Os melhores quadrinhos de 2009
Com o apoio da equipe do Universo HQ nos títulos regulares.
Mais uma vez, o mercado de quadrinhos teve um ano excelente, com lançamentos de ótimo nível em diversos gêneros e o fortalecimento das HQs nacionais em adaptações literárias.
Foi um bom ano para quem é fã de quadrinhos. Novidades de excelente nível e dos mais diversos gêneros chegaram às bancas e livrarias num ritmo intenso - tanto que foram poucos os meses em que o checklist do Universo HQ teve menos de cem lançamentos.
Os leitores assistiram à estreia em grande estilo da Quadrinhos da Cia. e à volta ao mercado de editoras como Salamandra, Ática e Peirópolis, ambas de olho na aquisição cada vez maior de HQs em formato livro para programas de incentivo à leitura.
Viram também a Panini adquirir os títulos da Vertigo e da WildStorm e iniciar um bom trabalho com este material, que foi abandonado pela Pixel no início de 2009. Com isso, a multinacional italiana detém atualmente uma ampla maioria nas bancas brasileiras - chegou até a lançar revistas de Mauricio de Sousa em inglês em espanhol.
Apesar disso, a Panini sofreu com muitos atrasos em seus títulos e continuou sem dar ao leitor satisfação alguma sobre títulos interrompidos, como os materiais europeus XIII e Aldebaran e o mangá Seton, parado há mais de um ano. Mesmo assim, o Universo HQ continua constantemente pedindo esclarecimentos à editora sobre esses assuntos.
A Conrad, depois de ser adquirida pelo grupo Ibep/Companhia Editora Nacional, ameaçou uma retomada, com diversos lançamentos. No entanto, logo depois, pisou no freio. Mangás como One Piece, Monster, Sanctuary Battle Royale e Vagabond, que o diretor Rogério de Campos garantiu que voltariam a ser publicados, não deram as caras.
A Zarabatana, a Desiderata e a estreante Gal não tiveram tantos lançamentos, mas primaram pela qualidade em suas publicações. Já a Devir teve um segundo semestre e tanto, com vários bons títulos (vários nacionais), para os públicos mais diversos.
A Via Lettera teve um ano fraco. E quem sumiu do mercado foram a Lumus, a Landscape, que não deve continuar a publicar quadrinhos, e a Multi, que chegou a divulgar um pronunciamento oficial dizendo que terminaria a série O Terceiro Testamento, mas não o fez até agora.
Após esse rápido resumo, é hora de conhecer os melhores de 2009. Selecionamos 20 obras inéditas, 20 relançamentos e dez títulos de periodicidade regular. Os critérios na escolha foram: ser, literalmente, uma história em quadrinhos (livro ilustrado não vale) e ter sua publicação iniciada ou concluída durante o ano passado.
Um critério que trazia bastante confusão em nossas listas anteriores era o de considerar como inéditas obras que tivessem parte de histórias republicada e parte de material que nunca havia sido publicado por aqui. Para tentar "arrumar a casa", a partir de 2008, passamos a ser consideradas inéditas apenas obras que tiverem mais da metade de suas páginas de HQs nunca lançadas no Brasil em formato de revista ou álbum.
Um caso à parte são algumas coletâneas de tiras. As que já haviam sido lançadas em álbum, caso de Calvin & Haroldo, entram no time das republicações. Mas as que haviam saído em jornais, mas cujo material ainda não tinha sido completamente compilado em livro ou revista, casos de As Tiras Clássicas da Turma da Mônica, Níquel Náusea, Aline e algumas compilações da L&PM.;
Por fim, títulos regulares, além das revistas mensais, são os que, mesmo com duração limitada, não foram concebidos como minissérie.
Então, confira a seguir, em ordem decrescente, os melhores lançamentos de 2009.
Obras inéditas
20) Três dedos - Um escândalo animado (Gal) - Um documentário ficcional em quadrinhos. Assim pode ser definido este álbum, escrito e desenhado por Rich Koslowsky. Mesmo com personagens fictícios (apesar de baseados em outros bem mais famosos), o clima é plausível e envolvente. Quando o tema é apresentado pelo decadente rato Rickey Ratt (uma evidente paródia de Mickey Mouse) escondido na penumbra, o leitor mergulha na versão sombria do sucesso dos desenhos animados, com direito à aparição de versões distorcidas de vários ícones das animações, como Patolino, Pernalonga, Fritz, the
Cat e outros.
19) Hellboy - A capela de Moloch / O vigarista (Mythos Editora) - Este álbum tem, pelo menos, dois grandes atrativos para o leitor: em A capela de Moloch, Mike Mignola volta a desenhar sua cria demoníaca, algo que não fazia desde 2005, e O Vigarista, com arte de Richard Corben ganhou o prêmio Eisner de melhor minissérie publicada em 2008. Mas o melhor mesmo é que as duas histórias não têm apenas grandes nomes nos créditos; são bem bacanas e fazem jus ao legado de Hellboy. Além disso, a edição vem com extras para fazer a alegria dos leitores: notas, textos adicionais e capas originais.
