Com o final do "casamento" entre a Marvel e a Abril, os leitores têm se perguntado como ficará a posição da mais tradicional editora de quadrinhos do Brasil.

Por isso, o Universo HQ entrou em contato com Sérgio Figueiredo Pinto, o Figa, redator-chefe e gerente de licenças da Abril, para esclarecer tudo sobre o rompimento com a "Casa das Idéias" e os planos futuros da editora. Confira o seu pronunciamento.

"Ao contrário do que foi mencionado em alguns veículos de comunicação, a linha Marvel está sendo interrompida pela Abril, não devido aos resultados de vendas, o desempenho em bancas ou a aceitação do publico. O contrato não foi renovado por uma decisão da Panini (nota do UHQ: empresa que detém os direitos da Marvel em nível mundial), após um desentendimento comercial sobre a distribuição de suas figurinhas no Brasil."

"Como as empresas não chegaram a um acordo sobre a distribuição das figurinhas, a Panini decidiu que suas figurinhas não seriam mais distribuídas pela Dinap (nota do UHQ: empresa do Grupo Abril, a maior distribuidora do Brasil). E, além de tirar as figurinhas, ela levou também as histórias em quadrinhos da Marvel."

"A Abril tentou negociar os dois pontos separadamente, o que não foi aceito pela Panini. Como não se chegou a um acordo com as figurinhas - negócio-chave para a Panini no Brasil, mais importante do que os quadrinhos - ela decidiu terminar com a parceria", explica Figueiredo.

Sobre os planos da Abril para o mercado de quadrinhos, Figa traz ótimas notícias para os fãs da DC Comics.

"Estamos renovando os contratos com a DC e com Spawn (nota do UHQ: título da Image) também. Vamos ampliar significativamente a linha DC, com mais títulos, edições especiais e republicações de histórias clássicas, num projeto que terá como 'marco zero' o lançamento de Cavaleiro das Trevas 2, na segunda quinzena de fevereiro de 2002", esclareceu.

Entre os títulos prometidos pela Abril estão 11 de setembro (o projeto da DC sobre os atentados contra os Estados Unidos); o álbum O Espírito da Verdade, estrelado pela Mulher-Maravilha, com arte estupenda de Alex Ross; a republicação de Cavaleiro das Trevas, Batman Ano 1, A Morte do Robin e A Morte do Super-Homem (todas em formato americano); e vários outros.

"Além disso, a Liga da Justiça realmente ganhará uma revista própria e, a partir do início de 2002, os títulos Premium terão periodicidade quinzenal", complementou.

Figueiredo finalizou falando sobre o sentimento de "dever cumprido" da editora nesses 22 anos de parceria.

"A Editora Abril se sente muito orgulhosa de ter trabalhado com a Marvel desde 1979, e tem absoluta certeza que colaborou muito para estabelecer as bases do que a Marvel é hoje no Brasil. A Panini está herdando um público que foi formado ao longo de muitos anos, depois dos fracassos da Ebal, Bloch e RGE (atual Editora Globo). Onde elas falharam, a Abril foi vitoriosa."

"A Abril, por vários anos consecutivos, inclusive em 2001, foi a editora que mais gerou royalties para a Marvel no mundo! Preferiríamos continuar com a Marvel, mas a Abril se sente igualmente feliz em expandir a DC, para o bem dos leitores. Por último, gostaria de dizer que trabalharemos sempre para produzir revistas com a melhor qualidade e o melhor preço proporcional. Este é o nosso compromisso!", encerrou.

Com a Marvel nas mãos da Panini e o prometido incremento da Abril na linha DC, pela primeira vez, os leitores brasileiros poderão presenciar uma concorrência "de verdade" entre as duas maiores editoras de super-heróis do planeta.

E vale esperar para conferir as "armas" de cada um nesta "briga". Uma delas, com certeza, será a distribuição das revistas. Afinal, vale lembrar, a Fernando Chinaglia, que atenderá a Panini, atinge aproximadamente 30% a menos dos pontos de vendas alcançados pela Dinap.

O jeito é esperar e torcer para que o maior beneficiado desta história seja o leitor. Enquanto isso, em dezembro, o último título da Marvel sob o selo da Abril chegará às bancas. Será Grandes Heróis Marvel # 17, que, literalmente, marcará o fim de uma era!