Batman - O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas?
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas? - Parte 1 (Batman # 686) - Neil Gaiman (roteiro), Andy Kubert (desenhos), Scott Williams (arte-final) e Alex Sinclair (cores);
O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas - Parte 2 (Detective Comics # 853) - Neil Gaiman (roteiro), Andy Kubert (desenhos), Scott Williams (arte-final) e Alex Sinclair (cores);
Um mundo em preto e branco (Batman Black and White # 2) - Neil Gaiman (roteiro) e Simon Bisley (arte);
Pavana (Secret Origin # 36) - Neil Gaiman (roteiro), Mark Buckingham (arte) e Nansi Hoolahan (cores);
Pecados originais (Secret Origins Special # 1) - Mike Hoffman (desenho), Kevin Nowlan (arte-final) e Tom McCraw (cores);
"Quando" é uma porta. A origem secreta do Charada... (Secret Origins Special # 1) - Neil Gaiman (roteiro), Bernie Mireault (desenhos), Matt Wagner (arte-final) e Joe Matt (cores).
Preço: R$ 21,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Abril de 2013
Sinopse
O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas? - Bruce Wayne treinou corpo e alma à perfeição, e dedicou sua existência a combater o crime em todas as suas formas e a livrar Gotham City das forças do mal, sob o manto de Batman.
Mas toda história deve ter um fim, e hoje o Homem-Morcego está morto. Agora, amigos e oponentes antigos se reúnem para contar histórias e prestar suas últimas homenagens ao herói tombado.
Um mundo em preto e branco - Nos bastidores de uma história em quadrinhos, Batman e o vilão Coringa discutem a existência e se preparam para entram em ação.
Pavana - Um agente do governo visita Pamela Isley no Asilo Arkham, com uma série de revelações perturbadoras à sua espera. Trata-se da origem secreta da Hera Venenosa.
Pecados Originaise "Quando" é uma porta. A origem secreta do Charada... - Produtores de um especial de televisão realizam um documentário sobre os internos do Asilo Arkham. E numa entrevista com o mestre dos enigmas, o Charada reflete sobre a vida de crimes e as mudanças ocorridas em Gotham a no mundo ao longo dos anos.
Positivo/Negativo
Mortes e ressurreições já se tornaram rotina nos quadrinhos de super-heróis, constituindo talvez o elemento de roteiro que mais irrita o público e serve de muleta para autores menos preparados.
De fato, foi-se o tempo em que a tragédia realmente abalava os alicerces do universo de um personagem, funcionando hoje mais como jogada de marketing para atrair a atenção da mídia e salvar revistas das baixas vendas.
Ainda assim, artistas de talento conseguem tirar leite de pedra e aproveitar o "destino final" de um herói para presentear os leitores com algumas obras-primas que podem marcar época e revelar facetas ocultas de sua personalidade.
No caso de Batman, o vigilante levado a "descansar em paz" na sequência de histórias escritas por Grant Morrison, a DC Comics escalou talentos muito especiais para a despedida do ícone.
Batman - O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas? foi uma história contundente narrada em dois capítulos, com texto do artesão das palavras Neil Gaiman e ilustrações do não menos talentoso Andy Kubert, que a Panini reúne em encadernado de capa dura, junto a outras três histórias do autor. Uma oportunidade perfeita para quem não leu a saga nas revistas mensais do Morcego, ou apenas deseja ter o volume de luxo em sua coleção.
Título e proposta conceitual deste pequeno épico dialogam com outra história que conquistou espaço na preferência dos fãs, a inesquecível O que aconteceu com o Homem de Aço?, em que Alan Moore e Curt Swan apresentaram o adeus do Superman, em virtude da completa reformulação do personagem em Crise nas Infinitas Terras.
Tanto Moore quanto Gaiman brincam com a ideia de uma "aventura final" para os dois super-heróis centrais da história dos quadrinhos, buscando o resgate de elementos perdidos em sua trajetória, com um senso de conclusão que toca fundo corações e mentes de seus seguidores.
Aqui, Batman já está morto quando a história se inicia, abrindo espaço para que família, antigos aliados e inimigos prestem suas homenagens finais e tentem entender melhor a natureza do herói caído.
A publicação aproveitou a ocasião da saga Descanse em paz no título mensal do Homem-Morcego, mas a trama de Gaiman não faz parte de sua cronologia oficial e tem toda a jornada editorial do personagem como inspiração.
Assim, ele visita desde os primórdios de Bob Kane e Bill Finger até os tempos modernos, passando pelo tom mais lúdico da Era de Prata e o lado psicótico do Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Da mesma forma, o traço de Kubert homenageia diversos artistas significativos ao longo das eras, como Dick Sprang e Neal Adams.
Neil Gaiman faz o que sabe melhor com a despedida do Detetive Encapuzado, num conjunto de pequenas narrativas que exploram detalhes singelos e o sentido maior da vida do herói, em mundos inventados de amor, coragem e determinação.
É fácil para o leitor notar que tem nas mãos mais um trabalho do autor de Sandman, justamente a série mensal mais aclamada dos quadrinhos norte-americanos. Há uma página específica, perto do fim da história, que remete a tramas como Ano Um, A queda do Morcego e Asilo Arkham, numa prova de que esses clássicos modernos habitam o mesmo universo da Batwoman pré-Crise e de tudo o que já se imaginou com esses defensores da escuridão.
Contudo, como bem observou o resenhista Lielson Zeni ao analisar esta história quando ela foi publicada nas revistas mensais da Panini, há uma ressalva quanto à tradução do título da história, já que o original Whatever happened to the Caped Cruzader? (literalmente O que aconteceu ao Cruzado Encapuzado?) faz referência a todo o passado de glórias revisitado por Gaiman, incluindo o tom mais ingênuo de décadas passadas.
O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas? remete apenas à versão mais psicótica do personagem. Verdade que a opção nacional pode ser mais vendável e representa o vigilante no imaginário coletivo, mas perde o charme e muito da intenção dos autores.
Vale mencionar que o álbum também traz páginas de esboços de Adam Kubert.
As histórias que completam a edição, escritas por Neil Gaiman em parceria com ilustradores diversos, não são tão impactantes, mas também simbolizam o trabalho de um mestre das narrativas, em diferentes momentos de sua carreira.
Nas "origens secretas" da Hera Venenosa e do Charada, vê-se um Gaiman antes da fama internacional, mostrando uma abordagem única para vilões tradicionais. Já a pequena joia em preto e branco sobre Batman e Coringa nos bastidores de uma HQ vale pela originalidade e absurdo inerente à ideia.
Claro que Bruce Wayne não permaneceu morto nas aventuras regulares de Batman, e ainda teremos mortes e ressurreições cansando o público mais fiel nas revistas do gênero. Mas nada apaga o brilho de obras assinadas por talentos maiores. "Esta é uma história imaginária, mas não o são todas?" Investimento seguro numa viagem aos reinos mágicos da luz e das trevas.
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