Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Saiba o que rolou no debate promovido pela Fábrica de Quadrinhos

1 dezembro 2001

No dia 20 de julho (sábado) foi realizado no MIS - Museu da Imagem e do Som um debate com os principais editores de quadrinhos do país. Estiveram presentes Octávio Cariello (Fábrica de Quadrinhos), Tony de Marco (Cybercomix), Jotapê Martins (Via Lettera), Rogério de Campos (Conrad), Marco Moretti (Abril), Marcelo Cassaro (Trama) e Leandro Luigi del Manto (Pandora Books). Como mediador, o editor-chefe do Universo HQ, Sidney Gusman.

Entre os assuntos analisados, houve um consenso geral em relação ao mercado nacional, que tem apresentado uma sensível melhora, dando sinais de reaquecimento.

Outra proposta de discussão foi sobre quais meios devem ser utilizados para renovar o mercado de quadrinhos brasileiro, fazendo surgir novos leitores. Esse tópico revelou uma divergência de opiniões. De acordo com Rogério de Campos, os mangás têm exercido este papel, na medida em que as crianças voltaram a comprar quadrinhos, ou a pedir para seus pais que comprem os mesmos.

Sobre o mesmo assunto, Marco Moretti informou que a Abril pretende conquistar novos leitores com o lançamento da linha Ultimate, e do esperado Dark Knight 2, de Frank Miller. Já Lendro Luigi comentou que a Pandora terá um grande leque de novidades para o próximo ano.

Um grande problema citado foi o pouco investimento em marketing, por parte das editoras que publicam quadrinhos. Segundo os presentes, o principal motivo disto é a falta de interesse por parte das empresas, em geral, de investir neste meio, na forma de propaganda ou afins. Jotapê Martins exemplificou dizendo que apresentou uma proposta de negócios para cerca de 40 grandes empresas, buscando captar recursos para investir em lançamentos em parceira, que trariam grande exposição das organizações, mas, mesmo assim, não obteve sucesso junto a nenhuma delas.

Foi discutido também como incrementar a produção nacional de quadrinhos, e os debatedores apontaram o seguinte problema: a quase totalidade de trabalhos que recebem para analisar, é praticamente cópia do que se encontra em bancas, principalmente super-heróis e quadrinhos japoneses. Dificilmente recebem HQs com uma proposta diferente ou original. Na opinião dos editores, os artistas precisam se lembrar que o principal objetivo de uma história em quadrinhos é divertir e, com isso em mente, devem tentar elaborar algo novo.

Tony de Marco comentou a dificuldade de publicar quadrinhos na Internet, devido, principalmente, à falta de interesse dos principais artistas nacionais em publicar nesse meio, e informou que o Cybercomix está mudando sua proposta, passando de quadrinhos para animações.

O evento contou com uma presença ilustre na platéia: o chargista Paulo Caruso, colaborador da revista Isto É e de outros veículos, que aproveitou para fazer um convite ao pessoal da Fábrica e a todos os editores presentes, para participarem do próximo Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

Sobre a ausência de apoio governamental, através de leis de incentivo à cultura, Octávio Cariello afirmou que ninguém deve fazer quadrinhos e esperar alguém patrociná-lo. Ou seja, é preciso "arregaçar as mangas" e ir à luta.

O debate serviu também para o anúncio de algumas novidades, como a volta da Wizard sob o comando de Leandro Luigi e Maurício Muniz; e o lançamento de um álbum de luxo (em formato quadrado) pela Fábrica de Quadrinhos, ainda este ano, que terá periodicidade anual. Os roteiros do primeiro volume serão todos escritos pelo pessoal da Fábrica, com participação de 35 artistas.

O público presente (cerca de 65 pessoas) também participou, fazendo diversas perguntas. No final, foram distribuídas duas caixas de revistas em quadrinhos, pela Pandora Books.

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