18) Có! (independente) - Não é raro que grandes ilustradores, chargistas e caricaturistas não repitam o mesmo brilho quando se aventuram nas histórias em quadrinhos. Felizmente, não é o caso de Gustavo Duarte, que dá uma aula de narrativa em sua estreia (ao menos oficial) na arte sequencial. Com uma HQ sem nenhum balão de texto, toda em preto e branco, ele brinca, como se fosse um veterano dos quadrinhos, com tomadas em close e cenas abertas, contraste de claro e escuro e uma diagramação muito arejada. Além disso, trabalha bem demais as expressões faciais do protagonista.
17) The Umbrella Academy - Suíte do Apocalipse (Devir) - Este é o único representante do gênero super-heróis nesta lista. Mesmo assim, foge do padrão das grandes editoras. Com o Eisner de melhor minissérie de 2008 na bagagem, este álbum com o primeiro arco da série não é inovador, pois há várias situações no roteiro de Gerard Way (o vocalista da banda My Chemical Romance) vistas em outras HQs. Mas a condução da trama e, especialmente, a arte de Gabriel Bá, que foge dos estereótipos dos seres superpoderosos, as capas de James Jean e as cores de Dave Stewart deixam o leitor com aquela vontade de ler logo o próximo volume.
16) Fracasso de público - Heróis mascarados e amigos encrencados (Gal) - Este álbum chegou ao mercado nacional credenciado pela conquista dos principais prêmios dos quadrinhos do planeta, o Eisner, nos Estados Unidos, e o Gran Prix de Angoulême, na França. E com razão. A história criada por Alex Robinson, que narra a trajetória dos jovens Sherman, Ed, Stephen, Jane e outros, só não está em posições acima desta lista porque só o primeiro volume da obra saiu por aqui. As diversas tramas são envolventes e uma ainda passeia por um tema que o leitor adora: o mercado de quadrinhos
norte-americano.
15) Copacabana (Desiderata) - Sem qualquer conservadorismo ou falso moralismo, o roteirista Sandro Lobo mostra neste álbum um Rio de Janeiro que não aparece em novelas ou cartões postais. Mas que existe. É o lado escuro da cidade maravilhosa, com muita prostituição e turismo sexual, regado a sexo, chopp, armas e drogas. O autor narra a vida da garota de programa Diana entre policiais corruptos, gringos e agiotas, mas sem julgar ninguém. E a arte toda em preto e branco de Odyr complementa o cenário de forma precisa, acentuando a ideia de que a Copacabana das páginas não é a mesma que aparece na novela das oito.
14) Yeshuah - Assim em cima assim embaixo (Devir) - Este é o maior trabalho da carreira de Laudo Ferreira, sempre na companhia do arte-finalista Omar Viñole. A decisão de contar a história de Yeshu (Jesus), desde sua concepção, resultou numa bela HQ, com arte e narrativa muito competentes. Laudo conseguiu dar à trama, conhecidíssima pela maioria dos leitores, ares mais humanos, factíveis. Tudo baseado em nove anos de muitas pesquisas em diversos segmentos religiosos, literários, filmes e músicas, com a sua visão da história de Cristo. Ao fim do primeiro tomo, fica o anseio de que os dois próximos saiam logo.
13) Frankenstein (Salamandra) - A Salamandra trouxe para o Brasil a linha Ex-Libris, da francesa Delcourt, que adapta para os quadrinhos grandes obras da literatura mundial, de olho na adoção cada vez maior de HQs do gênero por planos governamentais de incentivo à leitura. Mas é fato: a estreia foi em alto nível. O Frankenstein de Marion Mousse, além de respeitar o original de Mary Shelley, deixa o leitor instigado a virar logo a página, com uma trama coesa, personagens bem construídos e uma arte excelente, que dita o ritmo da leitura de acordo com a intensidade de cada cena.
12) Aya de Yopougon - Volume 1 (L&PM Editores) - Em 2006, esta HQ faturou o prêmio de melhor álbum de estreia do Festival de Angoulême, na França. A série (composta por mais três volumes) já tem até um longa-metragem de animação em pré-produção. Mesmo assim, pouca gente no Brasil conhecia este trabalho de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie. Ainda bem que agora isso é possível, pois a história, apesar de ser sobre jovens quase comuns, é permeada pela temática africana, conferindo-lhe um charme todo especial. Que venham logo os três tomos de Aya de Yopougon.
11) Assunto de família (Devir) - Este é um "Eisner legítimo", pois traz uma história bem ao estilo do autor: emocionante e explorando ao máximo a fragilidade de cinco irmãos, que, em 24 horas, escancaram os segredos mais sombrios de sua família. O final é pesado, duro, chocante. Mas faz todo o sentido dentro da história. Afinal, um desfecho feliz, pelo que se vê desde as primeiras páginas, estava fora de cogitação. E tudo, claro, com um desenho maravilhoso. Assunto de família era um dos poucos trabalhos do velho mestre que permanecia inédito no Brasil e merece lugar de destaque na estante dos fãs de bons quadrinhos.
