Turma da Mônica: as coleções que marcaram época
Dos gibis aos manuais temáticos, passando por álbuns de figurinhas e até guarda-cadarços, os personagens de Mauricio de Sousa fizeram a alegria de muitos colecionadores.
Já se passaram 45 anos desde que o primeiro gibi da Turma da Mônica chegou às bancas.
De lá para cá, os personagens de Mauricio de Sousa (clique aqui para ouvir nosso podcast sobre ele) não apenas aumentaram a família e evoluíram no visual, mas conquistaram uma imensa legião de fãs no Brasil e em outros países, estrelando revistas em quadrinhos, tiras de jornal, desenhos animados e milhares de produtos licenciados.
Nessa lista também não faltaram artigos colecionáveis que ajudaram Mônica e seus amigos do Bairro do Limoeiro a se tornar as criações de maior sucesso da centenária história dos quadrinhos brasileiros e a perpetuar esse título pelo futuro distante.
Conheça alguns desses itens que marcaram – e continuam marcando – época para antigos e novos colecionadores.
Bonecos de vinil
A primeira coleção de bonecos da Turma da Mônica chegou às lojas em 1970, pela Trol.
Medindo 40 cm de altura, Mônica, Cebolinha, Papa-Capim e outros personagens vieram com as formas pontiagudas características de suas versões antigas.
Esse detalhe é hoje um dos quesitos que definem a raridade desses bonecos de vinil, procurados por colecionadores para guardar ou comercializar em sites de leilão.
Edições especiais de tiras
O que não falta na história da Turma da Mônica é coletânea especial de tiras.
Mas a primeira delas tem um gostinho especial por ter aberto as portas e, graças ao ano de lançamento (1974), ser hoje um item cobiçado entre colecionadores.
A coleção, em formato talão de cheque e lançada pela Editora Abril, teve 11 volumes, publicados até 1978, apresentando uma seleção de tiras agora consideradas clássicas.
A partir de então, outras editoras – como RGE/Globo, Panini e, atualmente, L&PM – publicaram séries nos mesmos moldes.
No entanto, a mais marcante para os fãs e colecionadores nos últimos tempos foi As Melhores Piadas, que chegou às bancas em 1985, também pela Abril.
Até 1986, foram 18 edições de bolso, estreladas por Mônica, Cebolinha, Cascão, Penadinho, Tina, Chico Bento, Bidu e até uma paródia da novela Roque Santeiro, que fazia muito sucesso na época.
Minigibis
Muito antes de acompanhar nas bancas a série mensal Gibizinho da Mônica, lançada pela Editora Globo no início dos anos 1990, os fãs da menina dentuça já haviam tido contato com as primeiras revistas em quadrinhos em miniatura da personagem.
Em dezembro de 1984, minúsculos (menos de dez centímetros) gibis da Turminha eram oferecidos de brinde nas revistas dos personagens, pela Editora Abril.
Quatro anos depois, eles reapareceram como brinde nas bandejas de iogurtes da Danone. A promoção trazia seis edições de 16 páginas cada uma, estreladas por Mônica, Cebolinha, Cascão, Chico Bento, Horácio e Bidu, já com o selo da Editora Globo.
Os minigibis voltaram em 1993, para uma promoção especial da Rayovac: comprando quatro pilhas da marca, vinha de brinde um gibizinho. Dessa vez, tinha também o da Magali.
Elma Chips
A parceria com a fábrica de guloseimas Elma Chips não rendeu apenas momentos prazerosos de degustação, mas também coleções que já se tornaram clássicas.
Era 1982 quando a empresa distribuiu nas embalagens de seus produtos a série Turma da Mônica – Dicas de Verão. Eram 28 modelos de cartõezinhos que, na capa e contracapa, traziam dicas para a criançada aproveitar melhor a estação mais quente do ano e, na parte central, um painel com uma gag estrelada pela garotada do Bairro do Limoeiro.
