Antes de Watchmen – Volume 8 – Minutemen
Editora: Panini Comics – Maxissérie mensal
Autores: Minutemen – Darwyn Cooke (roteiro e desenhos) e Phil Noto (cores) – Originalmente em Before Watchmen – Minutemen # 1 a # 6;
A condenação do Corsário Carmesim – John Higgins (roteiro e desenhos) – Originalmente em Before Watchmen – Manhattan # 3 e Moloch # 2.
Preço: R$ 21,90
Número de páginas: 152
Data de lançamento: Dezembro de 2013
Sinopse
Minutemen – Logo quando surgiram, os Minutemen foram tomados como meros exibicionistas fantasiados por alguns, e simplesmente como degenerados perigosos por outros. Mas o tempo se encarregou de transformá-los em verdadeiros heróis… mesmo que a realidade fosse um pouco mais complexa que isso.
Amplas eram suas asas de dragão – Parte quatro – Com o final da missão maldita para recuperar sua alma, o oficial júnior da marinha real inglesa conhecerá a verdade sobre o Corsário Carmesim.
Positivo/Negativo
O polêmico projeto Antes de Watchmen chega ao final com esta edição com ares de nostalgia, devido ao seu autor: Darwyn Cooke, quadrinhista responsável pelo excelente DC – A nova fronteira.
Ele dividiu o roteiro com Amanda Conner no volume dedicado à personagem Laurie Júpiter, a Espectral. E manteve a qualidade com uma boa história.
O narrador dos seis capítulos é Hollis Mason, o Coruja original, que conta a gênese dos vigilantes mascarados Minutemen, no final da década de 1930. Na primeira parte, Cooke segue a cartilha sem sair da linha, apresentando os personagens um a um.
O volume dialoga com a edição anterior, Dollar Bill & Moloch, colocando pela primeira vez um “rebite” na própria série, algo que só era visto por meio da obra original, escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons.
Infelizmente, um dos pontos que se demonstra interessante na trama também aponta para uma deficiência que se observa na maioria das histórias do projeto. Se não forem bem conduzidos, os hiatos deixados em Watchmen se transformam em apenas uma cópia pálida do que foi “insinuado” por Moore e Gibbons.
Dois exemplos distintos abordados aqui são a Silhouette e o Justiça Encapuzada, personagens pouco abordados na série original.
As origens da primeira acrescentam boas surpresas e novidades quando são descortinadas na versão de Darwyn Cooke – usando como suporte uma investigação de crianças desaparecidas.
Já o segundo é “mais do mesmo”, principalmente quando escancara sua opção sexual junto com o Capitão Metrópole, que era mais circunspecto, deixando o julgamento final pelo entendimento do leitor.
Outro elemento bastante explorado pelo autor é a questão da publicidade envolvendo a equipe de mascarados (também um link para Dollar Bill & Moloch). O marketing faz com que Cooke avance na sua meta em Minutemen: a nostalgia perante a perda da inocência.
As instabilidades psicológicas do Mariposa são trabalhadas de modo a convergir para o seu destino traçado em Watchmen.
Em determinado momento, entre as idas e vindas na vida do Hollis Mason aventureiro e o Hollis Mason aposentado, apresentando o manuscrito de Sob o capuz, autobiografia que irá revelar os bastidores do universo dos vigilantes, Cooke faz sutilmente a sua crítica à indústria dos quadrinhos. Nos anos 1960, no encontro com o agente da Espectral, Larry Schexnayder, ele alfineta (também o “mundo real”) apontando que o que importa é a “marca” e o que pode se extrair dela.
A “moda muito lucrativa” que Larry enxergava pode ser vista como é feito desde sempre com as estrelas hollywoodianas, quando se arranjavam namoricos entre os membros para disfarçar a opção sexual, colocá-los posando sensualmente sob os holofotes dos fotógrafos ou atolando o grupo em uma agenda cheia de compromissos publicitários.
O autor ainda tem fôlego para seguir corretamente em algumas trilhas e ser (bem) mais radical no destino de outros seguimentos. Uma atitude ousada e de demonstração da personalidade de Cooke. Cabe ao leitor julgar se ele extrapolou ou não.
A bela arte estilizada casa bem com a proposta de tom nostálgico e, ao mesmo tempo, de “quebra” do estereótipo da áurea de inocência ao redor dos mascarados do passado desconstruídos inicialmente na sacramentada obra original. O mal que se esconde por trás dos sorrisos cintilantes dos heróis da Era de Ouro.
A maneira como o quadrinhista alterna o ritmo das páginas pela diagramação (que, às vezes, segue o padrão de Watchmen, com nove quadros igualmente divididos por página) mostra como ele sabe usar a narrativa ao seu favor.
Por fim, o final nada original de A condenação do Corsário Carmesim cumpriu o seu papel: não acrescentar nada ao projeto. Perda de tempo pomposa e verborrágica.
No final das contas, observando de uma maneira geral os altos e baixos de Antes de Watchmen, pode-se tanto encarar a série como um mero “caça-níquel” orquestrado pela DC Comics ou simplesmente vê-la como um exercício ou revisitação do universo criado nos anos 1980 e que gera lucros à editora norte-americana até hoje.
Um exercício de criatividade que teve êxito na sua totalidade. Ou não. A decisão fica nas mãos dos leitores, do mesmo jeito que esteve nas mãos do jovem nerd estagiário do jornal New Frontiersman, frente ao diário de Rorschach, no desfecho de Watchmen.
Classificação