Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Álbum do Fantasma - A Infância do Herói

21 dezembro 2005

Álbum do Fantasma - A Infância do HeróiEditora: Ebal - Edição especial

Autores: Lee Falk (roteiro) e Wilson McCoy (desenhos).

Preço: CR$ 50,00 (preço da época)

Número de páginas: 32

Data de lançamento: 1979

Sinopse

A infância de Kip Walker, herdeiro da dinastia do Fantasma.

Positivo/Negativo

Eis aqui o grande precursor dos super-heróis, com a história dos primeiros dias de sua infância até atingir a maturidade, neste belíssimo álbum da Ebal, formato gigante, colorido, com introdução do professor Álvaro de Moya e capa de A. Monteiro Filho.

Numa trama bem engendrada, Lee Falk, o maestro que conduziu por décadas os infortúnios e alegrias do Espírito-que-anda, apresenta o surgimento de uma nova geração na dinastia do personagem.

O Fantasma é o primeiro herói propriamente dito, com direito a uniforme e máscara, e só não tem a alcunha de "super" por não ter nenhum tipo de poder diferenciado, que não sua força e astúcia.

Sem dúvida, o auge do personagem foi nas mãos da RGE (atual Editora Globo), com revistas mensais, almanaques etc. Por sua vez, a Ebal publicou, além deste, quatro álbuns com o herói em formato grande: Os Piratas Singh, primeira até quarta parte.

Relembrando: séculos atrás, o primeiro Fantasma estava a bordo de uma embarcação que foi abordada por piratas. Todos foram assassinados, com exceção do filho do dono do barco, que escapou de morrer afogado e foi arremessado numa praia.

Recolhido por um povo pigmeu, jurou sob a caveira de um dos piratas que dedicaria toda sua vida ao extermínio da pirataria, cobiça e injustiça, e que isso teria continuação em seus descendentes. Surge então a fama de imortal, quando pai e filho dedicam-se a combater o mal, geração após geração.

O pequeno e futuro herói nasce no meio da selva, e cresce junto com o povo pigmeu. Seu pai é o Fantasma, paladino da justiça, e sua mãe uma linda mulher, natural dos Estados Unidos.

Aos dez anos, o garoto segue rumo ao país natal de sua mãe, para ficar com os tios e estudar. E é chamado por eles de “Kip” Walker – nome que seria trocado em histórias posteriores, de maneira definitiva, para “Kit” Walker.

A adaptação é difícil, e o roteirista aproveita muito bem a deixa: é grande o choque cultural entre alguém criado na selva e a dita civilização. O pequeno Kip sofre com sua nova condição, numa bem-humorada e por vezes dramática e amarga crítica ao status quo daquilo que é adequado aos padrões sociais.

O jovem cresce, torna-se adulto, e o leitor não mais vê o rosto do personagem, fato mantido em todas as suas aventuras - ele é observado quase sempre detrás de óculos escuros. Chamado de volta à selva, encontra sua mãe em seus últimos dias de vida. Passa então a lutar ao lado do pai, até que este morre e chega a vez de Kip assumir o lugar no panteão de paladinos da justiça.

Curiosamente, como bem observado na introdução do álbum, o desenhista retrata a jovem Diana, futura esposa do Fantasma, com feições idênticas às da mãe do herói. Complexo Freudiano? - pergunta Álvaro de Moya.

O álbum tem uma falha: logo na primeira página, consta com destaque que os desenhos são de Ray Moore. Em seguida, no prefácio é colocado que essa trama tem desenhos de Wilson McCoy, este sim, na verdade, o responsável pela arte da história, criada na década de 1940.

De toda maneira, é um clássico dos quadrinhos mundiais, num álbum digno de um colecionador que se preze. Merece ser conhecido, descoberto, relembrado e apreciado com carinho, fruto de uma época menos complexa, na qual o branco era branco, preto era preto, e não havia área cinza. Ou seja, o bom era herói, o mau era vilão e a selva ainda era de fato um lugar misterioso. Pode, por vezes, não parecer, mas era divertido. E como!

Em tempo: com a nova tendência dos quadrinhos ocuparem as livrarias em lançamentos luxuosos, com tratamento especial e capa dura, já está na hora de alguém arriscar um volume com as melhores histórias do Fantasma. E nem é preciso fazer o juramento da caveira para descobrir que existe um público talvez pequeno, mas certamente fiel e ávido por novidades do personagem.

Classificação

4,0

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