E em 1998, no clima da Copa do Mundo de futebol, a fábrica lançou, como brinde de seus salgadinhos, uma coleção de tazos – itens comuns entre os colecionadores do final da década de 1990 e início dos anos 2000 – em que cada seleção que disputaria o torneio foi representada por um personagem da Turminha, devidamente vestido com o uniforme de jogo.
Danbreaks
Tão inusitada quanto atraente para o público infantojuvenil de 1985, essa coleção de guarda-cadarços distribuída de brinde nos iogurtes da Danone virou a onda daquele momento.
Batizados de danbreaks (mistura de Danone com break, dança de rua que fazia sucesso na época), os badulaques eram caixinhas de acrílico em formato retangular, com cinco centímetros de comprimento por dois de espessura e mais dois de altura, divididas em duas partes que se encaixavam.
Na parte de cima podia ser colado um dos vários adesivos das cartelas que acompanhavam o brinde, com ilustrações diversas da Turma da Mônica em cenas e visuais esportivos.
Era só fazer o seguinte: depois de amarrados os cadarços dos tênis, o que ficava pendurado era colocado dentro das caixinhas e presas na parte superior do calçado, para não deixar nada desamarrar e ainda fazer a galera ficar com um "visu descolado" (mesmo que naqueles tempos essa expressão ainda não existisse).
Coleção Coca-Cola
Uma parceria entre a Coca-Cola e a Editora Globo, em 1990, resultou na coleção de cinco gibis especiais (Mônica, Magali, Chico Bento, Cebolinha e Cascão) guardados em uma caixa exclusiva.
Cada revista, em formatinho, tinha 32 páginas coloridas e o mesmo padrão visual na capa, mudando apenas o personagem da vez.
Para ganhar, era só trocar 15 tampinhas de refrigerante ou selos dos produtos participantes da promoção por um gibi ou pela caixa colecionadora.
Selos
Desde os anos 1980, a Turma da Mônica vem estrelando diversas séries de selos postais brasileiros.
Celebrando os Jogos Olímpicos, divulgando a ecologia e participando de muitas outras formas, os personagens de Mauricio de Sousa já fazem parte da história da filatelia nacional.
Foi em 1993, no entanto, que eles protagonizaram uma série que os marcou definitivamente e ganhou destaque na mídia: a homenagem aos 150 anos do Olho de Boi, primeiro selo lançado no Brasil.
Belos e valiosos, em todos os sentidos, os selos figuram na lista dos itens mais raros da memorabilia da garotada do Bairro do Limoeiro.
Gibizão
Formato gigante, capa e miolo em papel especial e mais de 40 páginas coloridas.
Assim era o Gibizão, lançado em 1996 pela Editora Globo e que seguiu até 2001 satirizando filmes, obras clássicas literárias e outros temas, como os super-heróis.
A coleção teve apenas nove edições trimestrais, apresentando histórias antigas e inéditas: Batmenino Eternamente, Horacic Park, Os Doze Trabalhos da Mônica, Romeu e Julieta, Comandante Gancho, Mônica e os Bárbaros, Superparque, Coelhada nas Estrelas e A volta ao mundo em 80 garfadas.
Figurinhas de chicletes
Os personagens de Mauricio de Sousa já estrelaram muitas coleções de figurinhas de chicles de bola das mais diferentes marcas. Mas algumas delas ficaram na memória.
Em 1994, a Sonric's lançou uma linha de chicletes com 24 figurinhas e um álbum para colá-las. Os cromos, no formato de um quadrado perfeito, se transformavam na história em quadrinhos Uma loucura de chicle. O sucesso garantiu outras três coleções – incluindo uma formando a HQ A maior bola do mundo e outra com cenas esportivas dos personagens (sem álbum) –, em 1995, 1996 e 1997.
Nos anos seguintes, até a década passada, a Sonric's lançou muito mais coleções protagonizadas pela Turma da Mônica, mas outras fábricas também têm várias em seu portfólio. Como a Perrita, que colocou à venda uma linha da Turma da Mônica Jovem, em 2010.
