Barbarella
Editora: Jupati Books – Edição especial
Autor: Jean-Claude Forest (roteiro e desenhos) – Originalmente em Barbarella (1964). Tradução de Pedro “Hunter” Bouça.
Preço: R$ 42,00
Número de páginas: 72
Data de lançamento: Setembro de 2015
Sinopse
Uma aventureira intergaláctica envolve-se em diversas aventuras pelos planetas, muitas vezes usando seu corpo para enfrentar o perigo.
Positivo/Negativo
Barbarella é uma HQ mais comentada do que lida no Brasil. Antes desta edição da Jupati, foi publicada apenas uma vez por aqui, em 1969, pela extinta Linográfica, com tradução de Jô Soares. O filme de 1968, com Jane Fonda e dirigido por Roger Vadim, é que se tornou uma imagem mais presente, facilmente encontrado em DVD e com aquele antológico strip-tease dos créditos de abertura.
No entanto, a revolução cultural para a história em quadrinhos, que a aventureira ajudou a criar, se tornou lendária e citada em diversos livros teóricos, como Shazam!, de Álvaro de Moya. O prefácio do jornalista Gonçalo Jr. para esta nova edição também trata disso.
Para ambos, Barbarella ajudou a consolidar uma mudança para o papel da mulher nas HQs. Quando surgiu, em 1962, os quadrinhos ainda viviam a onda conservadora que se fortaleceu nos anos 1950. A personagem de Jean-Claude Forest encarava suas aventuras de ficção científica combinando um ar meio trash e uma sensualidade até então sem igual.
A heroína não tinha o menor pudor de usar o seu corpo escultural para se livrar dos problemas. Dormia com aliados e inimigos (e até com um robô!) e tomava, sem cerimônia, a iniciativa quando o assunto era sexo. Estava no comando, o que era um papel feminino raro então.
As tramas iniciais que compõem este volume foram lançadas em série, na revista V-Magazine. Reunidas, não há separação entre elas, a não ser um grande quadro que anuncia o início do próximo capítulo.
A narrativa não se conclui em nenhum deles: uma aventura vai puxando a outra, começando pela chegada de Barbarella ao planeta Lythion, onde encontra uma grande estufa, vai parar no interior de uma medusa gigante, descobre uma cidade coberta de neve e se envolve com uma revolução. Ali, conhece Pygar, o anjo cego que aparece como personagem também no filme.
Não dá para levar a trama muito a sério. Forest aposta no escapismo absurdo, no ritmo acelerado e flerta com a comédia o tempo todo. Algumas situações acabam se sobressaindo, como a aventura dentro dos sonhos turbulentos de uma rainha má e a heroína enfrentando a máquina dos orgasmos (cena também aproveitada pelo filme).
Mas o destaque mesmo vai para o desenho, em que Forest aproveita muito bem os cenários e se esmera em tornar Barbarella uma das mulheres mais sensuais dos quadrinhos em todos os tempos – com ou sem roupa.
A edição brasileira recupera os tons de azul originais sobre o preto e branco, ausentes na primeira publicação nacional. O final fecha apenas em parte a trama até então, com Barbarella já à espera da aventura a seguir. Que pode vir em um próximo álbum, já que este tem um discreto Volume 1 na lombada.
Um bom e bem-vindo retorno para uma personagem histórica.
Classificação
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