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Jim Lee e Dan Didio explicam reformulação da DC Comics

15 agosto 2011

The New 52

Há tempos no mercado de quadrinhos um assunto não ganha tanta repercussão e especulação quanto a total reformulação que a DC Comics está preparando para seus personagens.

Começando em setembro, a editora irá relançar toda a sua linha de revistas
a partir do primeiro número, algumas apresentando versões drasticamente diferentes
de heróis como Superman e Mulher-Maravilha, enquanto outras terão novidades
mais sutis.

Mas como surgiu a ideia de tomar tal decisão, e por qual motivo ela é necessária? Os editores Dan Didio e Jim Lee explicam esses e outros detalhes que concentram a atenção de todos os fãs desde que a novidade foi anunciada, há dois meses.

"Surgiu de maneiras diferentes. De um ponto de vista histórico, acho que todo
mundo se lembra da saga Crise nas Infinitas Terras e como houve um
renascimento criativo depois dela. Mas houve também algumas oportunidades
perdidas, por causa de decisões diferentes que poderiam ter sido tomadas
com certas franquias", começa Jim Lee.

"Tivemos uma grande reunião com os escritores, e grande parte dessa conversa
acabou se focando no Superman, sua mitologia e status quo, além do
tom geral do Universo DC e como melhorá-lo. As sementes do
que estamos vendo em setembro foram plantadas nessa reunião, e foi uma evolução
orgânica dos pensamentos e ideias que surgiram lá".

The New 52

Dan Didio continua a explicação. "A reunião foi feita para expressarmos o que
sentíamos falta nas nossas revistas, um sentido de aventura e empolgação.
Muito do que vemos hoje em dia em videogames, cinema e televisão são resultados
de quadrinhos. Queríamos retomar essa energia nas histórias e nos desenhos
de nossas publicações. Mas foi até vermos para onde nosso mercado
estava indo que sentimos a necessidade de dar um passo mais audacioso".

As conversas começaram a questionar se a editora estava sendo ousada o suficiente não apenas com o Superman, mas com todos os personagens.

"Sempre há a tendência de escolher o caminho mais seguro porque se sabe que esses personagens são muito amados, e os fãs irão reclamar e criar uma grande controvérsia se algo for mudado. Mas, se temos as equipes certas trabalhando nesses personagens, abrem-se portas que se quer explorar, e temos que ir nessa direção", disse Lee.

"Lembro-me da última vez que houve tanto interesse no Superman, e foi quando
John Byrne fez o reboot da franquia. Ele pegou a origem que conhecemos
e a atualizou com algumas nuances. Essa foi a época em que eu mais colecionei
suas revistas, e sinto que essa é a minha versão do personagem. Criou muito
entusiasmo não apenas com os fãs do Superman, mas com leitores de quadrinhos
em geral", relembra o editor.

Como resultado dessa reunião, começou uma análise mais aprofundada de cada personagem e do que estava funcionando bem ou não, e como a reformulação seria abordada.

"Foi tudo decidido do ponto de vista criativo", afirma Jim Lee. "Editorialmente falando, instintivamente sabíamos o que estava funcionando ou não. Então começamos a ver o que precisava de apenas um retoque ou de uma reforma geral. Como no caso do conceito que envolve os Novos Titãs, por exemplo, que deveria estar funcionando melhor e por isso precisou de um tratamento de choque. E assim foi, em alguns casos percebemos que o que tínhamos era muito forte para abrir mão, e outros precisavam mudar dramaticamente".

Mas isso não impediu muitos fãs de reagirem negativamente, e isso era esperado.
A editora espera que, em um ano, as pessoas passem a gostar do que está sendo
feito. Desde que, claro, o trabalho seja bem feito. "O que aceitamos como
status quo para esses personagens foi uma grande mudança em algum
momento. O que queremos é examinar todos os aspectos da mitologia desses heróis
e procurar por oportunidades empolgantes de levá-los para novas direções",
analisa Lee.

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Já Dan Didio afirma que a editora está ouvindo as preocupações dos fãs. "Nos
últimos dois meses, vimos suas reações e queremos mostrar para eles porque
estamos tão empolgados. Muitas de suas preocupações são infundadas. Muito
do que estamos fazendo foi pedido por eles durante anos. As pessoas tendem
a tirar conclusões precipitadamente, deveríamos estar vendo isso sob outro
ângulo, o de animação e antecipação".

Entretanto, a reformulação da DC Comics não será apenas com os personagens e suas as histórias. Uma das maiores novidades foi a decisão de fazer vendas digitais simultaneamente com a venda de revistas impressas. Com isso, literalmente, leitores do mundo inteiro estarão a um clique de distância de ler as histórias no mesmo dia em que as revistas chegam às lojas norte-americanas.

"O ideal é as vendas digitais aumentarem, mas também todo o mercado crescer junto. Esperamos que as vendas digitais sejam um estímulo a mais não para substituir, mas para somar com o mercado de revistas impressas", explica Lee. "Pode haver alguma convergência, mas a maioria dos fãs que gostam das revistas não vão mudar para o digital. A venda simultânea das histórias nos dois formatos fará o produto mais acessível para todo mundo, além de atrair tanto aqueles que se afastaram dos quadrinhos quanto os que nunca se interessaram antes. Todos poderão ver as histórias que estamos fazendo, e isso beneficiará toda a indústria".

Outra novidade é a ação de marketing planejada pela editora, que inclui propaganda na televisão e até nos cinemas.

E enquanto a atenção dos leitores se volta para setembro, a DC já está planejando o futuro. "Sempre digo que apatia é a pior coisa para os quadrinhos, porque a última coisa que queremos é acordar certa manhã e ver que todos os fãs se foram", reflete Didio. "Nosso objetivo é encontrar maneiras de reenergizar nosso mercado, nossa empresa e nossos personagens. Como medir isso? Pelo nível de empolgação, repercussão e, claro, de vendas. Temos que fazer nosso melhor agora. Se olharmos bem, o mercado está encolhendo, e temos aqui a oportunidade de reinventar a indústria, a marca, nossos personagens e nos reinventar junto".

Dan Didio também garantiu que, com a reformulação, a DC fará
de tudo para manter a periodicidade das revistas. "Leitores e vendedores têm
ficado preocupados nos últimos tempos a respeito da nossa inabilidade de publicar
as revistas em bases consistentes. A verdade é que nosso negócio é publicação
de periódicos, ou seja lançar essas revistas todos os meses.
Temos um contrato com os vendedores e com os fãs de entregar nossos produtos
de forma consistente, e vamos fazer isso", garante.

"No passado, relaxamos um pouco nesse aspecto, mas as pessoas estavam dispostas
a esperar por uma ou outra revista porque elas significavam muito para elas.
Mas quando isso começa a ocorrer com o mercado de forma geral, a paciência
é menor e o mercado inteiro sofre com isso. Temos que reconstruir a confiança
deles e, para isso acontecer, precisamos nos esforçar para manter os prazos.
Queremos a lealdade dos fãs de volta", encerrou Dan Didio.

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