Manuais
Informações úteis, receitas culinárias, jogos, passatempos, poesias, contos ilustrados, truques de mágica e muito mais assuntos compunham o conteúdo dos manuais da Turma da Mônica, que a Globo lançou em 2001.
Manual de Aventuras do Cebolinha, Manual do Espaço do Astronauta, Manual do Cientista do Franjinha e vários outros livros em capa dura, que incluíam ainda os estrelados por Mônica, Magali, Papa-Capim, Chico Bento, Bidu e Cascão, tinham 240 páginas e foram reeditados outras vezes ao longo dos anos seguintes.
Álbuns de figurinhas
Dentre todos os vários e inesquecíveis álbuns de figurinhas da Turma da Mônica, existe um que merece destaque especial: A volta do Capitão Feio, lançado em 2006, pela Globo.
Trata-se de uma longa história em quadrinhos na forma de álbum de cromos.
Bastava completá-lo para ler a HQ na qual todas as galerias de personagens de Mauricio de Sousa se uniam num grande crossover para livrar o Cascão das garras do Capitão Feio – que, na verdade, se revelou como o sendo o Louco disfarçado (mas o colecionador teria que encontrar no envelope a figurinha certa para saber disso).
Além da criatividade, a publicação divertia não só pelo prazer de colecionar ou pela curiosidade para ver cada detalhe faltante da história. Afinal, a HQ também era engraçada e repleta de ação, com muitos toques de ficção científica, mistério e aventura frenética no estilo "temos que nos apressar antes que seja tarde demais".
Sem contar as citações visuais aos gibis de super-heróis, como o painel de meia página que emula o discurso do Monitor para os super-heróis da DC Comics, na maxissérie Crise nas Infinitas Terras.
Também vale registrar os álbuns A Turma da Mônica (1979) – lançado para comemorar os 20 anos de criação da Turminha, mostrava personagens que havia tempo não apareciam nos gibis e trazia um encarte com dois enormes cenários para aplicação de cromos especiais em transfer – e Como Diz o Ditado (1981), com mais de 250 figurinhas apresentando cenas divertidas que interpretavam ditados populares. Ambos foram lançados pela Abril.
As Tiras Clássicas da Turma da Mônica
Todas as tiras da Turma da Mônica publicadas em ordem cronológica e numa coleção de luxo? O sonho de qualquer "monicamaníaco" de plantão foi realizado.
Lançada pela Panini em 2007 e já há algum tempo parada, a série tem outro mérito, alem do resgate histórico de uma época e a chance de ver os primeiros traços gráficos e personalidades dos principais personagens da Turminha: trazer de volta criações de Mauricio de Sousa que são desconhecidas pelas novas gerações e não eram publicadas havia décadas.
Turma da Mônica – Coleção Histórica
Também lançada pela Panini, em 2007, essa coleção que republica os gibis Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Chico Bento, desde a primeira edição de cada um deles – lançados originalmente pelas editoras Abril e Globo nas décadas de 1970, 1980 e 1990 –, parecia uma realização tão impossível que muitos fãs juram jamais ter sequer sonhado com isso.
As revistas, cujas HQs reproduzem nos balões de diálogo a grafia de cada época em que foram lançadas, vêm com textos informativos que explicam detalhes da história, situam o leitor no tempo da publicação original, mostram páginas publicitárias antigas e revelam muitas curiosidades.
É uma volta ao passado que não tem preço para os fãs veteranos e uma oportunidade de os novos leitores verem tanto material de excelente qualidade que só os mais velhos podiam alegar o privilégio de ter acompanhado.
Guardada em caixinhas especiais, a coleção vai precisar de muito espaço reservado na estante para as edições que continuam chegando em levas bimestrais.
Coleção Alegria de Ler
Publicada pela Melhoramentos, em 2009.
São 12 livros de 24 páginas cada um, com formato quadrado e histórias ilustradas protagonizadas por vários personagens: Chico Bento – Caçando Rã, Mônica – Um Amor de Ratinho, Magali – Magalancia, Horácio – Mamãe Canguru, Cascão – O Porcão, Cebolinha – O Papãozinho, Anjinho – A Auréola, Jotalhão – Um Elefante nunca se esquece do quê?, Papa-Capim – O Menino do Espelho, Astronauta – O Bichinho Comilão, Penadinho – Um Amigo do outro Mundo e Bidu – O Filhote do Bidu.
