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BATMAN #15

1 dezembro 2001

Batman #15Título: BATMAN #15 (Editora Abril) - Revista mensal

Autores: Batman - Larry Hama (texto), Scott McDaniel (desenhos) e Karl Story (arte-final); Oráculo e Canário Negro - Chuck Dixon (texto) e Butch Guice (desenhos); Azrael - Dennis O'Neil (texto), Roger Robinson (desenhos) e James Pascoe (arte-final).

Preço: R$ 10,00

Data de lançamento: Outubro de 2001

Sinopse: Batman - Uma nova vilã surge em Gothan City e não tarda a cruzar o caminho do Cavaleiro das Trevas. Trata-se de Orca, uma mulher-baleia assassina que, numa festa beneficente onde Bruce Wayne era um dos convidados, atacou e roubou da milionária Camille Baden-Smithe a Chama da Pércia, uma jóia de 6 milhões de dólares. As investigações de Batman levam-no a conhecer a bióloga marinha Grace Balin, uma idealista, deficiente-física e especializada em orcas. E não é preciso ser detetive para perceber que, de alguma forma, Balin e Orca estavam conectadas.

No decorrer da história, ficamos sabendo que as motivações da ladra eram nobres, afinal. Apesar dos métodos violentos, Orca tencionava usar o dinheiro no auxílio aos mais necessitados, construindo clínicas, creches e refeitórios. E que Baden-Smithe, a vítima, de vítima não tinha quase nada. Era uma exploradora corrupta capaz de qualquer atrocidade para atingir seus objetivos pessoais. O clímax ocorre no fundo do mar, com Batman usando seu equipamento subaquático.

Oráculo e Canário Negro - A trama começa leve, com Bárbara Gordon numa convenção de informática e tecnologia de ponta, esperando alguém que conhecera via internet. Seu acompanhante, para surpresa da ex-Batgirl, era o inventor Ted Kord, mais conhecido como o Besouro Azul. Os dois estavam numa boa, até que, para surpresa de todos, no conselho de segurança da ONU, o enviado do Qurac para negociar a paz no Oriente Médio revela-se ninguém menos que o Coringa!

Dotado de imunidade diplomática, o Palhaço do Crime visava matar toda a população de Nova York com uma bomba de nêutrons. Bárbara Gordon/Oráculo fica cara a cara com o psicopata que a aleijou, e envia Canário Negro e Poderosa na missão de salvar a cidade, detendo os seis mísseis disparados de um navio no Atlântico.

Azrael - Jean-Paul Valley segue o paradeiro daquela que pode ser sua mãe, reencontra Nomoz e é capturado por exército mercenário. Por fim, acaba enfrentando também o novo Azrael, que segue ordens da Irmã Lilhy para matá-lo.

Positivo/Negativo: Começando pelos pontos negativos, já na aventura do Morcego. Nesta fase pós-Terra de Ninguém, Devin Grayson ficou encarregada de mostrar a interação entre Batman e os integrantes de seu Batsquad; Greg Rucka, de explorar o lado criminologista do justiceiro; e Larry Hama, de evidenciar o morcego como super-herói. Hama, ainda que bole boas cenas de ação, continua dando mostras de que é o menos capaz do atual time de escritores.

Temas sociais podem render boas histórias, como já provaram a parceria histórica de Denny O'Neil e Neal Adams, na série Arqueiro Verde/Lanterna Verde, na década de 1970, e mais recentemente, Paul Dini e Alex Ross em seus especiais publicados em formato tablóide. O conto de Hama nesta edição, no entanto, não convence. A dicotomia entre ricos e pobres é tratada de forma simplista e com personagens estereotipados. Tudo soa artificial demais.

A história de Azrael também pouco acrescenta, levando-nos a questionar por que a série do ex-Anjo Vingador da Ordem de São Dumas continua sendo publicada.

O ponto positivo vai para a aventura de Canário Negro e Oráculo, em três partes, sem dúvida o grande destaque da revista este mês. Dizer que Chuck Dixon encontra-se em sua melhor forma seria não fazer jus à qualidade apresentada por seu texto. Mais versátil do que nunca, o roteirista reúne momentos bem-humorados, intriga internacional e suspense em doses perfeitas.

Nos momentos finais, chega-se a ter a sensação de se estar lendo uma história de Tom Clancy. A ameaça a Nova York torna-se mais relevante no atual cenário que sucede os atentados às torres do World Trade Center, num tempo em que até o colunista do Globo Arnaldo Jabor chega a traçar paralelos entre o Coringa e o terrorista Osama Bin Laden.

As participações do Besouro Azul e da Poderosa, dois heróis muito queridos por quem acompanhava a Liga da Justiça Internacional, de Keith Giffen, foram bem recebidas. Enquanto invadem as bancas do País revistas estreladas por personagens femininas estilo bad girls, com textos pouco imaginativos e muita apelação, é deleitável acompanhar as heroínas do Universo DC vistas de forma inteligente e majestosamente ilustradas por Butch Guice.

O título americano Birds of Prey, onde saem as aventuras de Oráculo e Canário Negro, infelizmente, costuma ser ignorado pela Editora Abril. Coincidentemente, recentemente foi noticiado que há um projeto para levar a série às telas de TV, e de que Chuck Dixon, agora um contratado exclusivo da emergente Crossgen Comics, terá como substituto Terry Moore, autor do cult Estranhos no Paraíso, publicado no Brasil pela Via Lettera. Ficamos na esperança de que a Abril se anime a publicar mais desta série.

Classificação:

4,0

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