Ele não é galã, nem educado e também não usa uniforme colorido! Mesmo assim, esse monstro verde de poucos amigos tornou-se um dos personagens mais populares dos quadrinhos. E em 2003 o Hulk promete fazer muito barulho com o seu filme.

Por Ricardo
Chacur

Em
1962, o escritor Stan Lee e o talentoso artista Jack Kirby resolveram
criar um personagem para uma nova revista. A mesma dupla, no ano anterior,
havia lançado o Quarteto Fantástico, que foi uma verdadeira revolução
nos quadrinhos, pelos conceitos dos heróis e as histórias inovadoras.

Stan Lee, que era um grande consumidor do gênero fantástico, queria bolar
um personagem inspirado em diversas criaturas da literatura de terror
e fantasia: Frankenstein, A Bela e a Fera, O Médico e
o Monstro e Lendas de Lobisomem. Depois, explorou com grande
habilidade assuntos como Guerra Fria, holocausto nuclear e bombas atômicas,
com mensagens anticomunistas.

A primeira aventura mostrava o reprimido Bruce Banner, um cientista norte-americano
determinado a criar uma poderosa e destruidora bomba de raios gama. Durante
a contagem regressiva para o teste, um jovem desocupado conhecido como
Rick Jones apareceu no local onde ocorreriam as explosões.

Sem perder tempo, Banner pediu para o seu assistente Igor Drenkov, que
na verdade era um espião russo, suspender a contagem regressiva. No entanto,
o plano do soviético era se livrar do jovem cientista americano!

Banner
salvou Rick, mas não conseguiu fugir da violenta explosão de radiação
gama. Em vez de morrer pulverizado, ele sobreviveu milagrosamente e foi
levado para um centro assistencial do exército.

Arrependido, Rick Jones ficou com o cientista até ele despertar. Quando
anoiteceu, ocorreu uma incrível transformação no corpo de Banner, que
se transformou num monstro cinza com inteligência limitada e força descomunal,
chamado de Hulk por um soldado aterrorizado.

Na sua estréia, o Hulk deveria ser cinza mas, por causa de problemas de
cores da gráfica, sua cor foi esverdeada. Isso acabou agradando Stan Lee
e Jack Kirby, que resolveram assumir o visual verde.

Para completar o drama do trágico personagem de quadrinhos, Banner estava
completamente apaixonado por Betty Ross, filha do general que supervisionava
o projeto Gama e que havia sido encarregado de caçar o Hulk.

O
sucesso do personagem foi imediato. Todavia, o Hulk aparecia em participações
secundárias, enfrentando heróis e vilões do universo Marvel.

Em 1964, o Gigante Esmeralda apareceu na revista Tales to Astonish
(Contos para Assombrar). Mas foi somente em 1968 que o Hulk ganhou
seu título próprio, que explorava o conflito interno de Bruce Banner,
em tentar conviver com a força devastadora do monstro preso dentro da
alma.

Na década de 1970, uma
série de televisão tornou o sucesso do personagem ainda maior. Os
desenhos animados também tiveram um êxito significativo.

Enquanto isso, os escritores e artistas dos quadrinhos mostravam o Hulk
como uma criatura violenta e até mesmo infantil. Com o passar dos anos,
Bruce Banner comeu o pão que o diabo amassou!

O estigma do Hulk era um fardo pesado para o cientista, que havia perdido
sua dignidade. Nos últimos anos, as HQs exploraram diversas possibilidades
do personagem, sempre colocando-o em aventuras e situações de extrema
destruição.

O
Hulk também sofreu incríveis metamorfoses. Foi dominado pela mente de
Banner e ficou inteligente, tudo para agradar os leitores que exigiam
mudanças significativas e novas aventuras, inclusive em outros planetas.

Hoje, o monstro continua o mesmo do passado, e até gerando polêmicas na
Internet, com algumas atitudes patrióticas, como carregar a bandeira dos
Estados Unidos, após os atentados
de 11 de setembro.

Com o êxito do filme do Homem-Aranha,
a Universal Studios resolveu contratar o diretor premiadíssimo
Ang Lee, ganhador de diversos prêmios com o filme O Tigre e o Dragão.

Sua
missão, apesar de não ser fácil, era criar um filme que mostrasse as origens
do monstro verde, tentando torná-lo convincente, mesmo com os magníficos
e inovadores efeitos Industrial Light & Magic, empresa de George
Lucas, o criador da série Star Wars. Parece
que conseguiu!

O elenco, com nomes consagrados como Nick Nolte (pai de Bruce Banner),
Jennifer Connolly (ganhadora do Oscar pelo filme Mentes Brilhantes)
e do jovem ator australiano Eric Bana, que interpreta o cientista Bruce
Banner, promete acrescentar veracidade na história.

Apesar do carisma e popularidade do Incrível Hulk e do apoio dos fãs de
quadrinhos, o Verdão enfrentará concorrentes de peso nas telonas, como
Exterminador do Futuro III e outras grandes produções. Resta saber
quem vencerá essa batalha pelo sucesso, na qual o destino dos quadrinhos
no mercado cinematográfico será testado mais uma vez.

Ricardo Chacur é quadrinhista e um dos criadores da série Cabeças
Caninas, estrelada por um cachorro amarelo de duas cabeças. Apesar
de ser fã do Hulk, ele conseguiu resistir à tentação de fazer seu personagem
verde...