Adaptados de HQs publicadas nos gibis da Turminha, os livros são ideais para estimular o hábito da leitura nas crianças e também se tornam diversão para os pais que gostam de ler histórias para os filhos antes de dormir.
MSP 50
Uma ideia ousada: reunir 50 artistas gráficos em um livro para homenagear Mauricio de Sousa, que estava completando cinco décadas de carreira.
O resultado: MSP 50 – Mauricio de Sousa por 50 artistas, uma edição de luxo em capa dura com HQs especiais e pin-ups da Turma da Mônica no traço de desenhistas donos dos mais diferentes estilos, em aventuras que passeavam do humor ao singelo, passando pelo drama e o surrealismo, com temáticas infantis e adultas.
Angeli, Ziraldo, Laerte, Fábio Moon, Gabriel Bá, Antonio Cedraz, Fernando Gonsales e Ivan Reis, somente para citar alguns dos nomes mais famosos dos quadrinhos brasileiros, se juntaram a autores das novas gerações para compor as 192 páginas do álbum.
O sucesso imediato da obra (antes e depois do lançamento) – além da grande oferta de artistas e a demanda crescente dos leitores – fez com que, em 2010, a Panini lançasse uma continuação, o MSP + 50.
Novamente, mais novatos e veteranos do traço se reuniram para produzir outras histórias em quadrinhos especiais com Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Tina, Astronauta e mais personagens de Mauricio de Sousa em versões jamais vistas ou imaginadas pelos fãs.
E uma nova edição da série chegou em 2011: MSP Novos 50, que encerrou a coleção.
Gogo's
Lançados em agosto de 2011, os bonequinhos estilizados viraram uma febre entre os colecionadores, com direito a comunidades criadas em diversas redes sociais. Eram dezenas de personagens de Mauricio de Sousa e surgiram em conjunto com um álbum de figurinhas, mas também eram vendidos em lojas de brinquedos.
Havia várias versões, como os coloridos, monocromáticos, metalizados e os Macro Gogo's (um pouco maiores e que vinham em uma maleta especial).
A rede Giraffas chegou a distribuir vários modelos em seus lanches e uma fábrica de bebidas infantis agregou os bonequinhos como brinde de um de seus produtos.
Graphic novels
A coleção do momento entre os fãs da Turminha de todas as idades, principalmente para o público adulto que havia deixado de acompanhar as HQs desses personagens e, graças ao selo Graphic MSP, retornou para curtir aventuras diferenciadas, produzidas por vários artistas que emprestam sua própria visão e um novo design para as crias de Mauricio de Sousa.
São álbuns de luxo, com 80 páginas, que já desfilaram nomes como Danilo Beyruth, Cris Peter, Shiko, Gustavo Duarte, Artur Fujita, Roger Cruz, Davi Calil, os irmãos Vitor e Lu Cafaggi, Paulo Crumbim, Cristina Eiko, Eduardo Damasceno e Luís Felipe, em histórias que passeiam pelo humor, drama, ficção científica e outros elementos.
Até o momento, foram publicadas nove graphic novels, protagonizadas por Astronauta, Chico Bento, Piteco, Bidu, Turma da Mata, Penadinho e Mônica e os amigos do Bairro do Limoeiro. A décima, do Louco, assinada por Rogério Coelho, sai neste mês ainda.
A Turma da Mônica tem um vasto repertório de coleções dentro e fora dos gibis. Às vezes, é necessário bolar um plano infalível para conseguir alguns itens antigos. Mas, felizmente, uma nova coleção está sempre surgindo no mercado para satisfazer os fãs.
Marcus Ramone tem muitas coleções da Turma da Mônica, mas um item que ainda falta a ele é um coelho Sansão para ganhar nós bem apertados nas orelhas.