora de quadrinhos que existiu no País; e que, há alguns anos, era a maior (em volume de materiais) nesse nicho, fora dos Estados Unidos.
A empresa de Victor Civita foi a única a conseguir igualar e, vez ou outra, superar em qualidade e quantidade do que a Editora Ebal fez nas décadas de 50, 60 e 70 com os quadrinhos de super-heróis da DC.
Lá, vimos o nascimento dos quadrinhos maduros em meados dos anos 80, com O Cavaleiro das Trevas e Watchmen. Presenciamos o ocaso do Universo pré-Crise da DC e o surgimento de renovados Batman e Super-Homem. Com ela surgiu uma legião de fãs de quadrinhos (inclusive o autor desta notícia).
Sinto pelos profissionais envolvidos na produção das revistas. Foi feito o possível para manter os quadrinhos da DC vivos até o último instante, mas recentes mudanças estruturais na editora não foram de grande ajuda.
O que veremos agora será a disputa de algumas pequenas editoras por minisséries e especiais com esses personagens. As revistas regulares dificilmente chegarão aqui na íntegra. Ou talvez nem isso, pois com o dólar afetado como está, podemos ficar sem esses quadrinhos até depois das eleições presidenciais.
Enfim, a torcida é para que as editoras Brainstore, Via Lettera, Mythos, Panini, Conrad, Opera Graphica e as que surgirem para garfar essa suculenta torta façam um bom trabalho. Com certeza, haverá novas casas editoriais aptas a respeitar esses personagens incríveis.
É possível traçar um paralelo com o que aconteceu na Europa quando a Panini assumiu os quadrinhos da Marvel. Na época, ela forçou os preços para baixo de tal forma que as editoras que publicavam DC e, em alguns casos, a Marvel também, tiveram de parar de lançar quadrinhos de super-heróis.
Na Alemanha, a Dino Comics, em 2001, não conseguiu manter os personagens DC rentáveis e teve continuar apenas com mangás. Na Itália, a Editora Playpress há anos não consegue um público fiel para esses títulos.
Na França, Semic e Soleil disputam por alguns poucos títulos especiais desde que a primeira desistiu da DC. Na Bélgica e Noruega, os fãs do Super-Homem e Batman têm que se contentar com alguns títulos que saem esporadicamente.
Em Portugal, desde que a Abril Jovem fechou seu escritório por lá, na década de 1990, nossos patrícios não têm como ler as revistas da DC. No Japão, o maior mercado do mundo para a arte seqüencial, saem apenas alguns títulos especiais Vertigo, e uma coisa ou outra do Batman e Super-Homem.
Resta a Espanha e a América Latina, onde o gigantesco grupo mexicano VID Editorial (que agora é a única editora, fora a DC, que lança esses materiais regularmente no mundo) publica os títulos em praticamente todos os países de língua espanhola da América.
Na Espanha, desde 2000, a Norma Editorial (do mesmo grupo VID) publica alguma coisa da DC no país.
O que ainda será publicado trará um alento ao público. O final estarrecedor de Mundos em Guerra nas revistas #5 da linha Planeta DC, e no último número da minissérie Mundos em Guerra. A última parte de Superman & Batman: As Duas Faces da Justiça que, de certo modo, fecha as aventuras dos heróis desde a Crise. E, por último, o tão esperado último número de Cavaleiro das Trevas 2 #3, no final de agosto.
Os brasileiros fãs da DC estarão órfãos de seus mais preciosos amigos. Resta torcer para que essa situação não dure muito tempo.