100 Balas – Volume 14 – Declínio
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Brian Azzarello (roteiro), Eduardo Risso (desenhos) e Patricia Mulvihill (cores) – Histórias originalmente publicadas nas edições # 89 a # 94 da série 100 Bullets e em Vertigo Winter’s Edge # 3.
Preço: R$ 21,90
Número de páginas: 160
Data de lançamento: Abril de 2013
Sinopse
100 Balas – Esquinas e Curvas – Um garoto chamado Pip recebe uma missão de um traficante, ao mesmo tempo em que Graves descobre a deserção de um de seus mais próximos aliados.
100 Balas – Perdido no meio – Pip cumpre sua missão, Benito passa uma tarefa a Lono e Cole Burns e Jack Daw se encontram.
100 Balas – Mais perto – Os acontecimentos anteriores seguem se desenvolvendo, mas o grande destaque da história é a apresentação do responsável pelo fornecimento das pastas com 100 balas “mágicas” do agente Graves.
100 Balas – Nosso homem na ravina – Jack Daw, Cole Burns e Loop Hughes têm um conflito, enquanto Pip encontra a solução final para todos os seus problemas.
100 Balas – Dedicação – Remi Rome pretende matar Joan D’Arcy, mas uma notícia inesperada acaba comprometendo seu profissionalismo.
100 Balas – Troca de guarda – Devido à ação de Will Slaughter, Phil Graves, Augustus Medici e Javier Vasco se reúnem para acertar seus pontos de vista, e uma coincidência proporciona o primeiro encontro pessoal entre Lono e Dizzy, que é algo como juntar fogo e gasolina.
Noite inquietante – É uma noite de Natal agitada na delegacia, quando a senhora Bugg, uma simpática velhinha, aparece para confessar um assassinato.
Positivo/Negativo
Ler a série 100 Balas é como ser atropelado por uma jamanta de informações. Tudo parece estar conectado e em qualquer página parece haver uma intenção de significado.
Por exemplo, os títulos das coletâneas originais, lançadas nos Estados Unidos, buscam criar uma relação com o número do volume. Assim, o primeiro chama-se First Shot, Last Call e o segundo, Split Second Chance.
Se a referência não é explícita, ela se constrói por meio de trocadilhos: A Foregone Tomorrow é o volume 4, The Counterfifth Detective é o quinto, Strychnine Lives é o nono.
O número do encadernado também pode ser sugerido em de brincadeiras com títulos de filmes. Assim, Samurai, o sétimo volume, faz referência ao clássico Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa, e o 12º chama-se Dirty por causa do filme The Dirty Dozen (no Brasil, Os Doze Condenados).
O raciocínio de vincular o título do volume ao seu número se aplica a todos os 13 encadernados lançados, exceto ao terceiro, que deveria ser chamado The Charm, como na expressão inglesa “third time’s the charm”, mas que foi nomeado Hung up on the Hung Low, que é justamente o nome do arco de histórias que ganhou o Eisner Award.
Assim, a brincadeira com os números e títulos cedeu à decisão editorial de valorizar o prêmio.
Esse caso dos títulos serve pra ilustrar bem o complexo funcionamento da série e a busca de seus criadores para deixar abertas a maior quantidade de ligações, referências e interpretações possíveis.
Neste volume, nas quatro primeiras histórias, a trama contando as trágicas desventuras do menino Pip segue paralela aos eventos dos protagonistas da série, sem qualquer ligação aparente.
Entretanto, observando bem, percebe-se que as situações vividas por Pip são análogas às do elenco principal: ser tragado por eventos maiores, não ter controle sobre o desenrolar das ações, cometer erros brutais. É quase como se os letais Minutemen fossem um pouco como aquele menino pobre, perdido em uma quase incompreensível rede de violência.
Esse tipo de relação criada entre tramas paralelas foi utilizada em diversos momentos durante toda a série. De certo modo, 100 Balas é como um jogo, um quebra-cabeças tão complexo que, mesmo nesse momento, aproximando-se de sua conclusão, não se pode ter certeza se todas as peças dadas realmente se encaixam.
É difícil estabelecer quem são os adversários nesse jogo. Como Victor Ray fez antes, agora Burne Cole parece trocar de lado. Mas pra que “lado” ele trocou, se não há certeza que Graves e Medici são necessariamente inimigos?
Essa incerteza realça o clima de paranoia e absurdo do emaranhado de conspirações dentro de conspirações. Não existe controle algum, se é que um dia existiu.
Um exemplo da ilusão de controle que se desfaz é Remi Rome. Prestes a assassinar Joan D’Arcy, ele recebe um telefonema contando que sua mãe enfartou. Desesperado para terminar o “serviço”, acaba cometendo um erro que lhe custa muito caro.
O próprio agente Graves, que parecia inatingível, é privado da fonte de suas “balas mágicas” e sai desorientado, tentando descobrir de onde veio o golpe que sofreu.
Dentre conspirações e intrigas, há o confronto simplesmente eletrizante entre Dizzy e Lono, interrompido no clímax para ser concluído no próximo e último volume.
No Brasil, as coletâneas de 100 Balas foram lançadas em 15 volumes. O quarto, A Foregone Tomorrow, foi publicado por aqui em duas partes: Inevitável Amanhã e ¡Contrabandolero!
O mesmo se repete agora com Wilt, o décimo terceiro e último encadernado, que é lançado aqui nas coletâneas Declínio e Fim de Jogo. Trata-se de um único e longo arco de 12 histórias chamado 100 Balas, que deverá fechar toda a grande trama orquestrada por Azzarello.
Declínio apresenta as seis primeiras histórias desse arco final e traz ainda uma história curta, publicada originalmente nos Estados Unidos em janeiro de 2000. Em outubro do mesmo ano começava o arco do terceiro volume, Laços de Sangue.
Já Noite inquietante apresenta Grande Moe e Pequeno Moe, pai e filho, que aparecem assassinados logo no início de Laços de Sangue. Também revela a identidade do matador.
Novamente a sensação de que tudo parece se conectar, tudo parece fazer sentido, quase como se alguém estivesse orquestrando uma grande conspiração. Quase se consegue perceber o padrão.
Mas, se existe, esse padrão ainda é maior do que se pode apreender.
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