Os melhores de 2007
Que ano! A média mensal de lançamentos - contando os independentes - ultrapassou
a casa de 110 títulos. Claro que há muitos materiais de qualidade pra
lá de duvidosa, mas é reconfortante constatar que foi publicada muita
coisa boa em 2007.
O cenário, em relação ao ano passado pouco mudou. Tirando a Turma da Mônica, o mercado continua carente de revistas com vendas em patamares acima de 50 mil exemplares, que formem e atraiam novos leitores. O crescimento continua sendo "pros lados", com diversos títulos com tiragens reduzidas brigando pela preferência do público.
No entanto, 2007 trouxe alguns bons sinais nesse sentido. A Panini, por exemplo, lançou assinaturas do mangá Naruto e de seus títulos de super-heróis, numa tentativa de fidelizar - e aumentar - ainda mais seu público. Além disso, as editoras passaram a usar melhor a internet e a interagir mais com seus leitores, convidando-os a participar da escolha de capas (Panini) e pôsteres (Pixel).
Outro destaque do ano passado foi a quantidade de novidades nacionais.
E o melhor: com qualidade! Não fosse o UHQ contrário a esse
tipo de segmentação, seria tranqüilo montar um ranking só de materiais
brasileiros. Com títulos como Estórias
Gerais, Laertevisão,
A
Relíquia, O
corno que sabia demais, Irmãos
Grimm em Quadrinhos, A
Boa Sorte de Solano Dominguez, As
Tiras Clássicas da Turma da Mônica, O
Alienista, D.
João Carioca, Caraíba,
O
Primeiro Dia, O Relógio Insano, Um
dia uma morte, Mais
preto no branco, Talvez
Isso..., O
livro negro de André Dahmer, a revista Avenida,
O
Beijo no Asfalto, da Nova Fronteira, e outros. Ou seja,
daria pra eleger 20 com facilidade.
2007 também foi marcado por um aumento significativo de quadrinhos nas livrarias, especialmente pelo inteligente projeto da Panini de publicar edições luxuosas de super-heróis, um nicho até então não ocupado e que tem se mostrado bastante rentável. A tendência é que o volume de materiais nas prateleiras de grandes redes suba ainda mais neste ano.
De negativo, algo que caiu um bocado no ano passado foi o cuidado com a língua portuguesa. De erros crassos a tolos equívocos de digitação, as revistas e álbuns (isso, infelizmente, não se restringiu aos títulos regulares) saíram com equívocos que denotaram a necessidade de uma revisão mais cuidadosa por parte das editoras.
Para 2008, o mercado de quadrinhos tem uma preocupação adicional: como ficará o cenário se a Dinap consolidar a aquisição da Fernando Chinaglia, criando um monopólio no setor de distribuição que será péssimo para muitas editoras. O caso está sendo analisado pelo do Cade - Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Mas enquanto isso não acontece, selecionamos 20 obras entre edições especiais e minisséries; 20 relançamentos (o número aumentou devido ao excesso de bons materiais) e dez títulos de periodicidade regular. Os critérios na escolha foram: ser, literalmente, uma história em quadrinhos (livro ilustrado não vale) e ter sua publicação iniciada ou concluída durante o ano passado.
Os materiais com parte das histórias já lançadas por aqui e parte inéditas não foram considerados como republicações. Títulos regulares, além das revistas mensais, são os que, mesmo com duração limitada, não foram concebidos como minissérie.
Então, em ordem decrescente, confira abaixo a lista dos melhores lançamentos de 2007.
Edições especiais e minisséries
20) Krazy
Kat - Páginas Dominicais 1925-1926 (Opera
Graphica) - Este belo álbum resgata dois anos de tiras dominicais
de uma das mais inteligentes tiras do início do século 20, que continua
divertida até hoje. Por mais de 30 anos, George Herriman fez graça com
o "triângulo amoroso" formado pelo rato Ignatz, o gato Krazy (que nunca
foi definido como macho ou fêmea) e o cão policial Pupp, sempre com o
mote das tijoladas na cabeça do felino. E, mesmo assim, conseguia criar
piadas novas. A tradução bastante fiel ao original do cartunista Drago
merece elogios.
19)
Justiça
(Panini) - Para desacreditar os super-heróis, os vilões mais poderosos
do planeta armam um plano no qual posam como salvadores da humanidade.
Enquanto isso, nos bastidores, os membros da Liga da Justiça vão sendo
perseguidos, feridos e manipulados. Justiça é super-herói puro;
nada de mocinho contra mocinho! A passagem com o Aquaman nas mãos de Brainiac
é eletrizante. A trama se desenvolve lentamente no início, mas depois
embala e "fisga" o leitor. Especialmente quem curte desenhos no estilo
realista.
