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Estreia hoje o Social Comics

31 agosto 2015

A partir das 19h de hoje, os leitores de todo o Brasil poderão assinar o Social Comics, aplicativo que promete ser a Netflix dos quadrinhos.

O serviço custará R$ 19,99 por mês, estará disponível na versão web e para celulares de tablets com sistema Android e iOs (que será lançada em breve). Os assinantes poderão experimentar a plataforma por 14 dias, gratuitamente, e a assinatura oferece acesso ilimitado a todo o conteúdo disponível.

No decorrer do mês de agosto, o aplicativo foi disponibilidade para um pequeno grupo para testes. O Universo HQ testou o aplicativo e a primeira impressão foi muito positiva.

O que o leitor deve ter em mente sobre o serviço é que ele não encontrará, ao menos não a princípio, os quadrinhos mais vendidos nas bancas brasileiras (ou seja, o serviço ainda não terá mangás, Marvel, DC e Mauricio de Sousa), mas, em contrapartida, terá um conteúdo bem vasto e em constante expansão que, certamente, valerá a quantia cobrada.

Nesse ponto, por qualquer ângulo que o leitor olhe ele leva vantagem em relação à compra dos títulos impressos. O preço da assinatura é equivalente a um ou dois dos títulos disponíveis na sua versão impressa e ele poderá ler muito mais que isso por esse valor. Por outro lado, pensando em termos da lógica de um serviço que oferece quadrinhos que muitas vezes o leitor desconhecia ou não queria se arriscar comprando, o valor cobrado é mais do que justo.

Algo muito interessante é a grande oferta de quadrinhos nacionais independentes. Os autores aparentemente abraçaram a ideia e o leitor terá a oportunidade de descobrir muitos títulos que, às vezes, são difíceis de adquirir ou ganham pouco destaque além das divulgações iniciais de lançamento.

Para o autor de quadrinhos a plataforma tem tudo para ser positiva. Basta formatar e enviar a HQ nos padrões do aplicativo. Ele poderá acompanhar o acesso e as quantidade de páginas lidas de seus títulos e será remunerado proporcionalmente ao número de assinantes e às páginas lidas da sua história. E, mais do que a remuneração em si, o autor ganhará visibilidade, pois estará ao alcance de todos os assinantes que já pagaram pelo acesso.

socialcomics

Essa oportunidade de "arriscar" sem custo adicional e conhecer um novo título, um novo autor, é um das grandes vantagens (tanto para o leitor quanto para o artista) desse modelo de assinatura de conteúdo.

Além de quadrinhos nacionais e de alguns destaques internacionais - como Juiz Dredd -, o aplicativo conta com as edições da revista especializada Mundo dos Super-Heróis.

O UHQ conversou novamente com João Paulo Sette, CEO da Social Comics, (veja aqui a primeira entrevista) sobre a avaliação da empresa no período de testes.

Universo HQ: Vamos ao que mais interessa aos leitores: o acervo. Nos últimos meses, vocês correram atrás de parcerias com editoras, os testers já viram alguns dos títulos das parcerias já divulgadas com a Devir, Mythos, Draco e Editora Europa e uma grande quantidade de autores independentes. Teremos alguma surpresa para o lançamento?

João Paulo Sette: O mais importante para dizer é que para o lançamento teremos mais de 600 títulos disponíveis na plataforma. Contactamos várias editoras e estamos aguardando algumas respostas. Acredito que no primeiro mês do Social Comics teremos bastante novidades. Algo que acho importante ressaltar é que passou de ser um arquivo PDF para se tornar uma realidade, isso traz bastante confiança de que estamos fazendo um trabalho sério.

UHQ: Falando em números, quantos títulos o leitor que já se cadastrou e começou a usar hoje pode esperar?

JP: Algo em torno de 700 títulos de editoras e independentes e a promessa é que acrescentemos mais.

UHQ: E para os autores e editores? Agora que vocês têm uma noção dos hábitos de leitura dos convidados que testaram a plataforma, já dá para ter uma ideia da rentabilidade? Os ganhos são compatíveis com os do impresso?

JP: A gente já tem ideia de valores, sim, mas esses seriam irreais. Mas o legal é que temos esse dado e foi bem positivo, melhor do que nossa expectativa, inclusive. Não gostaria e dar um número específico aqui, por que pode gerar uma expectativa e não sabemos como o mercado vai se comportar. O legal é saber que tivemos mais de 11 mil páginas de quadrinhos lidos na plataforma e ver que o nosso Business Inteligence está funcionando direitinho e gerando dados que ninguém tinha antes é algo fantástico!

UHQ: A Social Comics fará algum trabalho editorial para padronizar os títulos na plataforma?

