Batman ‘66
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Jeff Parker (roteiro), Jonathan Case (arte) e Wes Hastman (cores) – Publicado originalmente em Batman ’66 # 1 a # 4.
Preço: R$ 24,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Novembro de 2014
Sinopse
Uma homenagem ao velho e bom seriado do Homem-Morcego veiculado pela rede televisiva ABC em 1966. Jeff Parker e Jonathan Case tentam capturar a essência do seriado e seus vilões em novas aventuras da dupla dinâmica.
Positivo/Negativo
Este encadernado, de certa forma, tenta retratar o divertidíssimo seriado do Batman de 1966, capitaneado por William Dozier e tendo Adam West e Burt Ward nos papéis principais. O tom principal da obra televisiva era o humor escrachado, as soluções irreais e tão inspiradas que faziam rir os mais sisudos telespectadores. Afinal, quem não se lembra do Morcego surfando de uniforme e bermuda em um chroma-key horroroso? Ou então do velho e bom Cesar Romero interpretando um Coringa de bigode?
Bem, essa aura divertida é justamente o que falta nesta versão em quadrinhos. Parker e Case tentam trazer o tom divertido da série, mas falham miseravelmente. Apesar da caracterização muito parecida com os atores e do uso (principalmente na primeira história) de pontilhismo, que remete diretamente ao tom lisérgico do programa, falta inspiração.
O Batman de Dozier e cia. não se prendia a nenhum dogma, nenhuma fórmula já posta pelo personagem. O de Parker não é assim. O roteirista parece não ter coragem de ousar, de fazer um Batman escrachado. Porque esta é a principal característica do seriado: o escracho.
Talvez por medo do escritor ou por imposição da própria editora, esse escracho que vê em Bruce Wayne e seu alter ego os seus maiores dividendos, acabou sendo muito, muito diluído.
Apenas a título de ilustração, os famosos bordões do menino prodígio “Santa isso, Batman” ou “Santa aquilo, Batman” nem sequer são mencionados. O batmóvel aparece pouquíssimas vezes e o batfone vermelho, nenhuma.
Enfim, as histórias são insossas.
Sim, esperava-se mais, mas nada é tão ruim que não possa piorar. A terceira das quatro edições compiladas começa com a história do Coringa misturada com a do Capuz Vermelho, talvez tentando fazer alusão ou homenagem ao clássico Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland. Não deu certo.
De bom, além das cores e da arte que muito se assemelha aos atores e atrizes, vale citar os personagens secundários e os vilões. Mas há que se ponderar que os últimos foram criados não por Parker e Case, mas sim pela equipe que trabalhava com Dozier.
Pode-se dizer que o que havia de mais interessante na obra televisiva – e o que acabou por consagrá-la – está ausente na obra em quadrinhos. A diversão, o descomprometimento com o cânone e o escracho não deram as caras. Uma pena. Poderia ser uma ótima releitura.
Classificação