18) Corto
Maltese - As Célticas (Pixel) - Neste álbum, Corto Maltese
reproduz um "roteiro" percorrido por seu criador Hugo Pratt anos antes.
A história se passa na Europa, entre 1917 e 1918. Atrás de tesouros, o
marinheiro mais importante dos quadrinhos desembarca em Veneza em plena
Primeira Guerra Mundial. A aventura tem passagens também pela Irlanda,
pelo sul da Inglaterra e termina na França. Tudo mesclando ação, fábulas
e mistério. A ausência de extras, por problemas com a Casterman,
impediram que a edição ficasse mais bem posicionada.
17) Planetary/Batman
- Noite na Terra (Pixel) - Quem disse que crossovers
entre super-heróis são sempre ruins? Eis uma honrosa exceção à regra.
O encontro de Elijah Snow, Jakita Wagner e o Baterista com diferentes
Batmen (o bandido caçado pelo Planetary se conecta com um multiverso)
é diversão pura. Warren Ellis brinca com competência com as versões do
defensor de Gotham City (a aparição do Morcego de O Cavaleiro das Trevas
é impagável) e na arte, John Cassaday detona. E a Pixel acertou
ao apostar num formato maior que o americano.
16) Irmãos Grimm em Quadrinhos (Desiderata)
- Um baita projeto editorial, mesclando autores brasileiros novos (Claudio
Mor, Rafael Coutinho, Eduardo Filipe, Daniel Og, Walter Pax) e já conhecidos
(Fido Nesti, Allan Alex, Rafael Sica, Fábio Lyra). Adaptar os contos originais
foi uma bela idéia e o álbum, que traz clássicos como A Gata Borralheira,
O Pequeno Polegar, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho,
Rapunzel, A Bela Adormecida e outros, tem tudo para ser
adotado em ações governamentais voltadas ao ensino.
15) Invencível
- Volume 3 - Perfeitos Estranhos (HQM)
- E o mundo todo azul de Mark Grayson, o alter ego do Invencível, ganha
tons pra lá de cinzentos. Neste álbum, a pegada divertida que marcava
a série some depois o jovem vê o pai dele, o Omni-Man, simplesmente o
maior super-herói do planeta, assassinar o Imortal, seu ex-companheiro
de combate ao crime. E as péssimas surpresas não acabam aí: o Omni-Man
revela ser de uma raça de conquistadores espaciais, está pouco se lixando
pra esposa e quer o filho ao lado dele. O combate entre os dois é de tirar
o fôlego.
14) Antes
do Incal - Volume 2 - Croot & Anarquistas Psicóticos (Devir)
- Neste segundo álbum desta trilogia (que se passa antes do Incal
clássico), a trama ganha em ação, suspense e reviravoltas. Determinado
a descobrir o segredo dos filhos das prostitutas que habitam o Anel Vermelho,
o jovem John Difool se embrenha num cenário de podridão. Ele só conta
com a ajuda do andróide Kolbo-5 e do pássaro Deepo e seu amor pela Aristo
Luz de Garra quase põe tudo a perder. Ficção científica da boa, marcada
por personagens pra lá de humanos, cortesia de Alejando Jodorowsky.
13) O corno que sabia demais (Pixel) - No Rio de Janeiro
da década de 1950, o detetive Zózimo Barbosa se empenha (mas não muito)
em desvendar casos que vão de infidelidade a dar surras em um amigo metido
a galã. O texto solto de Wander Antunes traz toda a ginga da malandragem,
mesmo quando fala de morte e violência. E o traço ágil de Gustavo Machado
se encarrega de completar o cenário. Como bem disse o jornalista Eduardo
Nasi em sua resenha no UHQ, o álbum é simples e não tem firula
nem excessos. Por isso mesmo, funciona!
12) Fun
Home - Uma tragicomédia em família (Conrad)
- O álbum autobiográfico de Alison Bechdel chegou ao Brasil referendado
pelo prêmio Eisner, elogiado pela crítica norte-americana e eleito
como melhor livro de 2006, pela revista Time. E faz por merecer.
Com um desenho simples, a história da autora sobre sua homossexualidade
tendo sempre como contraponto o pai durão (que, depois, ela descobre que
mantinha relacionamentos com outros homens) é envolvente. Só peca por
ir e voltar demais ao passado e por repetir diversas informações ao longo
da obra.
11) As Tiras Clássicas da Turma da Mônica - Volume 1 (Panini)
- A história dos personagens de Mauricio de Sousa começou bem antes da
estréia do gibi Mônica, em 1970, pela Abril. Foi nas tiras
de jornais. Esta coleção, que as apresenta na ordem de publicação, é,
portanto, um valioso resgate. O primeiro volume (com material de 1962
a 1964), além das primeiras aparições de Cebolinha, Cascão, Magali, Penadinho
(ainda chamado de Fantasminha), Anjinho e Mônica (então uma coadjuvante),
traz personagens esquecidos e até uma tira em que o Cascão admite ter
tomado banho!