10) Peanuts Completo - Volume 1 (L&PM) - Poucos acreditavam que esta magnífica coleção, que reúne, na íntegra, 60 anos da tira de Charles Schulz, fosse ser publicada por aqui. E não é que a L± contrariou as expectativas e lançou o primeiro volume de Peanuts Completo com direito a acabamento luxuoso e tudo mais? Foi um grande barato ver as histórias iniciais do cachorrinho Snoopy, do garoto Charlie Brown e de outros personagens, num traço diferente do que os consagrou. A previsão é que a série original seja concluída nos Estados Unidos em 2016, no 25º livro. Tomara que no Brasil, também saia completa.
9) O cortiço (Ática) - O livro de Aluísio de Azevedo foi adaptado para os quadrinhos com imensa categoria. O roteirista Ivan Jaf dá à leitura um ritmo gostoso, fluido, resumindo, mas não desrespeitando, o conteúdo da obra original. Mérito também para a arte de Rodrigo Rosa. Adepto do "menos é mais", ele resume grandes trechos de texto em apenas alguns quadros com desenhos muito expressivos e uma narrativa competente, que dosa o ritmo da trama, variando bastante a diagramação. A obra deve aparecer em breve em listas de HQs compradas por programas governamentais de incentivo à leitura.
8) Robinson Crusoé (Salamandra) - Esta é uma daquelas HQs que não se consegue largar até chegar ao final. A passagem de Crusoé pelo Brasil, o primeiro encontro com Sexta-feira, seu dilema em crer ou não em Deus, sua luta para sair da ilha que lhe serve de lar e de prisão, tudo é adaptado para os quadrinhos de maneira envolvente. Desconhecido dos brasileiros, Christophe Gaultier é um narrador de primeira. Há sequências inteiras do livro original, especialmente as de ação, mostradas sem texto e com um traço "sujo", que passa longe do convencional, com personagens longilíneos, esquisitões, porém muito expressivos.
7) Macanudo # 2 (Zarabatana) - É comum, em coletâneas de tiras, que os primeiros volumes não retratem a qualidade que o autor alcançou com o passar dos anos. Mesmo assim, este segundo álbum de Macanudo já mostra um amadurecimento do argentino Liniers no trato com alguns de seus personagens - sempre ousando no espaço tão pequeno das tiras. A menina Enriqueta e o gato Fellini, por exemplo, são o que me mais se aproxima de Calvin & Haroldo no quesito ternura. E há ainda o Senhor que traduz os nomes dos filmes, Olivério - a azeitona, os pinguins e outros. Merece ser conferido!
6) Eu sou Legião (Panini Comics) - Uma história de vampiros passada na Segunda Guerra Mundial escrita pelo badalado, porém pouco conhecido por aqui, Fabien Nury (na lista da revista DBD entre os maiores nomes da sexta onda dos quadrinhos franco-belgas) e desenhada pelo espetacular John Cassaday. Esse encontro resultou numa das melhores HQs lançadas no Brasil em 2009, uma trama madura, bem construída em mais de 200 páginas, que em momento algum descamba para os clichês, mesmo abordando dois temas já tão utilizados. Vale atentar para a forma surpreendente como o vampirismo da jovem Ana é apresentado.
5) Verão Índio (Conrad) - Numa eleição feita pelo Festival de Banda Desenhada de Amadora, em Portugal, Verão Índio ficou entre as 100 melhores HQs do século 20. Reunindo dois mestres da nona arte, Hugo Pratt nos roteiros e Milo Manara nos desenhos, a obra é mesmo tão bom quanto dizem. O ritmo do roteiro, os diálogos e atitudes dos personagens, as cenas de batalha com diversos participantes, mas nenhuma página dupla, as expressões dos rostos, o uso de flashbacks, o encadeamentos das cenas, tudo contribui para que esta HQ seja classificada como um clássico.
4) MSP 50 - Mauricio de Sousa Por 50 Artistas (Panini Comics) - Sem qualquer hipocrisia, não é porque este jornalista editou este álbum que ele figura nesta lista. A homenagem de 50 artistas brasileiros ao cinquentenário de carreira de Mauricio de Sousa foi, sim, um dos lançamentos de 2009. A antologia mostrou as versões de grandes nomes do mercado e de novatos para os personagens de Mauricio. E o resultado ficou belíssimo, em HQs assinadas por gente como Laerte, Angeli, Vitor Cafaggi, Spacca, Ivan Reis, Fábio Yabu, Rafael Sica, Rodrigo Rosa, Ziraldo, Fernando Gonsales, Gustavo Duarte, Erica Awano, Fábio Moon, Gabriel Bá e outros.
3) Sábado dos meus amores (Conrad) - Este álbum só não ficou no topo da lista, porque é compreensível que numa coletânea o nível não seja o mesmo em todas as histórias. Ainda assim, é um marco, por retratar de forma factível o carioca, o nordestino e o interiorano. Isso se mostra também na arte, sempre detalhada. Atente também para o cuidado de Marcello Quintanilha, este cronista dos quadrinhos, para fazer todos os rostos diferentes e desenhar as roupas. Impressionante! E pra quem gosta de futebol, a HQ De como Djalma Branco perdeu o amigo em dia de jogo é, desde já, um clássico!
