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A Arte – Conversas imaginárias com minha mãe

7 fevereiro 2014

A Arte – Conversas imaginárias com minha mãeEditora: Martins Fontes – Edição especial

Autores: Juanjo Sáez (roteiro e arte) – Originalmente em El arte - Conversaciones imaginarias con mi madre

Preço: R$ 48,00

Número de páginas: 264

Data de lançamento: Setembro de 2013

Sinopse

Neste livro, Juanjo Sáez apresenta sua visão da arte contemporânea, e dá um passeio por vários museus, apresentando trabalhos e artistas do quilate de Miró, Calder, Dalí e Picasso, sempre explicando para sua mãe mais sobre a arte moderna.

Positivo/Negativo

A Arte é um livro autobiográfico. Mas está preocupado em mostrar tanto a biografia de seu autor, quanto a história da arte contemporânea. Juanjo Sáez é um espanhol nascido em 1972, que mostra sua clara preocupação em promover a arte contemporânea e, mais ainda, fazer com que ela seja “entendível” para a maioria da população que, como a mãe do protagonista, não gosta de arte porque não a compreende.

O que é arte? Quais as fronteiras do trabalho artístico? Como pode um urinol ser enviado para um concurso de arte nos Estados Unidos e ser tido como uma das maiores obras de Marcel Duchamp? Por que as pessoas preferem Dalí a Picasso? O que as obras de Miró querem dizer? Essas são algumas das questões que Sáez procura desvendar com sua obra.

Com um traço divertido, simples, de fácil absorção e entendimento, o Sáez busca passar ao leitor a forma como ele entende a arte e os motivos que o fizeram estudá-la na faculdade e ser artista.

Uma vez que nem ninguém é capaz de reproduzir com fidelidade uma obra de Magritte, Miró ou Dalí, Sáez se aproveita de seu desenho infantil para, ao infantilizar as obras, promover um entendimento muito maior sobre elas. É a simplificação a favor do esclarecimento.

O leitor vai perceber, já no início do livro, que os personagens não têm rosto. Por quê? O próprio Juanjo Sáez responde: “porque meus rostos não ficavam bons”. Assim, com essa honestidade, ele vai compondo um relato sobre o que é arte contemporânea e como as pessoas podem apreciá-la.

E dessa forma o leitor percebe como a obra é autobiográfica, já que os artistas escolhidos por Sáez são os que ele gosta. Há Magritte, Picasso, Warhol, mas apenas breves citações de Pollock e Lichtenstein, e nada sobre Richard Hamilton e Claes Oldenburg.

Além dos artistas, Sáez tenta compreender os movimentos estéticos e os motivos que levaram os artistas a desenvolverem aquelas obras, sempre de uma maneira de fácil entendimento para qualquer leigo.

O que é criatividade? O que é a intuição do artista? O que é a sensibilidade? Essas perguntas tentam ser respondidas pelo autor. Além disso, ele traça um perfil do artista padrão, como a sociedade o enxerga e quais fatores fundamentais o diferem das demais pessoas ao seu redor.

E como Sáez faz isso? Explicar arte para leigos é uma das tarefas mais complexas a serem feitas. Por isso a mãe de Sáez está com ele a todo momento. Ela faz o papel de leiga que quer aprender um pouco mais (às vezes, nem quer tanto). E o faz na mente do protagonista. Isso porque raras são as conversas reais entre Juanjo e sua mãe. A maioria delas, como ele mesmo diz, são imaginárias.

A dificuldade de entender a arte contemporânea, a falta de hábito de ir aos museus, a satisfação com outras mídias artísticas – como o cinema ou a televisão – e a própria preguiça de aprender são retratadas pela mãe do personagem, que vive sempre às voltas com a sua própria mãe, que tem uma história incidental na trama.

A edição brasileira, da Martins Fontes, é primorosa. Além da ótima tradução de Monica Stahel, o destaque fica por conta do letreiramento feito por Lilian Mitsunaga, que desenha as letras tal qual o original. Inclusive com rabiscos no meio das páginas, letras riscadas e palavras cortadas ao meio e recolocadas por cima.

Por fim, um livro essencial para duas classes de pessoas: os amantes da arte e os professores de arte. Além disso, qualquer pessoa que conhece um pouco do assunto, e quer aprender mais, pode ter um aliado valoroso.

E quem não conhece nada de arte tem uma forma muito interessante de começar a conhecer alguma coisa deste universo.

Classificação

5,0

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