10) A boa sorte de Solano Dominguez (Desiderata) - Wander
Antunes está com tudo e não está prosa: colocou dois títulos entre os
20 melhores. E com justiça. Neste álbum, belamente desenhado pelo veterano
Mozart Couto, o prolífico autor vai para a Cuba de 1953, no período pré-Fidel
Castro, para mostrar a história do sacana Solano, que com a perda da amante
- a prostituta Maria -, perde sua fonte de renda, mas tenta "se reerguer"
vendendo o corpo da própria filha. O ótimo desfecho é Nelson Rodrigues
temperado com a latinidade caribenha.
9) Guerra
Civil (Panini) - A trama central desta polêmica minissérie
tem uma porção de furos. Ao colocar heróis contra heróis, Mark Millar
ignora o passado desses antigos aliados. E, possivelmente, todas as conseqüências
da história serão apagadas em breve. Ainda assim, não dá pra negar que
Guerra Civil alcançou seu objetivo: mexeu com os leitores e até
resgatou antigos fãs, conclamados a escolher de que lado ficariam. E mesmo
cercada de várias HQs periféricas fracas, a mini tem deixado muita gente
ávida pelo próximo número.
8) A Relíquia (Conrad) - Pouca gente ousaria arriscar que
uma adaptação de Eça de Queiroz assinada por Marcatti daria certo. Felizmente,
a Conrad não pensava assim. Projeto editorial louvável (que também
tem tudo para ser adotado no ensino), é uma leitura agradável, na qual
o quadrinhista - famoso por suas HQs escatológicas - conta a história
da vida dupla de Teodorico Raposo ao lado de sua tia Titi respeitando
o texto do escritor português, mas impondo à trama o seu estilo tão particular.
O resultado é imperdível.
7) Pyongyang
- Uma viagem à Coréia do Norte (Zarabatana)
- Uma das mais agradáveis surpresas de 2007. Mérito do editor Cláudio
Martini, que resolveu publicá-lo por aqui. Não é apenas "mais uma HQ autobiográfica".
O que o canadense Guy Delisle relata, com um traço simples e cativante,
acerca dos dois meses que passou na Coréia do Norte é um alerta. O país
vive sob uma ditadura atroz, que "poda" seus habitantes (até celulares
e rádios são proibidos) e, especula-se, teria campos de concentração que
seriam mencionados para fazer terrorismo psicológico com o povo.
6) Laertevisão - Coisas que não esqueci (Conrad) - Este
belíssimo álbum revela um Laerte pouco conhecido, pois, em vez de dar
voz aos seus personagens, ele fala de si mesmo, das suas memórias, ligando-as
à televisão, que na época começava a ganhar os lares brasileiros. Mesclando
tiras, fotos e recortes de jornais e revistas, o livro oferece uma deliciosa
viagem a um passado, retratando a infância de um garoto que cresceu nos
anos 50 e 60 e relembrando clássicos da TV brasileira e mundial, de desenhos
animados e seriados a concursos de misses.
5) O
Sonhador (Devir) - Esta era uma das poucas obras de Will
Eisner que faltava ser lançada no Brasil. Trata-se de uma história envolvente,
que se passa nos primórdios das revistas em quadrinhos, nos anos 30, e
mostra um jovem desenhista tentando a sorte naquele mercado emergente,
o ritmo de produção dos estúdios e as dificuldades que os artistas passavam.
Considerada uma "autobiografia ficcional" do velho mestre, narra o surgimento
e o sucesso dos super-heróis e traz coadjuvantes como Bob Kane, Jack Kirby
e outros, com os nomes alterados.
4) Lost Girls (Devir)
- Como os três livros da coleção foram lançados em 2007, melhor que escolher
só um é ressaltar a obra como um todo. Ela não apresenta os roteiros típicos
de Alan Moore, longos e cheios de ganchos. É na simplicidade dos contos
curtos que o escritor ganha o leitor ao narrar as aventuras eróticas das
já crescidas Alice (Alice no País das Maravilhas), Dorothy Gale
(O Mágico de Oz) e Wendy Darling (Peter Pan). O traço de
Melinda Gebbie a princípio parece "duro", mas é apropriado ao clima de
fábula da HQ.
3) Batman Crônicas - Volume 1
(Panini) - Graças à bela sacada da Panini de colocar em
livrarias materiais clássicos de super-heróis (algo comum nos Estados
Unidos), muitos leitores terão a chance de ver como nasceu o mito do Batman,
um personagem que extrapolou as HQs e se tornou um ícone da cultura pop.
Este lindo álbum traz as 17 primeiras histórias (com as capas) do Homem-Morcego
publicadas em ordem cronológica e ainda as primeiras aparições do Comissário
Gordon, Alfred, Robin e Coringa. Daquelas de ocupar lugar de destaque
na estante.