2) Crônicas Birmanesas (Zarabatana) - Este é o melhor trabalho de Guy Delisle na sua trajetória de relatar a vida que levou enquanto morou em países ditatoriais. Shenzhen - Uma viagem à China e Pyongyang, ambos ótimos, serviram como um aprimoramento. Enquanto narra o seu cotidiano com o filho em Rangum, então capital de Myanmar (antiga Birmânia), ele forma um cenário completo e complexo, que inclui a censura e a perseguição à oposicionista e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. Mas também a umidade das épocas de chuva, as regras para dar esmolas a monges e as dificuldades para se achar uma conexão com a internet. Imperdível!
1) Retalhos (Quadrinhos na Cia.) - São quase 600 páginas de quadrinhos. E o leitor não consegue desgrudar do álbum, enquanto não chega ao final. Assim é Retalhos, que conferiu a Craig Thompson diversos prêmios mundo afora e, mais importante do que isso, encantou milhares de pessoas - inclusive quem não é fã de quadrinhos. Dos problemas na infância, em que era obrigado a dividir a cama com o irmão mais novo, à educação cegamente religiosa e à descoberta do amor nos braços de Raina, a trama envolve. Este jornalista deve admitir que não aprecia tanto HQs autobiográficas, mas esta foi pensada para esta mídia; não se trata, como tantas, de despejar memórias no papel. Tem começo, meio e fim bem estabelecidos, narrativa competente e um desenho que cria metáforas visuais incríveis - um casamento perfeito de texto e arte. Retalhos será citada em listas e mais listas das grandes obras da arte sequencial em todos os tempos.
E ainda merecem "menções honrosas": O corvo em quadrinhos, da Peirópolis, Negrinha e É tudo mais ou menos verdade - Jornalismo investigativo, tendencioso e ficcional de Allan Sieber, da Desiderata, Sgt. Rock - A profecia, Clássicos do Cinema # 15 - Cascão Porker e a pedra distracional, Heroes, Coringa, Tiras Clássicas da Turma da Mônica # 4 e # 5, Arqueiro Verde - Ano um e The Spirit - As novas aventuras, da Panini; Gênesis por Robert Crumb, O Sétimo Suspiro do Samurai - Volume 2, Encontro fatal, Gourmet, Os brasileiros, Clic 4, Nausicaä do Vale do Vento # 5 e Bambi # 4, da Conrad; O Necronauta, Os Mortos-Vivos # 4 - Desejos carnais e Zoo, da HQM; Courtney Crumrin e o Pacto dos Místicos, Fractal, Local - Fim da jornada, Predadores # 3 e A casta dos Metabarões - Volumes 2 e 3, Mutts - Os vira-latas, Níquel Náusea - Um Tigre, Dois Tigres, Três Tigres, Estação Luz, Taikodom - Eterno retorno (que teve dois volumes em 2009), Substitutos, Frank & Ernest, Star Trek - Ano quatro e Big Guy & Rusty, o Menino Robô, da Devir; O Guarani, da Ática; O aniversário de Asterix e Obelix - O livro de ouro, da Record; Johnny Cash - Uma Biografia, da 8Inverso; Umbigo sem fundo, Jubiabá de Jorge Amado, O chinês americano, A busca, Jimmy Corrigan - O menino mais esperto do mundo e Breakdowns, da Quadrinhos na Cia.; Perramus, Todo-poderoso Timão e O Mais Querido do Brasil em Quadrinhos, da Globo; Oninbo e os vermes do inferno - Volumes 1 e 2 e Vida boa, Salon e Shenzhen - Uma viagem à China, da Zarabatana; Speed Racer - Mach Go Go Go Completo - Edição de Colecionador, da NewPOP; Abe Sapien - Os afogados e Conan - Nascido no campo de batalha, da Mythos; Príncipe Valente XX - O Príncipe Escravo, que marcou o encerramento das atividades da Opera Graphica; A história dos Judeus, da Via Lettera; e as independentes Overdose, Cabaret, 1000 tiras em quadrinhos - A turma do Xaxado, A comadre do Zé, Pieces # 1 e # 2, Ato 5, Peiote # 1, Subterrâneo Especial # 5, Nanquim descartável # 3, Solar - Solo sagrado, Beleléu, Entrequadros # 1, Puny Parker, Os passarinhos e Magias & Barbaridades (as duas últimas online).
Republicações
20) A Morte do Superman - Volume 1 (Panini) - É verdade que esta saga não é nenhum primor em termos de roteiro. No entanto, é impossível não considerar o impacto que causou na época de seu lançamento. Em 1992, o combate destruidor entre o Homem de Aço e o alienígena Apocalypse levou os quadrinhos à mídia do mundo inteiro de uma forma impressionante. O problema deste volume é que a história foi "picada" pela DC - não há diversas páginas que os leitores da época do formatinho viram aqui em Funeral para um amigo, da Abril. E elas não devem sair no segundo álbum.