JP: Sim. Nós contratamos a Paco's, que presta serviços para o mercado editoral. Ela será responsável pela nossa curadoria de conteúdo para artistas independentes. Prezamos muito pela qualidade dos quadrinhos na plataforma e precisávamos de alguém com competência para avaliar os conteúdos desses artistas independentes. Afinal, não podemos deixar que qualquer coisa entre na plataforma, como também precisamos prezar pela qualidade dos títulos para os leitores. Não é tão difícil ter um quadrinho ser aprovado no Social Comics, mas precisa seguir algumas regras. Vou te dar um exemplo, tivemos vários artistas independentes postando coisas como fanfics, concept ou sketchbook com trabalhos de editoras que não são autorais. Tivemos até gente enviando poema para o Social Comics. Aceitar um fanfic é algo contra os princípios da plataforma, por que trabalhamos apenas com produtos licenciados e originais. Para dar um norte a esses artistas independentes, a Paco's está desenvolvendo uma linha editorial do Social Comics que vamos apresentar muito em breve aos artistas independentes, para a segunda onda de divulgação de cadastro de independentes. Isso vai norteá-los sobre como devem preparar o seu conteúdo antes de publicar no Social Comics. Por fim, também gostaria de dizer que ter o conteúdo reprovado no Social Comics inicialmente não significa que se deve desistir. Estamos preparando algo muito legal para os artistas independentes que tiverem seu conteúdo reprovado inicialmente. Descobrimos gente muito talentosa que precisa apenas de um direcionamento, mas isso é pauta para outra matéria.

Só concluindo. Estamos também fechando com a Chiaroscuro, que é empresa correalizadora da CCXP e também a maior agência de artistas do Brasil, para ser nossa curadora de conteúdo editoral. A parceria com a Chiaroscuro será muito importante para a gente na captação de novos conteúdos inéditos e também na produção de conteúdo exclusivo para a plataforma. Ainda não posso falar muito sobre isso, mas teremos coisas muito legais daqui para frente.

UHQ: Já estão disponíveis o aplicativo para web e Android. Hoje sai o para iPhone/iPad? Vocês terão alguma outra plataforma disponível?

JP: A versão iOS em breve estará disponível. Estamos só aguardando a aprovação da Apple, que é mais "chatinha" nesse processo. No Google, foi pouco tempo de aprovação. E sim, muito em breve teremos o Social Comics para Windows Phone e Windows 10, o prazo para isso é de, no máximo, dois meses.

UHQ: Como foi o retorno dos testers? Eles gostaram da primeira impressão?

JP: Tivemos um retorno sensacional dos testers, foi uma taxa de 85% de acesso de todos os que tiveram o acesso liberado. Ou seja, é um número bem alto. Teve tester que leu todos os quadrinhos que já estão disponíveis. O mais legal dessa fase foi ver o feedback deles. Todos elogiaram muito a plataforma, mas também cumpriram seu papel de tester, que é nos dar informações sobre se eles gostaram, não gostaram, bugs etc. Corrigimos mais de 80 itens para o lançamento da plataforma, vamos mudar completamente nosso sistema de esteiras, que em poucos dias já estará disponível e atualizado, também vimos algo que planejamentos e pensamos bastante ir por água abaixo em poucos dias com o feedback dos testers. Coisas que a gente achava que era muito legal e na verdade não causou efeito nenhum, coisas que a gente nem deu muita atenção e o pessoal adorou. Feedbacks de coisas simples que foram opiniões unânimes, enfim... vimos as coisas se ajustarem muito rápido. Só no Google Play, nas primeiras 72 horas, tivemos 560 downloads do aplicativo no período de testes. Quase o triplo da quantidade de testers que tinha na plataforma. 90% dando cinco estrelas, mesmo sem acessar... tivemos alguns comentários de pessoas desavisadas que tentaram fazer uma conta e não conseguiram por que não eram testers, mas isso é coisa de público, mesmo. Enfim... no geral, ficamos muito felizes com o resultado do período de testers.

UHQ: Normalmente, quando o aplicativo é testado por um grande número de pessoas com equipamentos diferentes, são identificados vários problemas. Vocês tiveram tempo de resolver as principais reclamações? Têm um cronograma para novas versões?

JP: Sim, como eu disse na resposta anterior, resolvemos em duas semanas mais de 80 tickets para o lançamento, já preparamos novas features para o lançamento neste mês de setembro ainda, como por exemplo, outros planos além da assinatura mensal e pagamento com boleto bancário. Também como falei, estamos mudando todo o esquema das esteiras, elas serão 100% automáticas e os usuários darão menos clicks na plataforma. Tudo que estamos fazendo é para melhorar a experiência de usuário baseado nos feedbacks que recebemos. Sabemos que é uma constante evolução. Tenho amigos CEO's de aplicativos e sites que dizem que se torna quase um organismo mutante. Todo mês, certo comportamento dos usuários muda e você precisa investir em tecnologia para mudar também no aplicativo. Isso é natural e saudável, porque nos deixa sempre atentos às melhorias da plataforma. Sobre uma nova versão, temos sim um calendário, mas o que podemos dizer é que a atualização para a 1.2 será rápida, mas pra 2.0 os planos são na CCXP, mas tem muita coisa que depende de outra, então pode ser que a versão 2.0 fique apenas para 2016.

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