2) O
Mundo é Mágico - As Aventuras de Calvin & Haroldo (Conrad)
- Enfim, o encantador álbum que reúne as últimas tiras de Calvin saiu
no Brasil. E em grande estilo. Estão lá os pais do garoto, Susie Derkins
e a professora Miss Wormwood. No entanto, o que continua sendo o diferencial,
mais de dez anos após a tira parar de ser produzida, é a magia que parece
saltar do papel quando o pequeno protagonista contracena com Haroldo.
É a perenidade que só as grandes HQs possuem. Impossível não sentir saudades
e torcer para Bill Watterson um dia tirar o garoto da aposentadoria.
1) Superman Crônicas - Volume
1 (Panini) - Calvin caminhava tranqüilo para ser eleito
o maioral de 2007. Contudo, na última semana do ano, chegou às livrarias
este álbum. As HQs são geniais? Não. As tramas são brilhantes? Não. O
desenho é espetacular? Também não. O que faz com que Superman Crônicas
fique no topo desta lista é a relevância da obra. O fato de, em junho
de 1938, ter mostrado aos jovens leitores da época, pela primeira vez,
um humano com superpoderes. Imagine o impacto que isso causou. Mais ainda:
é graças a essas primeiras histórias de Jerry Siegel (roteiro) e Joe Shuster
(arte) que foi criado o prolífero gênero super-heróis. Como se não bastasse,
aquele personagem que no começo só dava poderosos saltos e corria à beça
ainda viria a se tornar um símbolo reconhecido no mundo todo, até mesmo
por gente que nunca leu um gibi na vida.
Merecem "menções honrosas": Liberty
Meadows - Livro 1 - Éden, da HQM; Black Hole e Epiléptico,
da Conrad; Asterix e a Volta às Aulas, da Record;
O Alienista, da Agir; D. João Carioca, da Companhia
das Letras; Red
Rocket 7 - A Saga do Rock, Usagi Yojimbo - Sombras da Morte,
12 Razões Para Amá-la e Capote
no Kansas, da Devir; A
Serpente Vermelha e Mulheres,
da Zarabatana; 7 Soldados da Vitória, as edições de DC
Especial com Gotham City contra o Crime e Lostinho
- Perdidinhos nos Quadrinhos, da Panini; Caraíba,
Mais preto no branco e O livro negro de André Dahmer, da
Desiderata; Groo - Odisséia, da Opera Graphica; o
11º álbum de Bone - A
Caverna do Ancião -, da Via Lettera; Neil
Gaiman - Dias da Meia-Noite e Justine, da Pixel;
Um dia uma morte, que inaugurou o selo de graphic novels
da Graffiti 76% Quadrinhos; A Turma do Pererê - 365 Dias na
Mata do Fundão e Monteiro Lobato em Quadrinhos - Dom Quixote das
Crianças, da Globo; Novíssimo Testamento: com Deus e o Diabo,
a dupla de criação, da L±; Morango
e Chocolate e Talvez Isso..., da Casa 21; O Beijo
no Asfalto, da Nova Fronteira; a estréia da Franco Editora
no mercado com Ponha-se na Rua e Chico Rei, ambas escritas
por André Diniz; e as edições independentes Avenida, Benett
Apavora! e O Dinossauro do Amazonas.
Republicações
20) Jeremias,
o Bom (Melhoramentos)
- Este álbum que reedita as estripulias deste clássico de Ziraldo chegou
ao mercado com pouco alarde. Mesmo assim, fez a alegria de antigos fãs
e de novos, que só tinham ouvido falar de Jeremias. E o melhor: além das
histórias publicadas de 1965 a 1969 na revista O Cruzeiro e no
Jornal do Brasil, a edição traz páginas censuradas na época da
ditadura, quando os repressores notaram que, mesmo com tamanha bondade,
o personagem cutucava o cenário político daqueles anos no Brasil.
19) Luluzinha - O Clube da Lulu (Devir) - Quando a Devir
anunciou que republicaria Luluzinha em diversos álbuns, houve quem "previsse"
que não passaria de uma edição. Ledo engano. A clássica personagem mostrou
sua força e tem feito a alegria dos leitores - a coleção já está no quinto
volume e devem pintar outros em 2008. Isso porque as histórias são simples,
carregadas de um humor puro, forjado com ótimas sacadas e divertidos "embates"
entre a protagonista e o Bolinha, que dizia: no seu clube, menina não
entra. Mas nesta lista entra!
18) Turma
da Mônica - Coleção Histórica (Panini) - Republicar as
cinco revistas de seus principais personagens desde o início era um antigo
sonho de Mauricio de Sousa. E de muitos leitores também, como afirma o
autor. Pois a Panini o concretizou. Os títulos vêm numa caixinha
e o bacana é que, por serem de diferentes épocas (Mônica, 1970;
Cebolinha, 1973; Cascão e Chico Bento, 1982; e Magali,
1989), é possível acompanhar as mudanças de traço e de estilo nas histórias.