19) Coleção Batman 70 anos (Panini) - É bem verdade que só saíram três dos quatro volumes prometidos em 2009, mas ainda assim a iniciativa é bacana, por apresentar - especialmente aos leitores mais novos - histórias do Morcegão de todas essas décadas, assinadas por grandes nomes, como Bill Finger, Gerry Conway, Paul Pope, Jim Aparo, Alan Brennert, Dennis O'Neil, Dick Giordano, Gardner Fox, Gerry Conway, Carmine Infantino, Jim Aparo, Curt Swan e outros.
18) Turma da Mônica - Romeu e Julieta (Panini) - Esta é a terceira vez que este clássico dos quadrinhos infantis nacionais sai em edição compilada - foi publicada ainda em revistas de linha e almanaques. Mas é a primeira em que ganha um álbum tão luxuoso. Publicada originalmente no final da década de 1970, a história do amor de Montéquio Cebolinha e Julieta Monicapuleto virou peça de teatro, disquinho e brinquedos. Um sucesso que marcou as crianças a época. É interessante notar que a HQ traz os primórdios do traço arredondado dos personagens, com uma diagramação dinâmica e muita "música".
17) Lanterna Verde - Crepúsculo Esmeralda (Panini) - Merece elogios a iniciativa da Panini de republicar em edições compiladas histórias de super-heróis importantes que haviam saído no Brasil em formatinho. Crepúsculo Esmeralda é uma delas, pois é fundamental para compreender a cronologia do Lanterna Verde. Afinal, mostra a descida de Hal Jordan à loucura, sua tentativa insana de reconstruir Coast City e os primeiros passos de Kyle Rayner como herói. E o sofrimento de ambos é palpável, numa trama direta e envolvente escrita por Ron Marz e com desenhos competentes.
16) Tex - Edição em cores # 1 (Mythos) - Esta história é um clássico dos fumetti. A coleção que republica as aventuras do ranger em ordem cronológica, mas coloridas, sai semanalmente (com grande sucesso) na Itália, semanalmente, no jornal La Repubblica. Por aqui, a Mythos foi mais comedida: lançou o primeiro número e aguardou os resultados para dar continuidade à série, prevista para seis volumes apenas. Ainda assim, é interessante ver a origem de Tex, ainda escrito por Gianluigi Bonelli e desenhado por Aurélio Galleppini. Completa a edição uma bela matéria escrita por Julio Schneider.
15) Questão - Zen e a arte da violência (Panini) - Para os leitores mais recentes, que só leram a sofrível fase de Renee Montoya como Questão, este álbum, com uma grande aventura dos anos 80, é uma ótima pedida para apresentar Vic Sage, o jornalista investigativo que era o alter ego do herói sem rosto de Hub City, uma cidade tomada pelo crime e por políticos corruptos. Escritas pelo veterano Dennis O'Neil e com desenhos de Denys Cowan, as histórias mostram um Questão arrogante, que é baleado e depois treina intensamente para aprimorar suas habilidades e detonar os poderosos da cidade.
14) Luluzinha - O Conquistador (Devir) - Quando a Devir anunciou, em 2006, que republicaria em álbuns as histórias clássicas de Luluzinha, houve quem desdenhasse do projeto. Hoje, quase quatro anos depois, a série vai bem em vendas e já tem sete volumes lançados. As histórias trazem um humor pueril e muito divertido, sempre centrado na irrequieta Lulu Palhares, em Bolinha e em outros amigos. Pode ser o eterno duelo entre meninos e meninas ou um garotinho petulante que precisa ser pajeado. Trata-se de um material antológico, assinado por John Stanley e Irving Tripp.
13) Terra X- A saga completa (Panini) - Em novembro de 2001, este jornalista conferiu as quatro primeiras notas zero das resenhas do Universo HQ. E foram para as edições da minissérie Terra X, da Mythos, porque a editora cortou 150 páginas (84 de HQs e 66 de matérias) da obra. Oito anos depois, enfim, o leitor brasileiro pôde conferir a história na íntegra e ver que é um material interessante, especialmente pelo roteiro de Jim Krueger e Alex Ross, que mostra um futuro apocalíptico do Universo Marvel e explica o seu "funcionamento" desde o início dos tempos.
12) Novos X-Men - Imperial (Panini) - Aos poucos, a Panini também vai republicando, em compilações, grandes sagas de materiais relativamente recentes. É o caso de Novos X-Men, a fase que teve Grant Morrison nos roteiros e arte de nomes como Frank Quitely, Leinil Francis Yu, Ethan Van Sciver e Igor Kordey. Imperial é o segundo arco encadernado (o primeiros foi E de Extinção) da série e a história mostra os heróis mutantes tentando impedir que o mais poderoso império da galáxia caia nas mãos de um monstro chamado... Charles Xavier. E ainda traz a estreia de Xorn e sua entrada na equipe.
