Super-heróis a peso de ouro
Com a segmentação do público, os quadrinhos de luxo, incluindo os super-heróis, estão cada vez mais caros - e o cenário parece irreversível.
Leitor de quadrinhos "das antigas" (como este escriba) deve se lembrar: com algumas moedas, era possível comprar sua revista em quadrinhos favorita, quase sempre infanto-juvenil ou de super-heróis - gêneros que predominavam nas bancas por volta da década de 1970.
Antes disso, eram ainda mais baratas. Para ficar no óbvio, as tiragens eram muito, muito maiores, o que possibilitava preços reduzidos.
O tempo passou, outras formas de entretenimento surgiram, as HQs vendem cada vez menos - parte delas, pois os Estúdios Mauricio de Sousa continuam bem, obrigado.
Mas chega de reminiscências, mesmo porque Samir Naliato fez uma boa análise, anos atrás, sobre o assunto, no Universo HQ.
Presente. Julho de 2009. O blog da loja Comix divulga alguns lançamentos da Panini. Confira três deles:
Terra X - Edição Definitiva (424 páginas, capa dura, R$ 110,00);
A Morte do Superman (392 páginas, capa dura, R$ 92,00);
Questão: Zen (176 páginas, capa dura, R$ 49,00).
Bacana, álbuns de capa dura são lindos. Mas será que é material digno de todo esse luxo? Afinal, não estamos falando de O Cavaleiro das Trevas (cuja edição em capa dura esgotou), muito menos do imprescindível Watchmen. Os títulos em questão são a morte do Superman (já lançada no Brasil em formatinho, pela Abril)! Uma HQ do Questão! E de similares.
Outra pergunta: o preço é maior porque as tiragens são menores, ou vende pouco porque os preços são maiores? Quem é mais "velhinho", certamente deve se lembrar da brincadeira de uma propaganda dos biscoitos Tostines, que hoje - que pena - se enquadra no mercado de quadrinhos.
Com certeza não é só culpa da editora. Mesmo porque a Panini é uma empresa sólida, e cabe a ela, e só a ela, decidir o preço dos seus produtos. Os parênteses ficam para quem acompanha os super-heróis, uma sensação estranha de olhar para determinados volumes de luxo e perguntar se era mesmo para tanto.
O que é fato é que quadrinhos, faz tempo, deixaram de ser uma diversão barata. É raro um leitor não reclamar dos preços praticados por esta ou aquela editora, algumas que nem estão mais no mercado, caso da Opera Graphica, que era uma das mais criticadas.
Enfim, este artigo não se propõe a apresentar soluções para a verdadeira "crise" dos quadrinhos (perdão, DC Comics), que os fará migrar cada vez mais das bancas para livrarias. A proposta aqui é pura e simplesmente retratar uma realidade que torna cada vez mais inviável comprar boa parte daquilo que se quer colecionar.
Lembrando ainda que o mercado não tem apenas os super-heróis, mas também ótimos materiais de diversas vertentes, inclusive trabalhos nacionais, sendo lançados mensalmente por diversas editoras.
Mas, pensando bem, essa é a parte bacana do negócio!
Concorda? Discorda? Comente!
Marcelo Naranjo só escreveu essa matéria porque não consegue mais comprar todos os quadrinhos lançados em bancas e livrarias. É um cara de pau.