E no lugar dos anúncios, há textos com curiosidades das HQs.
17) Supremo
Volume Um - A Era de Ouro (Devir) - Como transformar um
personagem chinfrim criado por Rob Liefeld num super-herói respeitado?
Dê-o nas mãos de Alan Moore. Isso é visto neste álbum, em que o roteirista
britânico constrói a história como uma homenagem ao Superman, desde sua
criação até o final dos anos 90, mostrando eventos que marcaram o Homem
de Aço e os quadrinhos. A diferença é que o protagonista é o Supremo.
Em tempo: a edição da Devir, mesmo num formato menor, é superior
à lançada pela Brainstore anteriormente.
16) Valentina
Volume 2 - 66-68 (Conrad) - Neste segundo volume, a criação
máxima de Guido Crepax começa a "botar as manguinhas de fora", deixando
o posto de coadjuvante e colocando o antigo protagonista, o detetive Nêutron,
para escanteio. A estonteante morena de cabelos curtos parece ganhar vida
quando as histórias deixam o tom policial e de ficção científica e enveredam
pelo erotismo, mesclado aos sonhos e à fantasia. O álbum mostra o início
da caminhada de Valentina para se tornar uma das mais importantes personagens
das HQs.
15) Preacher
- Rumo ao Sul (Pixel) - A Pixel deu continuidade
à série de Garth Ennis de onde a Devir parou depois de perder os
direitos da Vertigo. E conseguiu praticar um preço menor, o que
agradou aos leitores. Na trama, o pastor Jesse Custer, sua namorada Tulipa
(o nome foi traduzido, o que não acontecia na antiga editora) e o vampiro
Cassidy viajam ao sul dos Estados Unidos atrás de explicações sobre o
ser que "mora" no corpo do protagonista. Mas no caminho eles encontram
uns doidos que querem se tornar vampiros.
14) Ken
Parker - Filhotes (Cluq) - Uma aventura sem nenhum texto,
de apenas 24 páginas, que é um exemplo de boa história em quadrinhos.
Giancarlo
Berardi constrói um cenário em que Ken Parker se afeiçoa a uma fêmea
de cervo e aos seus filhotes de uma maneira pura, bonita. Tudo para, logo
depois, privar o mais humano dos caubóis dessa sensação de felicidade
e não dar a ele qualquer chance de reação. E tudo isso contado nas lindas
aquarelas de Ivo
Milazzo, com tomadas de "câmera" impressionantes, que proporcionam
um show de narrativa.
13) A
Saga do Tio Patinhas (Abril)
- Na quarta capa das três edições da série, relançadas em formato americano,
a Abril descreve assim a obra: A Saga do Tio Patinhas é
o mais humano dos dramas, o mais realista dos contos e a mais precisa
biografia já dedicada a um personagem antropomórfico - uma obra-prima
Disney para colecionadores de todo o mundo e de todas as idades.
Bela definição para este clássico. Mas a editora, por estar em disputa
judicial com o autor, nem sequer menciona o nome de Don Rosa. Um absurdo.
12) Crise
de Identidade - Edição Especial (Panini) - E pensar que
esta história tão bem contada por Brad Meltzer (apesar de muitos fãs questionarem
o que fez) redundou na fraca Crise Infinita! A saga dos integrantes
da Liga da Justiça caçando o assassino de Sue Dibny, a esposa do Homem-Elástico,
que estava grávida, remexeu num passado obscuro dos super-heróis da DC
e atraiu a atenção dos leitores. E a Panini, que já havia vendido
bem no formato minissérie, tratou de encadernar a obra em duas versões,
capa dura e cartonada. Ponto pra editora.
11) O
Cavaleiro das Trevas - Edição Definitiva (Panini) - Em
versões capa dura e cartonada, este álbum só não brigou pelos primeiros
postos porque junto com O Cavaleiro das Trevas, uma obra para ser
relembrada sempre, saiu O Cavaleiro das Trevas 2, que é digno de
esquecimento. Nem parece que o mesmo Frank Miller fez ambas. Mas publicar
as duas num só volume foi uma jogada comercial inteligente da editora.
No final das contas, é até interessante ter ambas compiladas para facilitar
as comparações das HQs do Batman já idoso, mas ainda na ativa.
10) Estórias
Gerais (Conrad) - Felizmente uma editora lançou Estórias
Gerais com distribuição nacional, pois este clássico moderno do quadrinho
brasileiro, escrito por Wellington Srbek e magistralmente desenhado por
Flavio Colin, merece ser conhecido por mais leitores. O álbum mostra como
retratar temas da nossa cultura sem ser piegas ou didaticamente chato.