11) Bidu 50 anos (Panini) - O cinquentenário de carreira de Mauricio de Sousa rendeu muitos materiais bacanas. Um deles foi este álbum, que traz uma variada seleção de histórias em quadrinhos do Bidu, o primeiro personagem do autor. A edição apresenta um bom resumo da trajetória do cachorro azul, começando por uma HQ em preto e branco publicada na extinta revista Zaz Traz, passando pela fase em que ele vira "ator" e concluindo com uma aventura em estilo mangá. O volume ainda trouxe uma raridade de brinde: um fac-símile de Bidu # 1, lançado na década de 1960, pela Continental.
10) História e glória da Dinastia Pato (Abril) - Publicada pela primeira vez no Brasil em 1974, em revistas de linha, este clássico da Disney enfim ganhou uma edição à altura de sua fama. Em dois volumes, foram compiladas as histórias criadas na Itália em 1970, por Guido Martina (roteiro), Romano Scarpa e Giovan Battista Carpi (desenhos) e Giorgio Cavazzano (arte-final) e mais um episódio inédito criado em 1987. As aventuras, que correspondem à primeira origem da Família Pato, estão intactas, sem os vários cortes que sofreram anteriormente. E tudo é explicado nos ótimos textos complementares do jornalista Marcelo Alencar.
9) Biblioteca Histórica Marvel - Homem-Aranha # 3 (Panini) - Quer saber por que o Amigão da vizinhança se tornou o marco que é até hoje nos quadrinhos mundiais? Leia esta coleção. Claro que é preciso fazê-lo com o devido distanciamento histórico, pois os tempos eram outros na década de 1970, mas a essência do Homem-Aranha foi sendo construída nas páginas de suas primeiras aventuras. Neste terceiro volume da coleção, o herói encara o Escorpião, luta contra o Rei do Crime, Magma, Gato, Circo do Crime, Duende Verde e o Besouro (nesta, em parceria com o Tocha Humana). E, claro, enfrenta a ira eterna de J. Jonah Jameson.
8) Frequência Global (Panini) - As histórias deste volume saíram no Brasil primeiro pela Pandora Books, numa distribuição que só atingia as lojas abastecidas pelo extinto HQ Club. Depois, foram publicadas fora de ordem na revista Pixel Magazine. Agora, ganham um volume luxuoso. E ler as HQs da Frequência Global, uma cadeia de 1001 agentes prontos para salvar o mundo de todo tipo de problema, na sequência é ainda mais legal. Tudo graças à inventividade de Warren Ellis nos roteiros e ao time de artistas que reúne Garry Leach, John J Muth, Roy Martinez, Steve Dillon e Glenn Fabry.
7) Hellboy - Edição Histórica Volume 4 - A mão direita da perdição (Mythos) - Ler as HQs do demônio gente fina Hellboy é sempre um barato. Seja quando as tramas envolvem sociedades secretas, dragões, ectoplasma, vampiros, lobisomens, cabeças-voadoras-assasinas-ninjas, a infância passada numa base militar, feitiços para todos os gostos ou, até mesmo, panquecas, como acontece neste volume. A criação de Mike Mignola é uma inteligente forma que o autor encontrou (seja pelos desenhos ou pelos roteiros) para demonstrar a crença de que o homem é um mero joguete das forças do destino. Afinal, até Hellboy duvida de que sua condição de "coisa-ruim" o levará
a destruir o mundo!
6) Demolidor - O homem sem medo (Panini) - Frank Miller ganhou fama na indústria de quadrinhos pelo período em que esteve à frente da revista mensal do Demolidor. Depois de fazer sucesso em outras paragens, ele retornou ao herói cego da Cozinha do Inferno para recriar a sua origem, na minissérie compilada neste volume. O autor revê a traumática infância de Matt Murdock, seu treinamento com Stick, os primeiros meses na faculdade, sua paixão por Elektra e seu primeiro encontro com o Rei do Crime. E acerta (como não faz há tempos nas HQs), com diálogos inteligentes e cenas memoráveis, que ganham forma do no belo traço de John Romita Jr.
5) Y - O último homem (Panini) - Esta é outra série que ganha sua terceira versão no Brasil em menos de dez anos. Começou em encadernados da Opera Graphica, passou pela Pixel Magazine e agora sai pela Panini. Espera-se que, enfim, o leitor brasileiro possa conferir em sua totalidade este grande trabalho de Brian K. Vaughan, um dos trabalhos mais elogiados da Vertigo nos últimos tempos. O festival de mistérios que o autor espalha pela série deixa o leitor instigado. E os desenhos simples, porém objetivos, de Pia Guerra completam o cenário.
4) Calvin e Haroldo - A hora da vingança (Conrad) - É simplesmente impossível que uma compilação de Calvin e Haroldo seja publicada no Brasil e não integre esta lista de melhores republicações. Faz mais de dez anos que Bill Watterson decidiu parar de produzir a tira do endiabrado menino de cabelos loiros espetados e seu tigre de pelúcia malandrão, mas, ainda assim, o material continua atualíssimo e imbatível no quesito "fazer o leitor rir em tão poucos quadrinhos". A Hora da Vingança já é o sexto título da série publicado pela Conrad e a torcida é para que os demais venham logo.
