Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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Companhia das Letras relança álbuns de Tintim

28 novembro 2005

Os Charutos do FaraóComo
foi anunciado
no UHQ
, a editora Companhia
das Letras
está relançando a série As Aventuras de Tintim,
de Hergé. E está começando logo com quarto álbuns: Os Charutos do
Faraó, O Lótus Azul, O Ídolo Roubado
e A Ilha Negra. Todas
estas histórias já haviam sido publicadas no Brasil, na década de 1960
pela editora Flamboyant e, no início dos anos 70, pela Record.

A volta às livrarias é muito bem-vinda. Tintim é um dos maiores clássicos
dos quadrinhos mundiais. O personagem foi criado por Hergé (pseudônimo
de Georges Remi), e já vendeu mais de 200 milhões de álbuns, em mais de
50 idiomas.

O estilo de desenho de Hergé, difundido nos álbuns de Tintim, ganhou o
nome de linha clara, por sua precisão e ausência de sombras.

Tintim serviu de padrão para outros, que, como ele, foram publicados primeiro
sob a forma de tiras ou episódios semanais, e posteriormente reunidos
em álbuns.

O Ídolo RoubadoPelo
menos por enquanto, a Companhia das Letras pulou os três
primeiros álbuns, que são mais polêmicos e apresentam aventuras isoladas

Esta escolha editorial é fácil de se compreender, afinal, Les
Aventures de Tintin - Reporter du "Petit Vingtième" - au pays des Soviets
,
Tintim na África e Tintim na América, foram produzidos
entre 1929 e 1932, e possuem traços fortes da política colonial e paternalista
da época, além de outras características hoje consideradas politicamente
incorretas.

Estão ausentes das aventuras publicadas personagens que depois se tornaram
clássicos, como o Capitão Hadock e o Professor Girassol.

A história Os Charutos do Faraó (Les Cigares du Pharaon),
a quarta aventura da série, foi publicada originalmente entre dezembro
de 1932 e agosto de 1934, em preto-e-branco, no suplemento infanto-juvenil
Le Petit Vingtième, que vinha encartado no jornal belga Le
XXe Siècle
.

A Ilha NegraA
primeira edição encadernada (ainda em preto-e-branco) foi publicada pela
Casterman
em 1934. Posteriormente, o álbum foi parcialmente redesenhado, colorido,
teve sua história reduzida para 62 páginas (formato definitivo dos álbuns
de Tintim no pós-guerra) e foi republicado em 1955.

O jovem repórter Tintim e seu inseparável cachorro Milu se envolvem numa
perigosa aventura que para descobrir um mistério envolvendo uma marca
de charutos e acabam encarando uma sociedade secreta e traficantes de
Ópio

O vilão Rastapopoulos, que surgiu em Tintim na América (que ainda
não foi republicado pela Companhia
das Letras
) é uma das presenças do álbum.

O Lótus AzulO
Lótus Azul
(Le Lotus Bleu), publicado anteriormente no Brasil
como O Loto Azul, é a quinta aventura da série, e foi lançado
em preto-e-branco, entre 1934 e 1935, no Le Petit Vingtième.
A Casterman editou o primeiro álbum com a história completa
em 1936, e a primeira edição colorida em 1946.

Hergé sempre se preocupou com a pesquisa de referências, históricas e
culturais de suas histórias. Em 1934, por sugestão do padre Gosset (capelão
dos estudantes chineses na Universidade Leuvense), encontrou
com Chang Chong-jen (a grafia do nome varia bastante, dependendo das fontes
consultadas), um estudante chinês da Académie des Beaux-Arts,
em Bruxelas.

Ambos se tornam bons amigos e Chang lhe explicou sobre a cultura, arte
e filosofia chinesa. Os dois perderam o contato durante a Segunda Guerra
Mundial e só se reencontraram em 1981.

Depois do primeiro encontro com Chang, as aventuras de Tintim passaram
a ser meticulosamente pesquisadas antes de serem produzidas.

O Lótus Azul
Em O Lótus Azul, Tintim viaja à China para procurar o líder dos
traficantes de ópio, como foi narrado Nos Charutos do Faraó,
e volta a enfrentar Rastapopoulos, um dos vilões recorrentes da série.
Neste álbum, Hergé introduz o personagem Tchang, baseado em seu amigo
na vida real, que voltaria a aparecer na aventura Tintim no Tibet.

O álbum tem uma forte mensagem anticolonialista, resultado do contato
entre Hergé e Chang, e mostra o imperialismo japonês na década de 1930.

Na época, o governo do Japão chegou a protestar com a Bélgica, em função
do trecho da história que mostra a explosão da ferrovia para a Manchúria,
que foi um dos pretextos japoneses para a invasão da China e deu início
à segunda guerra sino-japonesa. O Lótus azul difere muito do
tom das primeiras aventuras de Tintim.

Por causa deste álbum, Hergé foi convidado, em 1939, por Chiang Kai-Shek,
que governava a China na época, a visitar o país. No entanto, o autor
não pôde aceitar, pois logo eclodiu a Segunda Guerra Mundial e ele foi
convocado (era reservista) para servir por seu país.

O "pai" de Tintim só conheceria a China, mais precisamente Taiwan, em
1973.

O Ídolo Roubado
O Ídolo Roubado (L'Oreille Cassée) é considerada, cronologicamente,
a sexta aventura de Tintim. Sua publicação se iniciou em 1936, no Le
Petit Vingtième
. A Casterman lançou o álbum (em
preto-e-branco) em 1937; e depois colorido, em 1948.

O roubo de um ídolo indígena arumbaia do museu de etnografia faz Tintim
se envolver com os generais Alcazar e Tapioca, e os eventos políticos
da república sul-americana fictícia de San Theodoro.

A Ilha Negra (L'Ile Noire), a sétima aventura do repórter,
foi publicada entre 15 de abril de 1937 e 16 de junho de 1938, no Le
Petit Vingtième
. A primeira edição da Casterman,
em preto-e-branco, é de 1938, e a colorida, de 1943.

Os Charutos do Faraó
Na década de 1960, quando o álbum seria publicado na Inglaterra, a editora
Methuen reclamou que o país estava retratado de uma maneira
antiga (afinal, a história havia sido produzida na década de 1930) e entregou
uma lista pedante, com 131 "erros" que deveriam ser atualizados.

Hergé enviou o desenhista Bob De Moor, que era seu assistente no Hergé
Studios
, para fazer uma nova pesquisa e redesenhar os detalhes
que precisavam ser modificados. Esta nova edição foi publicada em 1966.
A Ilha Negra é o único álbum de Tintim com três versões distintas
publicadas.

Tintim vê um avião fazer um pouso forçado e toma um tiro do piloto. Depois
de se recuperar, resolve investigar o assunto, com o auxílio de Milu e
dos policiais Dupond e Dupont, viajando para a Inglaterra e a Escócia.

Os álbuns da Companhia das Letras, no formato 22 x 29,5 cm, são
coloridos, têm tradução de Eduardo Brandão, e custam R$ 33,00.

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