Batman – The Dark Prince Charming – Volume 1
Editoras: DC Comics e Dargaud – Edição especial
Autor: Enrico Marini (roteiro e arte).
Preço: €15,00
Número de páginas: 72
Data de lançamento: Novembro de 2017
Sinopse
Bruce Wayne enfrenta uma acusação de paternidade que colocará Batman na trilha do Coringa e do Crocodilo. O primeiro e sua quadrilha de palhaços, por sua vez, buscam um presente de aniversário para Arlequina e se envolvem numa disputa com a Mulher-Gato.
Positivo/Negativo
Esta aventura surgiu de uma ideia da DC Comics de mostrar o Batman pelos olhos de outros autores estrangeiros, populares na Europa, mas menos conhecidos nos Estados Unidos. O suíço naturalizado italiano Enrico Marini foi a primeira escolha da editora.
No curto texto de apresentação, Jim Lee define Marini como um dos grandes nomes das HQs, devido à riqueza de suas imagens e à sua narrativa cinematográfica.
A primeira coisa a ser dita é que a arte, como sempre, é muito bonita e vai agradar tanto aos fãs de Marini quantos aos leitores que não conhecem seu trabalho nas séries As Águias de Roma, O Escorpião, Predadores (Rapaces, no original), A Estrela do Deserto e Gipsy.
Marini continua mostrando grande domínio cromático em suas composições, numa HQ em que, ao contrário do que poderia se imaginar, predominam os tons quentes (amarelos e laranjas), embora algumas páginas mais frias (em azul) ofereçam um bom contraste.
Existem várias imagens maravilhosas de Gotham City, criando uma atmosfera mais noir, apesar de o enredo deste primeiro volume não se aproveitar muito desse clima. Outro destaque são os cenários luxuosos da mansão Wayne, que realmente se parece com o interior de um palacete francês da renascença.
A diagramação das páginas é bastante dinâmica, mais nos moldes estadunidenses do que europeus, e há várias sequências de ação que se aproveitam dessa liberdade.
O formato, 21,5 x 32,5 cm, é um pouco mais alto e bem mais estreito do que os álbuns tradicionais franceses, mas é proporcional ao comic book.
A visão do autor sobre os personagens parece ter sido mais influenciada pelos filmes e desenhos animados do Cavaleiro das Trevas do que propriamente pelas HQs do personagem. O Batman, por exemplo, usa um uniforme criado por Marini que lembra uma mistura do visual do personagem em seus longas-metragens. O mesmo ocorre com o batmóvel.
A relação do Coringa com Arlequina parece ter saído diretamente das animações de Paul Dini e Bruce Timm, em Batman – A Série Animada. O Crocodilo e sua gangue, por outro lado, sem dúvida tiveram sua origem visual nas fotos de Jono Rotman, que passou oito anos com a maior gangue da Nova Zelândia, a Mighty Mongrel Mob. O trabalho (que pode ser visto aqui) foi popularizado por uma publicação na revista online Vice.
O Coringa tem uma interpretação mais fiel, do ponto de vista visual, e Marini deu a ele um toque pessoal, no rosto do personagem, deixando clara a relação do vilão com os palhaços. Por outro lado, esse é mais uma vez um criminoso mais lúcido, apesar de ainda ser insano, sanguinário e piadista.
O roteiro de Enrico, apesar de não ser inovador, não é ruim, mas é o ponto frágil do álbum. Por um lado, existe uma direção clara na história, que está bem apresentada, contém boas cenas de ação e, neste volume, arma o conflito entre os personagens e posiciona todas as peças para que o desfecho posso ocorrer na segunda parte, prevista para janeiro de 2018.
A premissa é interessante. Anteriormente, a DC Comics havia explorado a relação de Talia al Ghul e Batman, que resultou num filho, Damian, em diversas HQs. Desta vez, o pai da criança seria Bruce Wayne. Mas o autor descarta logo de início muitos dos elementos que poderiam ser usados para dramatizar a dupla identidade do herói.
Apesar da fragilidade de certos aspectos do roteiro, a história está – sem dúvida – a anos-luz de muitas porcarias publicadas nas HQs de super-heróis atuais.
Para quem conhece o trabalho do autor, fica a sensação de que ele está mais à vontade ilustrando e escrevendo aventuras históricas dos tempos romanos à renascença, do que com a dinâmica dos super-heróis. E esse pode ter sido o maior problema de Marini ao desenvolver uma HQ do Batman.
Mas é difícil julgar o resultado, pois ainda falta o desfecho do álbum – o que representa pelo menos mais 66 a 68 páginas de quadrinhos.
A versão francesa ainda inclui um texto de introdução de Enrico Marini, e seis páginas de desenhos e estudos de personagens como Batman, Coringa, Mulher-Gato, a gangue dos palhaços, Alfred e a menina Alina Shelley.
Apesar das ressalvas, Batman – The Dark Prince Charming é uma leitura divertida e agradável.
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