3) Batman - A piada mortal - Edição especial (Panini) - Este clássico dos quadrinhos já saiu diversas vezes no Brasil - e merece continuar sendo republicado para que novos leitores o conheçam. A forma como Alan Moore, em meio a uma situação trágica, mostra que Batman e Coringa são praticamente dois lados da mesma moeda é, no mínimo, brilhante. O álbum tem como novidade a nova colorização, agora feita por Brian Bolland, o desenhista da obra. A edição traz ainda traz páginas de rascunhos, textos complementares, a primeira história do Coringa e uma HQ de Batman feita por Bolland originalmente em preto e branco, mas agora mostrada em cores.
2) Watchmen - Edição definitiva (Panini) - Se fosse perguntado a Alan Moore se Watchmen deveria bater um álbum como Nova York numa lista de melhores republicações, ele provavelmente escolheria a obra de Will Eisner. Para este jornalista não foi tão fácil a decisão; e o que pesou mesmo para esta, que é a melhor HQ de super-heróis de todos os tempos (ao lado de O Cavaleiro das Trevas), não estar no topo do ranking foi a quantidade de erros da edição dita definitiva. O roteiro brilhante, os desenhos impecáveis de Dave Gibbons e, claro, o leitor brasileiro merecia mais atenção e cuidado.
1) Nova York - A vida na grande cidade (Quadrinhos na Cia.) - Este é um álbum portentoso, que compila as republicações de Nova York - a grande cidade e O edifício e as inéditas Caderno de tipos urbanos e Pessoas invisíveis. Em todas as histórias, Will Eisner trata da relação das pessoas com o espaço das grandes cidades. E o faz com o brilhantismo de sempre. No seu traço tão marcante (vale prestar atenção na expressão facial e corporal de seus personagens, uma aula para artistas mais novos) e em seus enquadramentos ainda hoje surpreendentes, o velho mestre mostra como o ser humano interage com ruas, prédios, escadas, janelas e construções de uma metrópole. E muitas vezes nem precisa de texto para demonstrar essa relação. Como já disse Alan Moore: "Não existe ninguém igual a Will Eisner. Nunca existiu, e eu, em meus dias mais pessimistas, duvido muito que venha a existir".
Outras republicações que merecem ser citadas: O Inquilino, da Marca de Fantasia; Clássicos DC - Batman - Morte em família, Batman – Crônicas – Volume 2, Lanterna Verde - Crônicas - Volume 1, Wolverine - Inimigo do Estado, John Constantine - Hellblazer - Congelado, Turma da Mônica - Maico Jeca, Demolidor - Diabo da guarda, Dinastia M - Edição Especial Encadernada, Capitão América - Operação Renascimento, Turma da Mônica - Coleção Histórica, Universo DC Ilustrado por Neal Adams, Biblioteca Histórica Marvel - Demolidor # 1, Homem de Ferro - Extremis e ZDM - Terra de ninguém, da Panini; Antologia Chiclete com Banana, da Devir; Garfield - Série Ouro, da L±; Samurai, da EM; e Disney Big, da Abril.
Títulos regulares
10) Fábulas Pixel (Pixel) - É verdade, a revista teve um único número publicado em 2009 - e ainda foi o derradeiro -, mas mesmo assim trouxe um mix e tanto, liderado pela impressionante história de Promethea # 13, uma piração quase inacreditável de Alan Moore que J. H. Williams III conseguiu traduzir em desenhos de forma brilhante. A edição trouxe também HQs bacanas de Astro City e Fábulas e uma regular de Sandman Apresenta: As Fúrias. Pena que a Ediouro tenha tratado com tanto descaso os fãs deste título, que era um dos melhores nas bancas.
9) Naruto (Panini) - O ninja da Vila da Folha está de volta à lista dos melhores, pela regularidade que manteve durante o ano. Depois de dezenas de grandes batalhas entre Naruto, Sasuke e os demais personagens, termina o exame chunin e só Shikamaru é aprovado. Então, na edição # 28, o autor Masashi Kishimoto dá um salto temporal de alguns anos na trama. O protagonista retorna ao seu lar depois de um intenso treinamento com Jiraya, para novas aventuras. No mangá, essa fase não recebe uma nova nomenclatura, mas no animê foi batizada de Shippuden.
8) Turma da Mônica Jovem (Panini) - As aventuras da Turma da Mônica em versão adolescente e estilo mangá se consolidaram durante 2009. Ao contrário dos que achavam que seria uma moda passageira, a revista se manteve como a HQ mais vendida do Brasil. As tramas continuam enfocando o valor da amizade do núcleo central de personagens, formado por Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, mas passaram a ser intercaladas - ora uma história mais fantástica, ora uma que se passa no Bairro do Limoeiro e mostra o dia a dia dos jovens. A saga mais recente foi Monstros do Id.
7) Universo Marvel (Panini) - Foi um ano complicado para as revistas de super-heróis. Quase todas tinham um ou dois títulos bons carregando nas costas outros fracos. Assim, Universo Marvel se deu bem justamente quando sua "irmã" Marvel Action foi cancelada. Afinal, ela já abrigava a bem-humorada Hércules, os Thunderbolts de Warren Ellis (que deu aos personagens uma fase interessante) e o Quarteto Fantástico de Mark Millar e Bryan Hitch e, quando deu uma caída, ganhou de presente o Demolidor de Ed Brubaker e Hulk, que é basicamente pancadaria, mas diverte.