A trama na fictícia Buritizal e falada em "mineirês" tem a qualidade das
grandes HQs: não fica datada.
9) Piratas
do Tietê - A Saga Completa - Volume 2 (Devir) - Havia anos
que os fãs de Laerte pediam por uma republicação de Piratas do Tietê.
E ela veio em grande estilo: três álbuns luxuosos (o último sai em 2008)
com a saga completa e extras bem bacanas, como textos complementares e
fotos. O segundo volume foi o eleito porque, além das histórias impagáveis,
traz as participações especialíssimas de Batman (ele revela o "segredo
do morcego"), Fantasma, Diana Palmer, Virgem Conceição e do poeta português
Fernando Pessoa. Pra lá de recomendável.
8) Os
Supremos - Edição Definitiva - Mark Millar (roteiros) e Bryan
Hitch (desenhos) construíram os Vingadores dos anos 2000, no universo
Millennium. A equipe, formada por um Capitão América durão, um
Homem de Ferro calculista, um Gigante que bate na esposa, uma Vespa mutante,
um Thor riponga e um Hulk totalmente descontrolado, passa longe do espírito
de coalizão dos "maiores heróis da Terra". Aquilo é um trabalho! Este
primeiro arco, que mostra a criação do grupo, é o melhor da série e justifica
a republicação em capa dura e cartonada.
7) 300
de Esparta (Devir) - Este lindo álbum da Devir (que
só peca pela ausência de extras) saiu no começo de 2007 e se tornou um
sucesso - já foi até reimpresso. No formato horizontal, a história contada
por Frank Miller ficou mesmo mais vibrante. A lendária Batalha das Termópilas,
no ano 480 a.C., na qual 300 guerreiros espartanos resistiram a milhares
de persas que tentavam invadir a Grécia, resultou numa grande HQ, com
seqüências cinematográficas - muitas delas transpostas para a telona no
filme que estreou no ano passado.
6) Sandman
- Vidas Breves (Conrad) - Difícil escolher entre este álbum
e o seguinte, Fim dos Mundos, mas como Ricardo Malta Barbeira ressaltou
em sua resenha no UHQ, o clima de road movie que toma conta
da busca de Delírio e Sonho por Destruição, o irmão que deixou os Perpétuos
mais de 300 anos atrás, faz a diferença. E serve de pano de fundo para
uma série de mudanças que estão acontecendo com o personagem principal
e que culminarão, no nono volume, num desfecho inesperado para muitos
leitores.
5) Tintim - Explorando a Lua
(Companhia das Letras) - Este bem-cuidado álbum apresenta a conclusão
de um clássico dos quadrinhos mundiais (que começa em Rumo
à Lua): a viagem de Tintim, capitão Haddock, professor Girassol,
dos policiais Dupond e Dupont e do cãozinho Milu ao satélite natural da
Terra. Hergé constrói uma trama cheia de mistérios e ação (há até uma
morte e um suicídio), mas jamais esquece as divertidas gags entre
uma seqüência e outra. Além disso, o cuidado do autor em incluir explicações
científicas em meio à história era louvável.
4) A
Saga do Monstro do Pântano (Pixel) - Uma saga que confirma
Alan Moore como um grande roteirista, que transforma um personagem obscuro
em cult, que abre as portas para a "invasão" de autores britânicos
no mercado dos comics a partir dos anos 80 e que serviu como embrião
para o selo Vertigo, não pode ser adjetivada com nada menos do
que "clássico". E hoje a história continua sendo uma leitura envolvente
e atual, um mérito dividido com Steven Bissette e John Totleben, que fizeram
uma arte no mesmo nível do ótimo texto.
3) Biblioteca Histórica Marvel - Homem-Aranha (Panini) -
A Panini acertou na mosca ao lançar esta coleção, pois além de
atrair os colecionadores habituais, resgatou antigos leitores e conquistou
alguns novos. E rever as histórias em que maior herói da "Casa das Idéias"
se preocupava apenas com vilões e contas pra pagar (e não editores
"geniais") é sempre bom, ainda mais com um acabamento gráfico tão
caprichado. Em tempo: a edição do Quarteto
Fantástico, que começou o Universo Marvel que hoje se conhece,
também estaria nesta lista não fosse o absurdo número de erros de revisão.
2) Calvin
e Haroldo - E foi assim que tudo começou (Conrad) - Este
livro apresenta as primeiras tiras de Calvin. Quando a série estreou,
em 1985, não dava pinta de que se tornaria uma das maiores de todos os
tempos e que colocaria seu autor, o até então desconhecido Bill Watterson,
no patamar de grandes mestres da arte seqüencial. Ainda com um traço "tosco",
o álbum mostra o dia em que o endiabrado garotinho de seis anos recebe
dos pais um tigre de pelúcia. E o momento em que o "felino" pela primeira
vez ganha vida longe dos olhares adultos é fantástico. Um clássico.
