As barbas do Imperador – D. Pedro II, a história de um monarca em quadrinhos
Editora: Quadrinhos na Cia. – Edição especial
Autor: Spacca (roteiro, arte e cor) – a partir do livro homônimo, escrito por Lilia Moritz Schwarcz.
Preço: R$ 49,00
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Janeiro de 2014
Sinopse
A edição em quadrinhos de As barbas do imperador é uma adaptação do livro homônimo de Lilia Moritz Schwarcz, feita por Spacca, narrando vida e morte de D. Pedro II.
Positivo/Negativo
A construção da imagem das grandes figuras públicas sempre foi algo estrategicamente bem calculado, principalmente após a institucionalização do Estado.
No álbum As barbas do imperador, publicado pela Quadrinhos na Cia., Spacca retoma a parceria com Lilia Moritz Schwarcz, iniciada em D. João Carioca – A corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821), adaptando sua prosa para um lúdico e crítico relato em quadrinhos de como a imagem de D. Pedro II foi moldada desde a tenra infância até depois de sua morte, chegando, contraditoriamente, a legitimar os próprios ideais republicanos.
D. Pedro II precisava ser visto pelo povo como um homem diametralmente oposto ao seu pai. Por isso, a imagem de “mártir da nação” foi forjada desde o seu nascimento e perpetuada nas séries de retratos e biografias oficiais da corte, que frequentemente o mostravam como uma criança precoce, extremamente ponderada e racional.
A educação rígida dada a D. Pedro II pelo Marquês de Itanhaém, seu tutor, corroborou para a fama de “monarca culto”, amante das ciências e das artes, defensor dos indígenas, das tradições populares e do progresso.
Ser tido como um rei pé no chão, que vestia casaca e usava cartola e passeava pelas ruas como um cidadão comum, que participava de cortejos populares, dava seu sangue se preciso fosse para o Brasil vencer uma guerra, preferindo manter-se um tanto quanto distante das intrigas políticas e da corte em prol dos estudos, tornava-o bem quisto entre quase todas as camadas da população, até mesmo entre os negros escravos e os índios (esses últimos incorporaram a figura dele ao mito de Aukê, tamanha sua relevância).
Aqui, Spacca utiliza de forma magnífica a iconografia oficial, mas também promove um embate entre ela e as charges de Angelo Agostini e Rafael Bordalo Pinheiro, as quais desconstruíam a figura do referido imperador, ironizando-o como um jovem velho barbudo, com “erudição de papagaio”, que saía mundo afora procurando satisfazer sua fome por conhecimento e deixando o Brasil ao Deus dará.
Assim como Santô e os pais da aviação e D. João Carioca, As barbas do imperador dá continuidade ao revisionismo de fatos e personalidades da História nacional, e é muito bem conduzido por Spacca, apesar de o recorte temporal ser deveras longo – foi preciso relatar nuances e peculiaridades do governo mais duradouro do Brasil (de 1831 a 1889).
Como complemento, a edição traz 23 páginas de material extra, entre esboços, textos, notas sobre autores, pensadores e telas citadas ao longo do trabalho e um diagrama resumindo a cronologia dos acontecimentos; além da bibliografia consultada, conferindo mais credibilidade à obra.
Classificação