6) Marvel Max (Panini) - Esta revista, até a estreia de Vertigo, era a única do mercado para leitores que não se ligam em cronologia e buscam basicamente entretenimento sem precisar conhecer anos de história dos personagens. E Marvel Max continua sendo uma boa opção nas bancas. Em 2009, teve um primeiro semestre melhor, apesar da overdose de histórias com os Zumbis Marvel (o tema já está esgotando). Também foram boas leituras durante o ano 1985, de Mark Millar (roteiro) e Tommy Lee Edwards (arte) e Justiceiro e A guerra é um inferno, ambas escritas por Garth Ennis.
5) Ranma 1/2 (JBC) - Depois de ser publicada de forma precária pela Animangá durante alguns anos, finalmente este que é um dos melhores trabalhos de Rumiko Takahashi sairá no Brasil na íntegra e bem produzido. Afinal, a JBC é, inegavelmente, a editora que mais respeita seus leitores, concluindo todas as suas séries. Ranma 1/2 é um mangá bastante divertido e tem personagens muito marcantes. O protagonista, por exemplo, que, devido a uma maldição familiar, muda de sexo toda vez que se molha, gera situações que são sempre garantia de boas risadas.
4) Mágico Vento (Mythos) - Dá gosto ler este fumetto. Ao menos para quem aprecia tramas bem escritas, nas quais se nota nitidamente que o autor pesquisou um bocado sobre o tema - o que fica comprovado nos textos da Blizzard Gazette. Assim é Mágico Vento, que mescla ação, misticismo, mistério e intrigas de forma precisa e apresenta personagens com personalidades sempre bem definidas. A edição # 89, por exemplo, é fenomenal. A saga do xamã Ned Ellis e de seu amigo jornalista Poe já tem data para acabar na Itália, mas, felizmente, o fim demorará a chegar no Brasil.
3) Vertigo (Panini) - Apenas dois números em 2009 foram suficientes para fazer desta revista o melhor mix das bancas na atualidade. Ainda não tem a qualidade da Pixel Magazine, que contava com os materiais da WildStorm e da ABC para deixar suas páginas ainda mais atraentes, mas deve dar o que falar. O fato de não ser preciso acompanhar a cronologia dos personagens e os títulos Hellblazer, Escalpo, Vikings, A Tessalíada e Lugar nenhum são um belo atrativo, só que faltam notas editoriais e matérias complementares para enriquecer a publicação.
2) Homunculus (Panini) - A cada edição (bimestral, quando não atrasa), este mangá firma-se como um dos títulos mais inquietantes das bancas. Quando o leitor acha que sabe o rumo que a trama tomará, o autor Hideo Yamamoto surpreende. A série tem estupros, sedução de menores de idade e tortura psicológica mostradas de forma direta. E com um desenho perturbador. O protagonista Susumu Nakoshi, que se submete a uma trepanação (um furo na caixa craniana, para liberar o seu "sexto sentido"), tem sua vida desvelada ao mesmo tempo em que vai descobrindo os monstros pessoais das pessoas que o cercam. Homunculus é um dos poucos títulos a sair da mesmice atualmente.
1) J.Kendall - Aventuras de uma criminóloga (Mythos) - Num mercado com tantos títulos mensais nas bancas, é raro comprar um que o leitor tenha certeza de que seu dinheiro será bem gasto. Este fumetto está nesse seleto time. Mês a mês, as aventuras da criminóloga Júlia encantam por serem extremamente bem escritas e, mesmo quando se acha que isso é impossível, ainda conseguem surpreender quem está com a revista nas mãos. A regularidade que o título escrito pelo italiano Giancarlo Berardi (com o auxílio de Lorenzo Calza e Maurizio Mantero) apresenta é impressionante. Mesmo os números "mais ou menos" ficam acima de quase tudo que é publicado atualmente. E é importante ressaltar que a arte, assinada por nomes como Laura Zuccheri, Claudio Piccoli, Steve Boraley, Mario Janni, Enio, Lucio Leone, Alberto Macagno, Valério Piccioni, Ernesto Michelazzo e outros, é sempre de ótimo nível. Um bicampeonato merecidíssimo!
Merecem "menções honrosas": MAD, MPD Psycho, Bleach, Dimensão DC – Lanterna Verde e Superman (as duas últimas com alguns bons momentos), da Panini; DNA², da JBC; Star Wars, da Online; Luluzinha Teen e sua turma, da Pixel, que surgiu no embalo de Turma da Mônica Jovem; e as independentes Quadrinhópole, Graffiti 76% Quadrinhos e Café espacial.
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Sidney Gusman reclama, mas adora fazer essas listonas quando há diversos títulos de boa qualidade. Neste ano, ele e seus comparsas do Universo HQ ralaram mesmo foi pra chegar às dez periódicas...