1) Um
contrato com Deus e outras histórias de cortiço (Devir)
- Durante anos, encontrar em sebos a edição da Brasiliense de Um
Contrato com Deus & Outras Histórias de Cortiço, lançada em 1988,
foi uma missão inglória. Felizmente, a Devir a trouxe de volta
ao mercado, com um acabamento gráfico primoroso. Foi tentando convencer
um editor a publicar este álbum que Will Eisner cunhou o termo graphic
novel (romance gráfico), que acabaria banalizado nos Estados Unidos
e aqui também tempos depois. Nas quatro histórias que compõem o livro,
que têm como cenário o cortiço da Avenida Dropsie, 55, o velho mestre
mostra como construir e dar "vida" aos personagens, como transformar páginas
em branco em cenários incríveis e como dotar de "movimento" desenhos que
não se movem. Coisa de gênio. Todo apreciador de obras de arte em forma
de quadrinhos precisa ter na coleção.
"Menções honrosas" para: Persépolis Completo, da Companhia das Letras; Sandman - Fim dos Mundos, da Conrad; Loki - Edição Especial Encadernada, as Bibliotecas Históricas de Vingadores e X-Men, Arquivo DC - Liga da Justiça (mais pelo resgate do que pela qualidade das histórias), Batman - Cidade Castigada, 1602 - Edição Definitiva; os Grandes Clássicos DC com O Messias, Lendas e Odisséia Cósmica e a coleção Homem-Aranha - Grandes Desafios (pela idéia, não pelo nível das HQs), da Panini; Piratas do Tietê, Rê Bordosa e outros personagens de Laerte, Angeli e Glauco em versão pocket e Tangos & Tragédias, da L±; Chiclete com Banana - Antologia (que só não está na lista devido ao pouco cuidado editorial), 30 Dias de Noite e Supremo Volume Dois - A Era de Prata, da Devir; e Spawn - Origem, os três especiais de Preacher (O Cavaleiro Altivo e A história de você-sabe-quem, Cassidy - Sangue e Uísque e Guerra de um homem só), Stardust, Wild C.A.T.S - De volta para casa e as edições de 100 Balas (Atire primeiro, pergunte depois e Tiro pela Culatra, da Pixel.
Títulos regulares
10) Ken
Parker (Tapejara) - Uma série que teve apenas dois volumes
em 2007 na lista das melhores? Sim, porque as edições foram "só" sensacionais,
especialmente a # 58 (Greve), escrita por Giancarlo Berardi e desenhada
por Ivo Milazzo, na qual o protagonista se envolve em uma luta entre funcionários
e proprietários de uma fábrica têxtil - e acaba se dando mal. Ken Parker
foi um baita projeto editorial que só chegou ao fim graças ao amor pelo
personagem do editor Wagner Augusto, que bancou a publicação dos álbuns
mesmo em tiragem reduzida.
9) Naruto
(Panini) - Enfim, estreou no Brasil (com serviço de assinatura
e boas vendas em bancas) um dos mangás mais populares no mundo, que foi
disputado por Panini, JBC
e Conrad. A história de Naruto, um jovem órfão que é a reencarnação
de um monstro ancestral e treina para se tornar um grande ninja, é para
o público infanto-juvenil e tem a "receita" de outros títulos do gênero:
o protagonista sempre se supera nas batalhas, enquanto aprende a valorizar
o companheirismo. Cumpre seu papel, que é divertir.
8) Slam
Dunk (Conrad) - Pode um mangá temático sobre basquete fazer
sucesso num país que vai mal das pernas no esporte? Basta ler Slam
Dunk para comprovar que sim. Takehiko Inoue, conhecido pelos seus
desenhos soberbos em Vagabond, impõe um ritmo às histórias que
faz o leitor se sentir disputando as partidas da equipe do Shohoku, onde
joga o personagem principal, Sakuragi. No começo, ele era um atrapalhado
arrogante e, graças ao que vive nas quadras, vai amadurecendo como atleta
e, principalmente, como ser humano.
7) Superman
(Panini) - Foi preciso a sofrível Crise Infinita (socos
na realidade? Pfff...) para tirar Superman do marasmo de histórias
fracas que o perseguia havia tantos anos. Os destaques dessa fase são
Kryptonita, o primeiro número de Superman arco
de Superman Confidential, escrito por Darwyn Cooke e com arte
de Tim Sale, e A Queda de Camelot, com um texto competente de Kurt
Busiek e desenhos de Carlos Pacheco. A revista só não está acima no ranking
porque tem no mix a chatinha Supergirl.
6) Mágico
Vento (Mythos)
- O fumetto escrito por Gianfranco Manfredi viveu outro grande
ano. Com tramas que sempre trazem um fundo de pesquisa histórica mesclado
ao misticismo, ao suspense e à ação, o xamã Ned Ellis e seu amigo Poe
continuam cativando os leitores. Pra completar, os desenhos estiveram
num nível irretocável, assinados por artistas como Ivo Milazzo, Pasquale
Frisenda, Giuseppe Barbatti, Maurizio Di Vicenzo, Luigi Piccatto e Cristiano
Spadavecchia. Quem nunca leu este excelente título, faça-o. Vale a pena.
5) Grandes
Astros Superman (Panini) - Antes de esta série chegar ao
Brasil, chegaram a classificá-la como "obra-prima". Não é o caso. Mas
é um trabalho competente. Na verdade, o às vezes superestimado Grant Morrison
construiu uma ode às histórias do Superman da Era de Prata (a reconstrução
do Clark Kent covarde é muito boa), ou seja, antes da reformulação feita
por John Byrne após a Crise nas Infinitas Terras. O resultado são
HQs que resgatam aquele espírito quase pueril e divertem o leitor. E os
desenhos de Frank Quitely estão de tirar o chapéu.
4) Marvel
Action (Panini) - Com um mix bastante equilibrado, Marvel
Action entra na lista das melhores no ano de sua estréia. O ponto
alto, sem dúvida, foi Demolidor. Muitos leitores consideravam difícil
superar a fase de Brian Michael Bendis no título, mas Ed Brubaker mostrou
a que veio - o que ele fez com Foggy Nelson foi eletrizante. Também mantiveram
um nível de médio para bom Pantera Negra (no arco Turnê Mundial),
Union Jack, Justiceiro e Mercenário e Cavaleiro da Lua.
3) J.
Kendall - Aventuras de uma Criminóloga (Mythos) - Este
fumetto tem no seu time ótimos desenhistas, mas seu forte está
nos roteiros. Giancarlo Berardi utiliza Júlia para mostrar facetas nada
agradáveis da mente humana. Em 2007, a criminóloga viveu grandes aventuras
(até amorosas) e usou sua perspicácia para desvendar vários casos. Teve
fugitivo da cadeia, terroristas, envenenador de crianças, incendiário,
admirador secreto que ligava para contar a ela do seu desejo de matar
e outros perigos. Sem dúvida, um dos títulos mais inteligentes publicados
no Brasil.
2) Pixel
Magazine (Pixel) - A Pixel soube usar a vantagem
de poder montar o mix da revista sem se preocupar com cronologia. Assim,
misturou boas séries da Vertigo, da WildStorm e da ABC.
Com certeza, o ponto alto foi Planetary - Warren Ellis e John Cassaday
"destroem". Mas também mereceram destaque Authority, Freqüência
Global (mesmo com uma HQ apenas), John Constantine em Na cadeia,
Fábulas e Promethea, que começa a esquentar.
1) Lobo
Solitário (Panini) - Bastaram quatro volumes em 2007, para
que este que é um dos mangás mais influentes de todos os tempos se sagrasse
tricampeão (contando a lista de 2005, que este jornalista fez quando ainda
editava a revista Wizard). Nesses derradeiros números da saga do
ronin Itto Ogami e de seu filho Daigoro, era angustiante esperar pela
história do mês seguinte, para ver a batalha final contra Retsudô. O leitor
se sentia envolvido pelo texto de Kazuo Koike e pela narrativa precisa
de Goseki Kojima. A Panini fez um trabalho muito competente na
condução da série. Optou por revistas com papel barato, mas sempre com
informações adicionais que agregavam algo ao conteúdo das HQs, como glossário
de termos japoneses, várias matérias e capas originais. Lobo Solitário
é um clássico dos quadrinhos mundiais e suas 28 edições merecem ser lidas
e relidas.
Merecem "menções honrosas": Samurai Executor, XIII (que a editora traga logo os dois álbuns que encerram a série), Marvel MAX (mais pelo primeiro semestre) e Gantz, da Panini; Battle Royale, Monster (os volumes estão demorando muito para sair), os volumes de Vagabond - A História de Musashi e Nausicaä do Vale do Vento (só teve um álbum em 2007), da Conrad; a coleção O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks, da Abril; Conan, o Cimério (apesar da periodicidade pra lá de irregular), da Mythos; Priest, da Lumus; o polêmico Death Note, da JBC; e Spawn (que não é nada de outro mundo, mas melhorou na reformulação pela qual passou), da Pixel.
Sidney Gusman lê quadrinhos de todos os gêneros, sem distinção, como dá pra ver pela lista acima. Ainda assim, não tem a menor dúvida de que haverá discordâncias por parte de alguns leitores em relação a este ou aquele título. Afinal, isso já rolou até entre os colaboradores do UHQ... Então, que a discussão seja proveitosa.